V - Napa e Anitchka

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Fiquei sozinha no primeiro andar da mansão por exatos dez minutos antes de ficar entediada. Fiz meu caminho até a adega no andar de baixo e encontrei um bom Pinot Noir parecendo bem caro em meio as outras de garrafas de vinhos. Peguei duas taças e subi para a piscina.

Senti uma pontada de incerteza ao abrir a garrafa e me servir uma taça. Eu entendia o básico de vinhos para saber que aquela seria uma garrafa cara. Mas eu não me importava, Holden poderia pagar, como preço por me ignorar para realizar qualquer que seja o trabalho tão importante que não podia esperar o fim do feriado.

Por sorte, eu tinha colocado um conjunto de lingerie que se passaria perfeitamente como um biquíni, ou quase. Larguei meu vestido e saltos em uma cadeira e mergulhei. A água estava tão deliciosa como eu imaginava que estaria no fim de uma tarde quente de verão. Me encostei na borda e me distrai observando como tudo se misturava perfeitamente com a paisagem

Alguém praguejou em uma língua desconhecida para mim e eu me assustei, quase me afogando. Quando consegui ficar de pé mais uma vez me deparei com uma mulher na beira da piscina. Ela me olhava com olhos azuis gelo passando entre surpresa e desgosto.

— Quem é você? — Perguntou com um inglês marcado por um forte sotaque. Eu fiquei tão espantada pela sua presença que não respondi. A mulher estava vestida em um tipo de macacão de couro, tão grudado que me fez querer perguntar como ela entrou naquilo. Segurava um capacete preto em uma das mãos e uma bolsa de grife na outra.

Seus cabelos negros contrastavam perfeitamente com a pele branca leitosa e os olhos azuis. Ela tinha um tipo inconfundível de beleza escandinava que me dava certeza que ela era de alguma parte do leste da Europa.

— Quem é você? — eu perguntei de volta. Deus, por favor, que essa mulher não seja casada com o Holden. Isso seria tão mortalmente embaraçoso, apesar de ser exatamente o castigo que eu merecia. Por favor, não.

— Anna, o que você está fazendo aqui tão cedo?— Holden apareceu na porta de vidro da varanda. Ele tinha uma toalha branca felpuda nas mãos, que eu imaginei ser para mim e não parecia nem um pouco afetado pela presença da mulher, pelo contrário, ficava relaxado ao lado dela, de um jeito que eu tinha visto apenas algumas vezes quando estávamos sozinhos.

— Eu não sabia que você tinha companhia, Dom.— A tal Anna parecia se divertir com a situação e eu relaxei um pouco. Ela ficaria mais nervosa se encontrasse o marido com outra, certo?

— Vamos conversar lá dentro enquanto a Kate sai da piscina. — Eles entraram na casa e ficaram fora do meu campo de visão. Aproveitei a deixa para sair da piscina e me enrolar na toalha. O sol do fim de tarde ajudou a secar mais rápido e eu pude colocar meu vestido.

Segui para dentro atrás deles, secando meus cabelos para não molhar o chão brilhantemente polido da casa. Eles estavam em um escritório com a porta quase totalmente fechada. Eu me esgueirei com cuidado para tentar ouvir pela fina fresta.

— Não — Holden disse. — Eu já terminei o outro serviço, os pacotes estão prontos.

— Eu não gosto disso, Dom. Essa garota vai distraí-lo, você sabe como isso é importante para nós. Para mim.

— Você precisa confiar mais em mim. — Eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

— E você precisa focar no seu trabalho, não na americana bonitinha. — Eles pareciam duas crianças briguentas, mas aquela observação, em especial, me incomodou.

Me afastei da porta, eu já tinha ouvido o suficiente. Voltei para a cozinha e decidi procurar algo apetitoso nos armários. A casa estava abastecida com o básico e eu consegui achar chocolate perdido entre as guloseimas mais saudáveis. Eu me sentei na bancada de mármore, saboreando a paz que só um bom chocolate suíço era capaz de proporcionar.

Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora