Capítulo oito

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@WesterosLaw EU SOU BATMAN! 
@Lucasdisse Você é bêbado. 
@WesterosLaw EU SOU BAAATMAAN! NANANANANANANANA. 
@MacacoLouco para @WesterosLaw Você é o que o Batman faz com o Robin na calada da noite. 
@WesterosLaw para @MacacoLouco VOCÊ FICA LINDO EM REFRIGERANTE!


Depois de mais de uma semana, Rafael e Lucas trocavam olhares desconfiados todas as vezes que eu sorria maliciosamente para eles. A melhor parte da revanche eram os jogos psicológicos. Eles não sabiam qual seria, nem quando eu os surpreenderia, mas sabiam aconteceria. Era difícil manter a pose, quando tudo o que eu queria era deitar no chão de tanto rir do pânico em seus olhares.

O mesmo olhar que Rafael estava me dando ao nos levar de voltar para casa.

– Não dá para você fazer algo de uma vez e acabar logo com essa tortura? – ele perguntou, batendo as mãos no volante. Rafael havia me buscado na loja de tia Marta e o medo em seu rosto era a única coisa que melhorou meu humor depois de cinco horas de críticas consecutivas e uma manhã com aulas em todos horários.

– Não sei do que você está falando.

– Qualquer coisa, Alice... um tapa, que tal? – pediu Rafael, na maior cara de pau. – Um tapão no meio de todo mundo vai ser perfeito!

– Eu não vou bater no meu próprio irmão!

Essa foi a deixa para Rafael gargalhar. Eu bateria no meu irmão. Na verdade, perdi a conta de quantas vezes bati em Rafael. Talvez a mesma quantidade de vezes em que ele me pendurou de cabeça para baixo na janela do segundo andar, me acordou com rock no último volume em fones de ouvido ou me deixou com um roxo na pele.

– Eu sei que você está enferrujada depois de tanto tempo – Rafael estava tentando mudar sua tática. Não iria funcionar. – Não precisa ficar com medo de ser tão brutal quanto uma gatinha peluda.

– Você falou o pai? – perguntei, mudando estrategicamente de assunto. Rafael e Lucas não saberiam o que os atingiu.

– Não, mas falei com a mãe – respondeu. – Parece que eles ainda não tiveram tempo de arrumar a casa, já que foram a praia todos os dias.

– Isso explica a cor laranja do pai – comentei, lembrando da foto no Facebook da mãe.

– Você viu aquilo? Medonho! Uma laranja gigante com pernas de palito!

– Seria horrível se o mesmo acontecesse com você, não concorda, Rafael? – E com essa simples sentença, olhares de esguelha choveram sobre mim durante todo nosso percurso. Foi muito mais divertido do que poderia descrever. Dois metros de puro medo, isso sim.

Apesar do dia não ter sido dos melhores, eu estava bastante satisfeita com o plano que passei a noite preparando. Algumas pessoas diriam que o tempo que investi na brincadeira era uma forma de escapar do gelo de Henrique a semana inteira. Eu diria que essas pessoas deviam cuidar de suas próprias pegadinhas.

– Você viu que eu fiz compras ontem? – perguntei ao sairmos do elevador, tentando parecer o mais indiferente possível.

– Foi você? Eu já estava prestes a chamar o pessoal da tevê para testemunharem a multiplicação dos biscoitos de chocolate!

Eu sorri e empurrei seu braço com o ombro. De onde estávamos eu podia ouvir conversas e gargalhadas vindas de algum apartamento em nosso andar. Tentei apurar os ouvidos para determinar qual dos nossos vizinhos estava dando uma festa, quando Rafael disse:

– À propósito, estamos dando uma festa.

– E não te ocorreu me avisar antes? – perguntei indignada.

Duas vezes amorOnde histórias criam vida. Descubra agora