Capítulo trinta e cinco

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@ElementoX Jesus tinha o poder de multiplicar os pães...  @HnrqFerrari tem o poder de multiplicar a louça. 
@HnrqFerrari para @ElementoX Jesus tinha o poder de multiplicar o vinho, @Lucasdisse tem o poder de desaparecer o Absolut.  
@Lucasdisse para @HnrqFerrari Jesus tinha vários poderes, nenhum se comparava à habilidade de @WesterosLaw e @MacacoLouco posarem juntinhos para fotos. #BebadosRomanticos  
@MacacoLouco para @Lucasdisse, @WesterosLaw, @HnrqFerrari e @ElementoX Jesus ressuscitou no terceiro dia, vocês não.


Rafael abriu a porta do apartamento, mas fez sinal para eu entrar primeiro.

– Até que enfim! – exclamou Henrique, que estava em pé perto da mesa de jantar, misturando uma massa marrom numa vasilha de vidro. Ele cruzou os dois metros que nos separavam num pulo e me abraçou, beijando minha boca e apertando o vidro contra minhas costas. – Seu celular estava desligado e com esse temporal...

Sua voz diminuiu até desaparecer completamente ao ver meu acompanhante às minhas costas. Ele apertou os olhos, preenchendo lacunas em seu conhecimento ao observar meu irmão e eu. O pote de vidro parou de pressionar minhas costelas e Henrique me puxou mais para frente, para Rafael poder entrar em casa.

Os dois se encararam por instantes que pareceram eternos. Flávio e Lucas desviaram sua atenção do videogame para onde estávamos, sem se importar com a morte eminente. Como meu irmão estava às minhas costas, e a mão de Henrique ainda me prendia no lugar, eu não vi o que Rafael fez, mas sei que foi suficiente para suavizar a expressão no rosto de Henrique.

Contra minhas expectativas, Rafael estendeu o punho na frente do corpo, da mesma forma que havia feito antes comigo, e Henrique trocou o pote de mãos para poder cumprimentá-lo, sorrindo satisfeito com os cantos dos lábios. Eles estavam fazendo as pazes, na frente de todos, ao som de gritos agonizantes do personagem morrendo na televisão. Foi um momento estranhamente poético.

Incapaz de conter o sorriso ou minha euforia com a cena, me afastei do meio dos dois indo para cozinha lavar as mãos. Eu tinha visto pedacinhos de chocolate picado em cima da mesa, que poderiam ter meu nome escrito neles, pois pertenciam ao meu estômago faminto.

Rafael, em vez de seguir para seu quarto, como fez durante um mês, tirou a calça e jogou-se sobre o sofá, nos agraciando com sua samba-canção do Batman. Eu precisava de uma daquelas. Flávio retomou o jogo, reclamando de ter Lucas como seu copiloto.

– Eu consigo ver, cara! Não precisa repetir, tenho uma visão perfeita!

– Então você está morrendo nessa velocidade por pura incompetência? – rebateu Lucas, preparando as mãos para pegar o controle, mesmo sem Flávio ter perdido a vida na nova rodada.

– Pelo visto você e Rafael conversaram – sussurrou Henrique, colocando o pote sobre a bancada da pia e me abraçando por trás. Sua voz baixa e seu corpo quente envolvendo o meu fazia calafrios percorrerem minha coluna, mesmo depois de todo nosso tempo juntos.

Não era apenas a novidade que provocava tal reação, mas também entender que aquele toque, aquela voz, aquele cheiro de perfume e bolo de chocolate eram voltar para casa. As vozes dos garotos discutindo, jogando e zombando um do outro eram como voltar para casa depois de muito tempo longe. Apenas imaginar a cena já me deixava nas nuvens de tanta felicidade.

Eu assenti e beijei sua boca sem me preocupar com as pessoas que podiam nos ver da sala, por cima da bancada americana da cozinha. Ele me beijou de volta, acariciando minhas costas, desenhando círculos largos e lentos. Segurei seu rosto, afastando-me alguns centímetros dele.

Duas vezes amorOnde histórias criam vida. Descubra agora