XIV - Mentirinhas inocentes

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Eu acordei de ressaca, com uma dor de cabeça imensa. Também, depois de todos os shots de ontem, eu estava no lucro de não ter passado mal. Procurei por Holden na cama, mas o lugar que seu corpo ocupava estava gelado. Levantei da cama quando ouvi algum barulho no banheiro. Imaginei que estivesse preparando um banho, mas conforme eu me aproximava, mais claramente conseguia distinguir as palavras que ele dizia, provavelmente ao telefone.

— Eu não posso acreditar — ele xingou. — Você tem certeza que sua pesquisa é certa?

Eu não consegui escutar nenhuma resposta, obviamente.

— Fomos comprometidos. Sim, ela está aqui. Estou esperando você chegar para prosseguir. — Holden bufou, parecendo realmente descontente. Meu instinto era entrar lá e levar embora o que quer que o preocupasse, mas eu não consegui afastar o sentimento de que ele estava falando de mim. — Eu sinto muito. Deveria ter sido mais esperto, mas me deixei levar por ela.

No mesmo momento que eu entendi que ele estava realmente falando sobre mim, algo gelado bateu com força na minha nuca. Eu consegui dar um passo para a frente e cai dentro do banheiro.

Quando eu acordei novamente minha cabeça doía dez vezes mais do que antes. Meus olhos demoraram alguns segundos para captar o ambiente.

Eu estava na cama do quarto de hotel de Holden, as mãos amarradas na cabeceira. Mas essa situação não era, em hipótese alguma, para o meu prazer.

— A princesa acordou. — A voz me chamou atenção. Vi Anna sentada aos meus pés, na beira da cama.

— O que está acontecendo?

— Olá, Kate. — Ela tinha o sorriso mais diabólico no rosto. — Ou seria Kitty? Eu estou aqui, ansiosa pela verdade.

Ela aproximou do meu rosto um objeto prateado, parecido com um alicate. Era brilhante demais e eu me retraí de medo. Ela sabia quem eu era. Sabia que eu tinha mentido e enganado Holden.

— Asfixiar, eletrocutar. Tem tantos meios para tirar a verdade de alguém, sabe, Kate. — Eu fechei os olhos involuntariamente, com medo que ela fosse cortar o meu rosto. — Eu quero saber por que a filha de Christopher MacLaine veio até nós?

Não tinha mais como mentir, ela sabia exatamente quem eu era.

— Eu não fui até ninguém. Foi uma mentirinha inocente.

— Acho bem difícil de acreditar nisso. Eu acho que você sabia exatamente quem o bello era e tudo isso não passou de um teatrinho. Você queria nos enrolar, atrasar nosso serviço. Eu só não consigo entender por que você ainda não atacou, dormindo tantas noites na cama do inimigo, eu já teria feito.

Eu não estava entendendo nada do que ela dizia. O alicate encostou em um dos dedos do meu pé. Anna apertou um pouco, o suficiente para causar uma leve dor.

— Tudo que eu sei é o que Holden me contou, eu juro, Anna. Imagino que vocês queiram algo com o meu pai, roubá-lo, talvez. Eu só... só queria fugir da minha vida. — O alicate apertou meu dedo com tanta força que eu imaginei que ela estivesse arrancando-o fora.

Me entortei na cama e meus olhos procuraram pelo quarto. Holden estava sentado no sofá. O copo cheio de um líquido escuro, nos observando.

— Por favor, — eu implorei, olhando direto nos olhos dele — você sabe que eu não estava te enganando por mal. Eu queria te contar. — Abafei um grito de dor e tentei continuar. — Eu só não sabia como.

— Pare de choramingar para ele. — Anna soltou meu dedo e largou o alicate. — Quero saber o que você sabe e o que Christopher sabe sobre nós — anunciou. — Se contar tudo, prometo uma morte rápida.

Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora