@MacacoLouco para @WesterosLaw Essa ideia parece ótima e tal, tirando todas as falhas horríveis.
@WesterosLaw para @MacacoLouco Lembre-se: se alguém nos pegar, vc é surdo e eu não falo português.
Promessas não foram feitas, mas não foram necessárias.
Camas de solteiro não foram planejadas para acomodar confortavelmente duas pessoas compridas, mas isso não foi problema naquela noite. Acordei com a luz do dia inundando a janela aberta, trazendo toda a beleza do mundo externo para meu coração que parecia pesar uma tonelada. Eu não conseguia respirar, não apenas pelo braço de Henrique sobre meu peito, mas porque sabia exatamente o que viria depois. E eu não queria que acontecesse.
Então me virei e abracei Henrique até que sua respiração perdesse a cadência sonolenta e se transformasse em algo diferente, vivo. Acordado, ele me abraçou de volta, beijando meu pescoço, minha clavícula, meus ombros e subindo lentamente. Ele estava tão quente e aconchegante, o oposto do vento frio do lado de fora, tornando quase impossível aceitar que devia me separar dele.
Depois de tanto tempo, mais uma vez.
- Alice, olhe para mim - Henrique pediu suavemente. Abrir os olhos era complicado tanto pela claridade, quanto pela dor. Mas obedeci e encontrei um Henrique adorável sobre mim. Seu cabelo, comprido apenas na parte de cima, estava bagunçado, ele tinha uma marca de baba no canto da boca e seus olhos estavam inchados. Não parecia nada com o Henrique de sempre, mas aquela visão fez todo o peso no coração se esvair.
Se tivesse apenas mais cinto minutos daquele Henrique, eu aproveitaria.
- Você babou - comentei, limpando a marca ressecada de seu rosto áspero, por causa da barba crescendo. Ele sorriu cheio de afeto, me fazendo esquecer qualquer outra coisa que não fosse Henrique.
- Você tem remela - rebateu, imitando meu gesto e limpando o canto dos meus olhos. Eu podia me acostumar facilmente a ter o peso do seu corpo firme sobre o meu. Deixei minhas mãos vagarem sobre seu rosto, decorando linhas, pintas, contornos e cicatrizes.
- Essa aqui é culpa minha - eu disse, demorando-me sobre uma manchinha minúscula em sua têmpora. Ele refletiu durante alguns segundos até entender.
- Catapora, dez anos, sua culpa.
- Bom, não diria minha culpa sozinha, afinal, você foi brincar lá em casa sabendo que eu estava doente.
- Eu não sabia que era catapora! E se me lembro bem, você fez o favor de ficar mais perto de mim do que o normal!
- Henrique, não me venha com esse olhar! - ralhei. - O trato era simples: quem ficasse doente, passava para os outros e assim todo mundo ficaria em casa junto!
- Às vezes ainda me surpreendo com nossa capacidade de bolar planos como esse! - Henrique riu e se afundou no travesseiro, deixando o peso do seu corpo cair sobre mim. Tê-lo tão perto, por mais que tornasse difícil respirar, fazia o quarto, a luz a cama, as paredes brancas... fazia tudo parecer real.
- Nós tínhamos muito tempo livre - eu disse, percorrendo sua cintura com minhas unhas. Sob meus dedos sua pele se arrepiou e Henrique voltou a se apoiar sobre os cotovelos. Ele se inclinou sobre meu rosto, deslizando devagarinho a ponta do seu nariz sobre o meu.
- Parece que meu coração vai explodir, Alice - sussurrou Henrique. Ele encostou o nariz na curva do meu maxilar e beijou com calma meu pescoço. - Parece que o seu também - acrescentou, com um sorriso malicioso, que não pude evitar retribuir.
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Duas vezes amor
ChickLitAssim como a maioria dos primeiros amores, o de Alice terminou com um coração partido. Para ser sincera, terminou com um coração esmigalhado pelo Martelo do Thor (foi tão ruim assim). Ela não perdeu apenas um amor, mas também seus melhores amigos. ...