Capítulo seis

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@Lucasdisse Existem dias que não precisavam ser vividos. 
@Lucasdisse Queria q vc fosse uma pinhata. 
@Lucasdisse ANGRY BIRDS! 
@ElementoX para @Lucasdisse Lucas posta algo bêbado: meio bilhão de pessoas curte e RT! 
@Lucasdisse para @ElementoX Foram apenas alguns milhares de seguidores que concordam com meu gosto em jogos, Alice.


Acordei com luz demais no rosto, dor pulsante na cabeça e necessitando desesperadamente de óculos escuros. Tão estropiada quanto estava saí, tendo a mínima decência de vestir um casaco por cima. O dia só pareceu ter começado de verdade quando acordei depois de ter cochilado no carro do Rafael, na ida para o trabalho.

Eu odiava terças-feiras. E sextas. Esses eram os dias em que eu trabalhava na outra loja, aquela da qual tia Marta era gerente. Em si, tia Marta não era tão horrível, mas combinada com sua querida filha Rhaíza, a dupla me fazia odiar terças e sextas-feiras. E eu odiava odiar qualquer coisa (era tão cansativo!).

– Minha querida, que carinha é essa? Passou a noite inteira festejando com aqueles meninos? – perguntou tia Marta, dois segundos após eu ter entrado na loja.

– Não, tia – respondi, pedindo-lhe a benção e beijando sua bochecha. Podia não gostar dos seus comentários, mas eles só piorariam se não a tratasse com respeito. E ela ligaria para minha mãe para reclamar. – Só dormi mal.

– Mal é pouco, prima – disse Rhaíza, saindo de dentro da área reservada para funcionários, ou seja, o corredor que leva à cozinha, ao banheiro, ao escritório e mini-estoque. – Parece que um trator passou por cima de você... não, retiro o que disse, se um trator tivesse passado por cima de você, ao menos suas roupas não estariam amassadas desse jeito.

– Alice, querida, vá lá trás e troque de roupa. Pode pegar o que quiser. – Tia Marta me empurrou insistentemente para onde Rhaíza saiu. – Mas coloque a blusa do uniforme e troque esses jeans. Vista a mesma calça que sua prima está usando.

– Como se essa calça fosse ficar boa na bunda enorme de Alice – ironizou Rhaíza.

– Tem razão – concordou a tia. – Pode pegar outra calça, desde que não tenha marcas de sujeira atrás, que nem essa aí.

Porque era cedo demais, porque Lucas não fez café e porque não queria aborrecer minha tia, fiz tudo o que ela pediu.

– Minha querida, esqueceu de dar um jeito nesse rosto? – perguntou tia Marta, assim que voltei ao caixa. Ela cruzou a distância até onde eu estava, abaixou meu queixo (ela era menor que eu, novidade) e analisou minha pele alguns instantes. – Passe uma base nessa monstruosidade em seu rosto, Alice, coloque um batonzinho. Vai ficar melhor assim.

Eu estava voltando para o banheiro, fazendo uma contagem regressiva de cem a zero, quando tia Marta acrescentou:

– E esse cabelo, querida! Dê um jeitinho nele... um pente ao menos?

– Acho que Alice devia cortar todo esse cabelo. Um Chanel ficaria bom – sugeriu Rhaíza, que estava pendurando costumes masculinos em araras.

– Deus me livre, filha! – Tia Marta se benzeu, espantando a ideia. – Cabelo é a única coisa de bom que Alice tem, se ela cortar ela vai ficar igual a um menino! Um menino com rabão! Imagine o horror.

Como é possível que só tivessem passados dez minutos desde que cheguei aqui? Eu odiava, odiava, odiava terças-feiras.

– Ela devia fazer luzes e quem sabe um corte em camadas, qualquer coisa para levantar esse astral de ressaca perpétua.

Duas vezes amorOnde histórias criam vida. Descubra agora