@ElementoX Alguém mais odeia hospitais? Por que tem tanta gente doente? Por que tem branco por todos os lados? Tem milhares de notificações no meu celular, quanto tempo morri?
@AnaMari para @ElementoX O QUE ACONTECEU COM VOCÊ?
@ElementoX para @AnaMari Me enfiaram remédios goela abaixo, Mari. Tinham gosto de água batizada. Sua foto é tão linda! Você é tão linda! Eu te amo, sabia?
@AnaMari para @ElementoX Você está dopada. ME LIGA!Acordei com o sorriso de Henrique a um palmo do meu rosto.
Sorri de volta, porque quando alguém lhe sorri daquele jeito, você não pode não responder dando seu melhor sorriso. Ele me puxou delicadamente para fora do carro, o que resisti incialmente, mas lembrei do corte, dos dedos e das manchas vermelhas doloridas que se estendiam em meu antebraço. Desci do carro e me deixei ser guiada hospital adentro.
Como qualquer pessoa que se julgava saudável, eu evitava hospitais. Apenas estar ali parecia ser motivo suficiente para me deixar doente. O que era ilógico, pois eu já estava doente por causa de algo que não tinha relação alguma com o lugar.
Henrique me deixou aguardando em uma fila de cadeiras, com pessoas parecendo tão péssimas quanto eu me sentia, enquanto se dirigiu a recepção. Me perguntei o que ele iria fazer sem meus documentos em mãos, e o que estávamos fazendo naquele hospital cujas paredes impecáveis e ausência de muitos doentes indicavam ser particular.
Todo mundo sabia que se tivesse uma emergência devia reservar pelo menos três horas para ser atendido em uma UPA. Definitivamente não estávamos em UPA alguma. Eu queria perguntar tudo isso a ele, mas falar parecia complicado e potencialmente doloroso para minha cabeça.
- Seu irmão achou sua carteira e está vindo para cá - disse Flávio, sentando-se numa cadeira vazia ao meu lado. - Aparentemente você esqueceu dentro da sua bolsa, junto com uma barra de chocolate derretido e um absorvente.
Parecia apropriado.
Fechei os olhos e encostei a cabeça na parede atrás de nós, cochilando até Henrique se sentar ao meu lado e dizer que devíamos apenas esperar. Me apoiei em Henrique, porque estava frio, eu gostava do seu cheiro e ele era confortável. Cochilei novamente, pensando em como seria bom ter essa facilidade para dormir, mesmo se o efeito colateral fosse um corpo todo dolorido.
- Ei, Alice, como você está? - perguntou Flávio. Não, Rafael perguntou, sentado no lugar que foi de Flávio. Eu levantei do colo de Henrique, encarei meu irmão nos olhos e, em algum momento, segurei seu queixo com a mão boa.
- Muito desapontada com você - respondi e, como estava exausta, abracei-o e deitei em seu ombro.
Alguém chamou meu nome e me levantei instintivamente, sentindo meio tonta por causa da velocidade. Segui uma mulher vestida de branco até uma sala igualmente branca com um homem ainda mais branco. Tudo horrivelmente muito claro.
O médico, com um sorriso amarelo, para variar, perguntou qual era o problema e, antes que eu pudesse responder, meu irmão explicou o que tinha acontecido. De onde ele surgiu? Rafael estava treinando para Ninja, por acaso?
O casaco escuro de alguém foi retirado de mim quando o médico pediu para que eu sentasse na cama para me examinar. O agasalho foi deixado sobre um travesseiro baixo e (surpresa!) branco, dando um belo contraste à sala. Eu odiava aquela sala.
- A febre e as manchas no antebraço indicam uma óbvia infecção desse corte, que está se espalhando pelo sistema linfático dela - disse o médico, após examinar minha mão, meus olhos e me perguntar se tinha algum outro sintoma. Interessantemente, nenhum termômetro foi utilizado.
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Duas vezes amor
ЧиклитAssim como a maioria dos primeiros amores, o de Alice terminou com um coração partido. Para ser sincera, terminou com um coração esmigalhado pelo Martelo do Thor (foi tão ruim assim). Ela não perdeu apenas um amor, mas também seus melhores amigos. ...