Capítulo 4 - Insetos

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Abim #4

Dei de cara com o chão, uma camada grossa de grama amenizou o baque. Imagine que escorregamos por um tobogã da altura do Burj Khalifa, porque foi essa a sensação que tive, mas quando acabou, pareceu que caí apenas de uma altura de dois metros.

– Posso ir de novo? – a primeira coisa que perguntei, logo assim que recuperei o ar.

– Eu acho que não, talvez daqui a 17 anos e meio outra fenda entre as Terras abra – o cara que foi me buscar, Donar, falou enquanto sorria.

Ao olhar para os lados, percebo que todos estão ali. Uns ainda se levantavam. O brasileiro estava boquiaberto o tempo inteiro, rodava no próprio eixo enquanto encarava o céu, que me parecia ser de cinco da tarde, fechava a boca apenas quando a ânsia de vômito subia.

De imediato, um ar extremamente puro percorreu entre minhas narinas grandes. Caímos em uma espécie de colina extensa e preenchida por pequenos montes a cada 20 metros. A grama não era bonitinha como na terra dos Teletubbies. Era densa, alta, umas flores com pétalas do tamanho do meu pé também se encontravam por ali.

Olhei rapidamente para baixo na tentativa de descobrir algum inseto característico daquele lugar, mas foi no céu que encontrei a surpresa.

Uma libélula escarlate, quase do tamanho de um helicóptero passava por cima da gente! Até o barulho e vento que fazia eram semelhantes aos dos helicópteros que sobrevoavam por Lagos.

– O... que... é... aquilo? – a garota francesa gaguejava enquanto se escondia atrás dos demais.

– Uma libélula, ué – uma das que também se vestia como soldado de época respondeu.

– Ela deve estar indo para Halcandor... – Donar completou.

– Ei pessoas, acho que precisamos fazer uma apresentação para evitar essas menções confusas por tipo da roupa ou naturalidade, né?

Disse o outro cara que também se vestia como um soldado antigo, e que tinha traços orientais.

– Você está certo, Lik. Por favor, deixem comigo! Quando nasci, minha mãe olhou e disse "Queiquei, você vai ter o dom de fazer apresentações entre primários e secundários" – interpretou a própria mãe segurando um bebê imaginário. Essa menina parecia ter um senso de humor ímpar. – Aliás, só quem nos conhece é o Leozinho – apertou as bochechas do Leonardo, mas ele nem percebeu, ainda estava paralisado, observando os ares do lugar.

Queiquei deu uma pirueta para o lado de modo que aterrissou de pernas e braços abertos.

– Eu sou Queiquei! E essa é a minha Energia: elemento animalia, transformação!

A moça escorreu o braço direito sobre si e se transformou em um beija–flor, um que tinha um tamanho equivalente ao das flores desse lugar. Mas não era um beija–flor com cores ou falante, era um preto, com os olhos azuis brilhantes, dava para notar que pequenas partículas escuras também o circundavam. Demorou apenas 20 segundos assim e então retornou a sua forma original.

– Pronto. Agora falem seus nomes e mostrem suas Energias para todos, como fiz.

– Eu sou Lik-Zum. E minha Energia... acho que é melhor demonstrar logo. Queiquei, por favor.

– Hummm, ok! – Queiquei se aproximou de Lik-Zum e lhe chutou bem nas bolas.

Antes mesmo daquele pé, com aquela bota que me parecia ser bastante rígida, chegar ao badalo do cara, fechei minhas pernas por dor alheia antecipada. O incrível ocorreu: o pé atravessou o cara! Perceber a perna de Queiquei por dentro dele me dava um alívio extremo por aquele chute ter passado direto, ao mesmo tempo me causou um forte arrepio de estranheza. Ela recolheu a perna rapidamente, não ficou nenhum buraco em Lik-Zum. Esse era o verdadeiro circo dos horrores.

Os Outros TerráqueosOnde histórias criam vida. Descubra agora