Capítulo doze

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@ElementoX NUNCA BRINQUEM DE PENSA RÁPIDO COM @MacacoLouco
@MacacoLouco para @ElementoX EU NÃO TENHO CULPA SE VC É LERDA COMO UMA PORTA AUTOMÁTICA COM DEFEITO.
@ElisaMartins para @MacacoLouco Brincadeiras como essa são para bebês. Cresçam.


- Nós devíamos passar o final de semanas juntas - disse Mariana, freando bruscamente o carro quando o veículo da frente parou na faixa de pedestres. Eu precisei apoiar as mãos no painel para me segurar, apesar do cinto de segurança. - Você, eu e um dia do lado de fora. Zoológico, piscina, parque, tanto faz. Você escolhe.

- Tem que ser do lado fora?

- Claro! - Mariana acelerou o carro, colando na traseira do veículo na frente. - Você vai ficar com um bronzeado ainda mais excelente... nós podemos até fazer uma visita a seus pais e passar o final de semana inteiro na praia.

- Aí está uma ideia muito superior às outras - concordei, fazendo Mariana sorrir orgulhosa. - Mas não nesse final de semana.

- Por que não? Eu sei que você não estará indisponível até daqui a duas semanas. - Mariana fez as contas nos dedos enquanto fazia uma curva perigosa. Não que a curva fosse perigosa, mas Mariana fazê-la com uma única mão, naquela velocidade, era perigoso.

- Como você sabe, Mari? Isso é algum daqueles sextos sentidos médicos?

- Hein? - Mariana tirou os olhos da curva e me encarou com surpresa e bom-humor. - Isso não existe Alice!

- Como você explica que sempre quando estou doente você aparece na minha casa com remédios? - perguntei. Não havia doença em que Mariana não aparecesse na minha porta com remédios e bolo. Minha amiga pequena e colorida usava qualquer desculpa para comprar e comer bolos, principalmente os recheados (melhores remédios para vida, em suas palavras), tipo de festa de aniversário.

- Porque eu te sigo em todas as redes sociais?! - Mariana sorriu ao revelar seu grande truque. Ela também revelou que eu compartilhava demais minha vida na internet. - E eu sei disso porque nossos ciclos menstruais estão sincronizados.

- Você sincronizou a gente, Mariana!? - fingi indignação que não sentia. Eu adorava ter alguém com quem compartilhar um pote de sorvete e reclamar de tudo de ruim que há no mundo (basicamente quatro garotos e sua capacidade de inutilizar um banheiro).

- Eu não! A probabilidade matemática sincronizou a gente, Alice! - Mariana levantou as mãos do volante em rendição, me fazendo gritar para que ela não desgrudasse as patas do carro. Ela dirigia rápido demais para se dar ao luxo de tais brincadeiras.

- É aniversário da vó Ana - expliquei quando ela terminou de gargalhar do meu desespero. - Eles estão planejando há semanas, vem parentes de todos os cantos para comemorar. Vamos?

- Todos os parentes? - perguntou Mariana, refletindo a proposta. Como qualquer pessoa com alma, ela adorava vó Ana. - Todos?

Depois de alguns segundos tentando entender o motivo de sua hesitação, eu lembrei. Mariana tinha ficado com meu primo na última festa grande como essa, há alguns anos. Ela também namorou Flávio no ensino médio, e ainda hoje ela evitava visitar o apartamento dos meninos. Mariana não lidava nada bem com seus ex.

Já fui empurrada para trás de carros, já fui empurrada para dentro de lojas, já fui empurrada de escadas, já fui usada como escudo para proteger Mariana de encontrar seus ex. Definitivamente ela não iria à festa.

- Eu aviso a vó que você mandou um beijo.

- Você é a melhor - disse Mariana, mas não era verdade. Eu era uma terrível amiga para meu irmão, eu era uma péssima pessoa por não ter apenas sonhado os eventos do dia anterior e eu era uma destruidora de lares.

Duas vezes amorOnde histórias criam vida. Descubra agora