@MacacoLouco Perguntar "você tá sentindo cheiro de pipoca?" depois de peidar, fazendo todo mundo dar aquela cafungada. #DicasDeUmaMenteMaligna
@Lucasdisse para @MacacoLouco VOCÊ É O PIOR.
@WesterosLaw para @MacacoLouco DURMA DE OLHO ABERTO!
- Alice, por que você não vai trocar de roupa antes que o restante dos seus primos chegue? - perguntou a mãe, sem esperar resposta. - Coloque um vestido, de preferência um corte triângulo, ou então vista calças, querida.
- Eu estou de calça - reclamei, enxugando a segunda leva de louças que vó Ana lavou.
A cozinha estava cheia de mulheres. Vó Ana, três de suas filhas, duas cunhadas e dois bebês gêmeos (as coisinhas mais fofas em toda casa). Passava de uma hora da tarde e já havíamos feito pelo menos duas refeições que não eram almoço, mas quase. Pela porta de vidro da cozinha eu podia ver meninos brincando, correndo de um lado para outro, tios e primos mais velhos cercando vô Cláudio na churrasqueira e adolescentes comandando a trilha sonora (para decepção coletiva de qualquer um acima de dezoito e menor de onze anos).
- Oh, querida, leggings não são calça - interrompeu tia Marta. Ela estava picando cebolas com tanta dignidade que não conseguia desgrudar os olhos dela. Nenhuma lágrima, postura perfeita sobre a bancada, avental pristino, unhas avermelhadas contra o branco esmiuçado sobre uma tábua de madeira. Se ela fosse um quadro, seria chamado "Estudo de uma dona de casa, 1965". Ela apontou a comprida faca de inox em minha direção, brandindo-a levemente. - Leggings são meia-calça com mais fios, você não deveria sair por aí vestida desse jeito, especialmente com esses quadris.
- Minha blusa é comprida o suficiente para tampar meus quadris - defendi-me sobre o barulho de bebês chorando e mulheres conversando, ignorando-os solenemente.
- Sua camisa, saída da sessão de toalhas de piquenique, poderia ser muito bem de um menino na puberdade, Alice - disse a mãe, cortando cenouras em rodelas perfeitas e uniformes. - Eu vi um de seus primos com a mesma roupa, até achei que fosse você... Pedro? Paulo?
- Patrick - corrigiu uma cunhada. - Acho que ele é filho do primeiro casamento de Fernando.
- Tem certeza? Eu achei que fosse filho da tia Regina, irmã da mãe - disse tia Marta, cerrando os olhos ao retraçar sua árvore genealógica. Ela desistiu, me encarando com desdém. - O que importa é Alice subir e trocar essa roupa o mais rápido possível.
- E colocar sapatos - acrescentou a mãe, olhando reprovadoramente para meus pés descalços.
Eu estava pronta para defender a liberdade dos meus dedões, quando tia Débora apareceu na cozinha, trazendo às suas costas quatro homens, três mulheres e um sem número de crianças. Todos distribuíram beijos, abraços e saudades, enquanto me afastei o máximo possível, tentando me embutir em móveis e eletrodomésticos.
- Alice, meu Deus, como você está comprida! - disse tia Débora, me puxando do canto da cozinha para seus braços pequenos, gordinhos e afetuosos. - Não achou que conseguiria passar despercebida com esse tamanho e essa beleza toda, não é mesmo, minha menina?
Ela beijou minhas bochechas duas vezes em cada lado, sua marca registrada.
- Mãe, Alice não está um amor de menina? - perguntou tia Débora à vó Ana, me guiando para o mesmo lugar de que eu havia saído. - Como você está, me conte tudo!
- Ela está ótima - respondeu minha mãe, sem dar chance de me manifestar. - Tudo ótimo na universidade e no trabalho na loja.
- Rhaíza também está ótima. - Tia Marta respondeu à pergunta que ninguém fez. - Trabalho, universidade, academia, namorado maravilhoso... tudo o que alguém poderia pedir em uma filha.
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Duas vezes amor
Literatura FemininaAssim como a maioria dos primeiros amores, o de Alice terminou com um coração partido. Para ser sincera, terminou com um coração esmigalhado pelo Martelo do Thor (foi tão ruim assim). Ela não perdeu apenas um amor, mas também seus melhores amigos. ...