Capítulo trinta e três

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@MacacoLouco para @ElementoX ALICE, PARE DE ENCHER MINHA CAIXA DE MENSAGENS COM FOTOS DO CHRIS HEMSWORTH SEM CAMISA!

@Elemento X para @MacacoLouco NÃO ME DIGA COMO VIVER MINHA VIDA!

@AnaMari para @ElementoX Encaminha pra mim <3


Era o oficial: o chuveiro pifou de vez no meio do meu banho, com direito a xampu escorrendo em meus olhos.

O problema não foi apenas a água que virou pedra de gelo do nada, mas também o estouro e o cheiro de queimado. Por alguns instantes eu podia jurar que iria morrer eletrocutada.

Saí de dentro do box atropelando o vidro (que estava no caminho da minha sobrevivência), sem sequer desligar o chuveiro. O que eu deveria fazer? Chamar alguém. Mas eu tinha acabado de chegar casa do trabalho e não havia ninguém por perto. Henrique avisou que iria demorar, Lucas visitaria a namorada e eu não tinha ideia do paradeiro de Rafael. E mesmo se estivessem em casa, eu sabia que nenhum deles saberia resolver o problema.

O que eles fariam? Ligariam para Flávio. Então foi isso o que fiz. Enxuguei minha mão na toalha e peguei o telefone sobre a pia.

- Fala - disse Flávio, ao atender o celular.

O cheiro de queimado ainda não havia se dissipado e uma pequena nuvem de fumaça cobria o teto do banheiro. Eu devia abrir as janelas ou a porta ou fazer algo, mas mal conseguia segurar o celular no ouvido e formular palavras que fizessem sentido.

- O chuveiro explodiu enquanto eu ainda estava me ensaboando e eu não sei o que fazer, onde você está? - perguntei esbaforidamente. Por alguns instantes achei que ele não havia me entendido, pois a linha ficou muda do outro lado.

- Esse é o barulho do chuveiro, Alice?

- Talvez.

- Desliga! - demandou, irritado.

- Perdeu o juízo? - reclamei. - O chuveiro explodiu! Tem fumaça no banheiro! Eu não vou pisar na água e encostar naquela torneira de metal! Eu gosto de estar viva, muito obrigada.

- Vai até a lavanderia, desliga o disjuntor e depois desliga o chuveiro.

- Mas e se alguma outra coisa pegar fogo quando eu não estiver olhando?

- Nada vai pegar fogo, Alice! A água está caindo, como poderia?

Eu fiquei em silêncio observando o chuveiro, procurando sinais de que uma nova explosão ocorreria no momento em que eu virasse as costas. Parecia improvável depois do argumento de Flávio. Lentamente me afastei do box, abri a porta do banheiro e corri até a lavanderia. Como meu corpo ainda estava escorrendo sabão, escorreguei pelo menos duas vezes antes de chegar ao disjuntor. Não levei um tombo por puro milagre. E por me apoiar nas paredes. Em compensação, nas duas vezes, esmaguei o celular contra as paredes para me segurar. Sem dúvida, aquilo deixaria marcas.

Desliguei todas as chaves do disjuntor. Eu não iria correr o risco de confiar nas etiquetas mal coladas que haviam colocado sobre cada chave. O apartamento virou um breu total em que só se ouvia o som abafado da água do chuveiro.

E a voz de Flávio chamando meu nome no telefone esquecido.

- Vou desligar o chuveiro - avisei.

Dessa vez não corri de volta ao banheiro, porque estava escuro e eu não queria escorregar e correr o risco de quebrar meu celular. Ou o cóccix.

- Ainda não desligou? - disse Flávio. - A água potável do mundo está acabando, não desperdice, Alice.

Ignorei seu comentário e afastei o celular do rosto, utilizando-o para iluminar o caminho. Por mais que conhecêssemos as distâncias de cor, tudo parecia dobrar de tamanho quando não conseguíamos enxergar. Sem contar os móveis que pareciam mover-se dois centímetros para o lado, apenas para beijar nossos dedos mindinhos do pé.

Duas vezes amorOnde histórias criam vida. Descubra agora