Capítulo III

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­— Bem no meio dos olhos, Beth — Maggie instruiu a irmã, ajudando-a a posicionar a arma da forma correta, enquanto miravam em um caminhante amarrado a uma árvore.

Era claro que Beth aprendera a usar uma arma, mas atirar freneticamente sem acertar efetivamente em lugar nenhum, não era algo que eles poderiam se dar ao luxo. Além do mais, o grupo tinha algum tempo sobrando e se Beth não se ocupasse com nada acabaria enlouquecendo.

— Quando essa coisa tenta comer as suas tripas, fica mais fácil — Daryl resmungou.

— Você só precisa manter a calma, Beth — Glenn adicionou às costas da esposa.

Eu sei. Eu sei — Beth gemeu nervosamente, a arma tremendo em sua mão.

Ela sentia-se como uma pré-adolescente tendo que apresentar um trabalho em frente à classe inteira. Todas as atenções estavam focadas nela, o que fazia com que ela tremesse como uma vara verde sacudida pelo vento.

Respirando profundamente, Beth apertou o gatilho uma única vez. O silenciador na ponta do cano aquietou o ruído da melhor forma que pôde.

A loira encarou o corpo em decomposição; agora ele havia parado de se debater e grunhir, apenas um buraco pequeno jazia em sua testa. Não era precisamente entre os olhos, mas fora certeiro o suficiente. Ela sorriu aliviada, ouvindo os elogios dos demais.

Não era como se Beth nunca tivesse atirado na vida. Vez ou outra, quando Shane dera aulas de tiro na fazenda, Hershel havia deixado que ela e Maggie participassem. Quando fugira do hospital também tinha abatido alguns errantes, contudo, ainda não estava cem por cento segura com a arma de fogo. Ela havia gostado muito mais de praticar com a besta de Daryl, tendo-o como seu instrutor.

A garota olhou para o Dixon de soslaio, percebendo que ele também a encarava, um sorriso contido nos lábios. Ela não esperava nada diferente dele, que logo desviou o olhar novamente para as flechas que limpava com afinco, o cigarro passeando pelos lábios rachados. Beth se perguntava como ele ainda conseguia encontrar aquilo. Talvez fosse porque os sobreviventes do fim do mundo estivessem mais preocupados com comida e munição do que com nicotina.

Já havia duas semanas desde que fugira do Grady com Carol e como esperado, ninguém veio procurar por elas.

O trailer que compartilhavam estava abarrotado de pessoas, inclusive alguns rostos novos para Beth, como Rosita, Abraham, Eugene e Tara. Devagar, as coisas estavam voltando para os eixos.

No momento eles rumavam para a antiga comunidade de Noah. Ele acreditava que os pais estavam vivos, visto que o local em que estavam era suficientemente protegido contra os caminhantes. Beth não sabia como se sentia sobre isso. Havia visto coisas demais para saber que o menor risco do apocalipse eram os mortos.

Aos poucos, Daryl havia voltado a trocar algumas palavras com ela. Não era como quando estiveram sozinhos, mas já era alguma coisa desde que ela voltara. Maggie fazia perguntas sobre isso o tempo todo e Beth já não sabia como se esquivar de todas elas. A verdade é que a loira estava plenamente consciente de que precisava da atenção de Daryl muito mais do que gostaria de admitir.

— Encontraram alguma coisa? — a voz de Maggie trouxe Beth de volta para a realidade.

A Greene mais nova virou-se para a origem da conversa, encontrando Rick, Michonne, Carl e Carol carregando algumas poucas sacolas e meio galão de gasolina.

— Nada de muito valor — Michonne respondeu, um tanto desanimada.

O grupo estava realmente grande e pela quantia de sacolas Beth calculou que os suprimentos não durariam muito tempo. Seu estômago protestou de forma ruidosa e ela logo tratou de disfarçar.

Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!Onde histórias criam vida. Descubra agora