Capítulo 18 - Uma Estrela - Yasuko #18

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Nota temporária do autor: queridos leitores, nesse capítulo, iremos experimentar um formato diferente de leitura.

Postaremos um relato por vez, todos já estão prontos! E não se esqueçam de votar. Esse capítulo está destruidor </3. Mais do que o anterior.

E um feliz dia das mulheres para as leitoras, e para Eloise e Yasuko.

Yasuko #18

"Shhhhhh"

A mãe de Abim aproveitava cada passo pesado que o bicho dava por cima das telhas para fazer o mesmo em direção ao canto da parede. Só tinha duas mãos, mesmo assim, puxava os cinco para perto dela. Queria nos proteger. E o seu desespero estava contagiante.

Minha vontade era de falar, "não se preocupe, mãe do Abim, seja lá o que esteja lhe preocupando, terá que se ver comigo, e com mais cinquenta de mim, antes de alcançar você". Todavia, ela não escutaria. A sua audição estava atenta apenas para o barulho das telhas sendo quebradas.

— Não se movam, esperem que ele vá embora — a mãe do Abim fazia uma rede de proteção com os seus braços.

— E se ele não for, mama? — Abim sussurrou.

— Então — Connor engoliu seco — teremos que agir.

— Não! Não façam nada — a mãe de Abim nos repreendeu.

Os passos por cima do telhado pararam.

— Tudo bem. Deve ter ido embora, eu vou checar.

No momento que Abim tocou a maçaneta, uma lâmina escura e com uma curvatura de um metro e meio perfurou o teto e quase arrancou a mão de Abim. Os escombros caíram por cima de suas pernas, por sorte, ele conseguiu se arrastar para perto de nós. A mãe de Abim novamente se fez de escudo a nossa frente. Embora assustada, estava determinada em nos proteger.

— Temos que sair daqui — Léo se juntava a mãe de Abim no escudo humano.

— Por ali — Connor apontou para a janela — vamos!

Eloise e eu puxamos o ferrolho e escancaramos a janela do quarto da mãe de Abim. Eloise passou primeiro e, do lado de fora, me ofereceu a mão. Eu fiz o mesmo com a mãe de Abim. Em seguida, Connor e Leonardo pularam pela janela. Os dois esticaram seus braços para apressar a passagem de Abim, foi quando o teto do quarto inteiro veio abaixo e a criatura desceu.

A poeira obstruiu a visão do que estava ali dentro. Leonardo e Connor aproveitaram para puxar Abim de vez.

— Eu vou chamar ajuda — A mãe de Abim correu e começou a bater na porta dos vizinhos. Foi em vão. Ela sabia que as pessoas não arriscariam sair de suas casas depois do barulho estrondoso que a criatura causou. O horário e a escuridão da vizinhança só diminuía a chance de alguém sair para ajudá-la.

A poeira começou a se dissipar de baixo para cima e gradativamente fomos enxergando a criatura. Primeiro, vimos as pernas finas e cobertas por ferro fundido. Depois, a armadura que protegia a sua cintura, demasiadamente fina, e também o seu peitoral. Nas articulações, era possível ver o músculo exposto, sem pele. Seus braços eram as grandes lâminas curvadas. Ao apertar os olhos para enxergar o rosto da criatura no escuro, a minha suspeita se concretizou.

Era um terciário.

Mas o seu rosto estava diferente dos que atacaram a festa. Enquanto o crânio daqueles remetia a um tubarão-martelo, o desse estava em formato mais arredondado. O capacete de ferro com frestas ainda cobria os olhos, orelhas e nariz, mas a boca e o queixo eram de um homem. Como um híbrido de terciário e primário.

— Merda, o que vamos...

Antes que Leonardo pudesse finalizar a pergunta, o terciário entrelaçou as suas garras e deu um salto giratório pela janela. Connor e Abim se jogaram para um lado, eu e Eloise para o outro. Leonardo voou para não ser perfurado.

O terciário ficou novamente de pé, virou-se para esquerda e ergueu a sua lâmina direita para cortar Connor no meio. Abim percebeu o ataque e colocou o seu braço metalizado entre a lâmina e Connor, que aproveitou para tomar impulso nas pernas de ferro do monstro e se arrastar para trás.

Dessa vez, o monstro ergueu a sua lâmina esquerda para decapitar Abim. Para salvá-lo, eu criei uma trajetória com três clones de modo que o quarto chutasse as costas do terciário com os dois pés. A criatura sentiu o impacto, bufou, e usou os seus braços de espada para tornar meus quatro clones em pó brilhante. Até tentaram se esquivar, mas falharam miseravelmente.

O terciário havia dobrado a sua velocidade.

Correu em minha direção e me chutou na barriga, tentei cruzar os punhos na altura do meu estômago para criar uma proteção, mas o seu golpe tinha muita força. Fui atirada a dez metros pela rua da casa de Abim. A dor foi tanta que me faltou ar. Eu cuspi sangue.

A criatura me viu caída no chão e, novamente, correu até perto de mim, iria me finalizar, foi quando as vigas e telhas que caíram do telhado atingiram em cheio o monstro. Leonardo havia feito uso de sua Energia para levitar e depois atirar os escombros no terciário.

— Yasuko — Eloise me amparou — você está bem?

— Não sei, mas ainda consigo lutar.

Connor também se aproximou. — Os escombros que Leonardo jogou vão segurá-lo por um tempo. Temos que sair daqui.

A mãe de Abim ainda batia nas portas das outras casas, até que Abim a puxou pelo braço e a trouxe para perto de nós.

— É um demônio, filho, temos que buscar ajuda.

— Ninguém vai nos ajudar aqui, mama, precisamos fugir.

Enquanto Connor e Eloise me ajudavam a levantar, Leonardo pousou. — Pessoal, temos um problema.

Os escombros haviam sido esparramados para todos os lados e a criatura de dois metros e meio estava outra vez em pé, prestes a nos atacar.

— Connor, você acha que consegue segurá-lo? — perguntou Leonardo.

— Ele me parece irracional, logo, não há barreiras na sua mente. Acho que sim.

— Certo — Léo estalou os dedos — tá na hora de fazermos o golpe que ensaiamos. Estão prontos?

— Sim! — respondemos todos de uma vez.

Abim pediu que a sua mãe se afastasse, foi o tempo necessário para o terciário correr em nossa direção, com os seus braços cortando o vento.

Leonardo tomou frente. — Agora!

Connor invadiu a mente do terciário, que foi perdendo a velocidade dos seus passos até não conseguir mais se mover. Eu saltei, e com a Energia de Leonardo atuando sobre mim, planei a dez metros do chão. Lá de cima, projetei uma trajetória de réplicas e ordenei para que a última da fila diagonal mirasse uma voadora no peito do monstro. Abim usou a sua Energia para a metalizar a perna do meu clone prestes a cair chutando.

"Yasuko de ferro alada". Foi o nome ridículo que Leonardo escolheu para o golpe, e ele fez questão de gritar isso bem alto nesse momento. Era como um grito de guerra.

Quando o chute do meu clone, impulsionado pela gravidade da queda e reforçado com a casca de ferro de Abim, acertou o peitoral do terciário. Nós pudemos ouvi-lo emitir um rugido rouco e com a sonoridade duplicada. Mas o golpe não acaba aqui, enquanto o corpo da criatura desmoronava, Eloise abriu uma fenda no chão e outra a dez metros acima de mim. O terciário caiu pelo buraco do chão, que o transportou para uma queda livre de vinte metros.

— Isso! — Connor comemorou a queda do monstro. — Fatality!

Mal pudemos comemorar e começamos a ouvir palmas surgirem.

— Muito bem, primários, muito bem.

Era Lik-Zum e os outros que vinham do fim da rua.

***

Os Outros TerráqueosOnde histórias criam vida. Descubra agora