XXVI - Missão: resgate

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Mais uma semana, eu contei. Nenhum sinal de Dom. Eu estava ficando cada dia mais preocupada. Não que ele não fosse vir até mim. Mas sim por que eu sabia o único cenário possível em que ele não viria.

Morto. Dom só não viria se estivesse morto. Por Christopher ou por desafiar Anna. E isso eu não poderia suportar. Passar o resto da minha vida sem saber, seria uma tortura.

Talvez Christopher estivesse certo. Eu podia ter entrado aqui sã, mas eu sairia louca. Há há há. Estava sendo uma boba otimista. Eu simplesmente ficaria louca e trancada aqui para sempre.

Minha enfermeira estava atrasada naquela manhã, mas tudo bem, eu só queria ficar embaixo das cobertas. Segundo minhas contas, eu tinha perdido o natal presa nesse lugar.

O que Arthur e Lizzie estariam pensando? Que eu simplesmente sumira no mundo? Que eu estava morta?

— Pode levar o café, não estou com fome — Reclamei, ao escutar saltos batendo no chão gelado.

Imediatamente estranhei, minha enfermeira não era uma grande fã de saltos, ela estava sempre usando sapatilhas brancas. Abri os olhos e notei a silhueta alta e magra, muito diferente do corpo que eu estava acostumada a ver.

— Na verdade, estou aqui para levar você. — Eu reconheci o sotaque russo na hora. Anna estava com uma touca branca e uma máscara tampando a boca, mas meu coração quase explodiu de felicidade ao vê-la aqui. — Você parece prestes a chorar. Não temos tempo para isso.

— Eu sei! Desculpe. Qual é o plano? — Me coloquei de pé imediatamente. Queria sair daquele lugar o mais rápido possível.

— Vista isso. — Ela me jogou um uniforme de enfermeira, igual ao dela, mas com as sapatilhas no lugar dos sapatos de salto.

Eu não pensei nem por um segundo. Arranquei todas minhas roupas e coloquei o uniforme branco. Mal me preocupei quando notei estar largo. Claramente eu tinha perdido alguns quilos na minha estadia aqui, estava abatida.

— Olhe para baixo e ande com confiança. — Ela liderou o caminho por alguns corredores.

Eu não consegui conter a curiosidade. Queria saber sobre Dom:

— Ele está bem?

— Ótimo, agora fique quietinha. — Eu duvidei que ela estivesse me dizendo a verdade, mas continuei seguindo seus passos.

Quando chegamos no andar térreo, pude ler uma propaganda. Hospital Psiquiátrico Rainha do Vale. Eu estava em Napa, esse tempo todo.

— Ei, vocês duas! — Um segurança gritou assim que Anna e eu passamos por ele.

— Precisamos correr! — A morena segurou meu pulso com força e me puxou. Eu fiquei impressionada ao ver como ela era muito mais rápida que eu, mesmo em um salto agulha. — Aquele carro preto, corra e entre nele — mandou, quando chegamos ao estacionamento.

Eu vi ela puxar uma arma debaixo da saia do uniforme e começar a atirar em direção aos seguranças. Corri o mais rápido que eu pude. Se Dom estava me esperando dentro daquele carro, eu não poderia esperar mais nem um segundo para vê-lo. Eu corri tanto que quase entrei pela janela do banco de trás.

— Anna abriu fogo. — O homem sentado no banco do motorista, falando no telefone, não era Dom. Era lindo e com certeza italiano, mas não o meu italiano favorito. — A garota está bem.

Ele olhou para mim. Olhos castanhos claros, maxilar marcado. Rosto de menino que deixava calcinhas encharcadas por onde passava. Com certeza devia ser má notícia.

— Quem é você?

O homem não conseguiu responder, porque Anna entrou no banco do passageiro sem nenhuma delicadeza. A mulher arrancou o celular da mão do homem e ele pareceu nem se importar.   

Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora