VII - Gatinhos e leões

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— O que aconteceu? Seu dinheiro acabou? — meu pai perguntou. Era a primeira vez que ele e meu irmão ficavam frente a frente desde que Artie voltara de sua viagem.

— Eu não sou você — meu irmão respondeu. — Dinheiro não é a única coisa que me importa.

— Claro que não. Você é o menino rico que gosta de ajudar as pessoas — ele debochou.

— Parem — eu precisei intervir. — Faz anos que Arthur não vem para casa, não podemos só ignorar os desentendimentos?

— Ela tem razão — Lorelai comentou, eu apreciei o apoio, por mais que não me desse bem com ela.

— Não se meta entre eles — Oliver sussurrou em meu ouvido. Eu o encarei surpresa, ele era o único aqui que não pertencia a essa família e deveria se manter calado.

— Ele não volta para casa por que não quer — reclamou meu pai.

— Por que alguém gostaria de morar nessa casa? Isso sempre foi um inferno.

— Você pode encurtar sua estadia aqui, então.

— Não se preocupe, eu já falei com o tio Geoffrey, vou ficar na casa dele até arrumar um lugar para mim. — Eu vi o rosto do meu pai ficar vermelho. Tio Geoffrey era alguns anos mais velho que nosso pai e tinha uma parte da empresa, mas apesar de serem irmãos, Christopher e Geoffrey MacLaine se odiavam.

— Fora da minha casa. — Ele se levantou, parecendo muito bravo. Lorelai se levantou junto com ele, preocupada com o estresse do meu pai.

— Eu vou mesmo. — Artie arrastou sua cadeira no piso fazendo um barulho ensurdecedor.

— Você é um menino mimado! Trinta anos e ainda não virou um homem.

— E você é um velho escroto que só se importa com o seu dinheiro e com essa vadia. — Eu quase engasguei de susto. Meu pai e meu irmão já haviam brigado inúmeras vezes antes, mas as coisas eram diferentes agora. Dois homens feitos, com muita bagagem, isso poderia ficar feio muito rápido.

— Não se atreva a falar assim com a minha mulher na minha casa. — Eu levantei, me colocando ao lado do meu irmão, tentando acalmá-lo.

— Vem, vamos embora — tentei chamá-lo, mas não tive resposta.

— Arthur, querido — Lorelai pediu, ela já estava chorando, como sempre.

— Não vem com essa. Eu sei o que vocês fizeram com a mamãe, vocês dois se merecem. — Eu senti o sopro de ar passar por mim quando o punho do meu pai passou a centímetros do meu rosto, acertando em cheio o nariz do meu irmão.

Senti os músculos do braço que eu estava carinhosamente segurando ficarem tensos e instintivamente me coloquei na sua frente.

— Você não pode bater no seu próprio pai. — Eu abracei o pescoço do meu irmão. Ele era muito mais forte que eu, mas na posição que estávamos teria que arriscar me machucar para entrar nessa briga e eu sabia que ele nunca faria algo assim.

— Largue ele, Kitty — meu pai reclamou, muito nervoso. — Deixe esse ingrato ir embora.

— Não pense que eu vou embora e vou deixar minha irmã vivendo nesse inferno. Ela vai comigo — Arthur disse. — Você leva as minhas coisas?

— Claro, pode ir, eu falo com você mais tarde. — Ele estava visivelmente mais calmo, então soltei-o do abraço e ele saiu pela porta dos fundos.

— Que história é essa? — Meu pai estava menos vermelho e Lorelai o abanava com um guardanapo.

— Eu vou procurar um lugar para morar junto com o Artie — expliquei. — Ele viaja bastante e eu preciso ter minha própria casa novamente.

Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora