@MacacoLouco Me mandem mensagens de incentivo para eu não assassinar alguém.
@WesterosLaw para @MacacoLouco Não tem PS4 na prisão.
@ElisaMartins para @MacacoLouco Você ignora todas as minhas ligações, mas acha tempo para postar bobagens? Precisamos conversar. AGORA!
@MacacoLouco para @WesterosLaw DROGA, HOMEM. Bom argumento.
Como deixaram Leonardo dormir com Rhaíza no meu quarto estava acima da minha compreensão.
Mesmo depois de Flávio e eu termos confirmado essa informação com tia Simone, responsável pela distribuição de pessoas por quartos (afinal, não podíamos confiar apenas nas malas e bolsas sobre a cama para preparar as brincadeiras), eu não conseguia exatamente acreditar naquilo. Eles sempre foram rigorosos em separar os gêneros, excetos aqueles casados, e agora ela podia dormir no mesmo quarto que o namorado... e eu!
Não importava mais. Já havia passado das três da manhã quando a casa começou a silenciar totalmente. Leonardo entrara no banheiro na mesma hora em que avisei a Rhaíza que iria beber água.
- Você vai levar seu cobertor para beber água? - perguntou Rhaíza, revirando sua mala à procura de roupas, o que parecia estúpido, pois elas transbordavam da mala para cama.
- Está frio - dei de ombros, me apressando para sair do quarto.
Eu havia subido antes deles para poder tomar banho no banheiro dos meninos, sem fazê-los suspeitar de nada. Eu não era obcecada por limpeza, mas estava suada, suja e com os joelhos sangrando outra vez, depois de ter carregado nas costas três pessoas mais pesadas que eu (e uma centena de crianças) por vários e longos metros. Havia a chance de termos caído algumas vezes e de alguém ter rido tanto que fez um pouco de xixi nas costas de outra pessoa. Naquela noite, banho não era opcional.
- Traz um copo para mim, por favor? - pediu Rhaíza angelicalmente. Se eu planejasse voltar, eu traria uma água para ela, sem dúvida. Já estava prestes a fechar a porta quando minha prima acrescentou, no mesmo tom irritante: - E diz olá para seus namoradinhos por mim.
Se não soubesse como sua noite seria, eu teria lhe dado uma resposta malcriada. Mas como esse não era o caso, fechei a porta como quem não sabe o inferno armado no quarto, e percorri longos corredores até descer as escadas do segundo andar.
Todas as crianças que dormiam sozinhas estavam deitadas umas sobre as outras na sala de estar, o que era ótimo para liberar espaço para o restante da família, agregados e vizinhos (sim) que não estavam em condições de ir embora. O plano era voltar para o quarto dos meninos, onde uma confortável cama de cobertores me aguardaria, mas meu corpo dolorido rejeitava completamente aquela ideia. Assim, andei por corredores vazios em que apenas se ouviam vozes murmuradas e abafadas, vindas de portas fechadas, até chegar ao escritório de vô Cláudio.
Ele mantinha a porta trancada durante festas, mas havia me ensinado o esconderijo da chave alguns anos antes. Dois quadros enfeitavam as laterais da porta do escritório e em cima do quarto da direita (um belo anoitecer, em oposição ao amanhecer pintado no quadro da esquerda) ficava a escondida a chave.
Ergui a mão esquerda, tateando o topo do quadro, mas encontrei apenas poeira. Em todos esses anos, quais eram as chances de vô Cláudio ter mudado as chaves de lugar? Pouquíssimas. Então, tateei o outro quadro com a mesma mão. Nada.
Eu xinguei baixinho e considerei procurar sobre cada um dos muitos quadros do corredor, quando a maçaneta virou com um clique metálico, de alguém destrancando a porta pelo outro lado.
- Olha só o que deixaram na minha porta - disse o sorriso irritantemente charmoso de Henrique. Eu ainda estava chateada demais com sua dança com Rhaíza, com sua namorada perfeita e com todo o resto, para poder apreciar sua beleza idiota naquele momento.
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Duas vezes amor
Literatura FemininaAssim como a maioria dos primeiros amores, o de Alice terminou com um coração partido. Para ser sincera, terminou com um coração esmigalhado pelo Martelo do Thor (foi tão ruim assim). Ela não perdeu apenas um amor, mas também seus melhores amigos. ...