I - Noivado?!

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Existe um limite de coisas que uma pessoa aguenta antes de surtar. E eu posso dizer que o meu era bem alto.

Isso acontece quando você tem uma família como a minha, você desenvolve uma alta tolerância para momentos embaraçosos, situações desagradáveis, mas principalmente, você aprende a fingir.

Qualquer pessoa que já tenha visto festas e reuniões em alguma das lindas mansões de Santa Bárbara sabe disso. Essas pessoas são ricas. Homens de negócios e suas esposas troféu, na maioria. Filhos bem-educados e viajados. Para qualquer um de fora, uma vida perfeita, mas quando você nasce e é criado nesse meio, você sabe melhor.

Os sorrisos são falsos. As risadas são forçadas. Os beijos não têm amor. E a classe, ah, essa é a maior mentira que contamos. Depois que as portas das nossas mansões se fecham, temos brigas, gritarias, puxões de cabelo, como em qualquer outra casa. Pessoas como nós, apenas fingimos melhor.

E eu tinha feito isso durante todo o dia de hoje. Aguentei cada comentário da Lorelai, minha madrasta que poderia facilmente ser uma irmã mais velha, aceitei usar o vestido ridículo que ela ajudou a escolher e até suportei um insuportável almoço com os amigos mais próximos da família.

Mas o pedido de casamento de Oliver definitivamente me pegou de surpresa. Queria eu que essa fosse minha única razão para surtar, não foi. O que me fez sair da mesa sem pedir licença e sair correndo pelo clube de campo foi o modo como meu pai respondeu por mim. Enquanto eu olhava para o meu namorado, que não via há dois meses, ajoelhado a minha frente e pensava em cada momento que passamos juntos, ponderava cada diferença de opinião, tentava encontrar uma resposta apropriada para dar na frente de dezenas de pessoas que eu mal conhecia, meu pai simplesmente respondeu por mim.

Tirou de mim uma decisão importante e só me fez ficar com ainda mais dúvidas sobre meus sentimentos. E foi assim que eu me encontrei no estábulo, chorando e dizendo a um dos cavalos como a vida era um saco às vezes. Acho que o bicho até tentou me responder, mas não acabou ajudando muito. Bom, eu não podia nem culpá-lo, ele tinha feito mais que a maioria das pessoas.

— Você precisa de algo? — Uma voz desconhecida com um sotaque forte perguntou, de fora do meu campo de visão, o que me fez gritar como uma garotinha assustada.

— Não, eu estou bem. — Enxuguei minhas lágrimas, mas não esperei resolver muita coisa. Minha maquiagem estava perdida. — Foi só uma noite difícil.

— Você trabalha aqui? — O homem apareceu perto de mim e eu me assustei mais uma vez. Meu Deus.

Eu nunca tinha visto nada parecido com isso. Quer dizer, eu já tinha visto pessoas bonitas antes, obviamente, mas esse homem era alguma coisa diferente. Não era só pelo rosto bonito, a pele bronzeada, e a forma física, e sim algo como um alto teor sexual que fez meu instinto de autopreservação enlouquecer e me causar arrepios. Ele parecia a encarnação do perigo, o que me fez querer correr para longe. Ao mesmo tempo, eu poderia arrancar minhas roupas agora mesmo, se ele mandasse.

— Tem certeza que está bem? — Seus olhos mostraram um divertimento familiar a minha reação, mas ele ainda parecia intimidantemente sexy. Dobrou o óculos de sol com calma e o colocou na gola da camiseta preta por baixo da jaqueta de couro, também preto, enquanto esperava eu me recompor.

Ele poderia usar um pouco de cor nesse visual.

— Aham. — Foi a melhor resposta que eu consegui pensar, considerando que eu já nem lembrava mais a pergunta.

— Dia agitado? É uma festa de noivado ou algo assim? — Pareceu realmente interessado.

— No começo era só uma celebração. — Como ele sabia sobre o noivado, se eu acabara de sair correndo de lá por esse motivo? Então me ocorreu que talvez eu fosse a única que pensava ser uma simples comemoração da minha graduação em Yale e volta para casa.

Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora