Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1

XXII - Em família

— Você só pode estar louco — eu quase cuspi todo o meu suco em Arthur.

— Por quê? Eu achei que ela fosse gostar. — Ele estava realmente decepcionado que eu não concordasse com ele.

— Arthur, Lizzie vai querer se casar com você. O problema é que ela vai odiar esse anel e esse seu plano sem graça. — Eu devolvi a caixinha de veludo para ele.

O anel cinza escuro era fosco e tinha uma pedra não lapidada. Era claramente feito a mão, por Arthur. Eu até entendia a ideia, mas conhecia minha amiga muito bem, ela gostaria de um anel de princesa. Diamante, varios quilates, algo que brilhasse tanto quanto ela.

— Não me leve a mal, mas Lizzie iria preferir algo mais brilhante. E para o pedido, por favor, tenha um pouco de romance. Não tem problema nenhum recorrer aos clichês, eles são clichês por um motivo.

— Eu sei — ele bufou. — Só queria fazer algo um pouco mais original. Mais eu.

— Um relacionamento é sobre ceder. Em alguns momentos você, em outros ela. Mas eu acho que o anel de noivado é um dos momentos que você deve ceder, já que é ela quem vai usar isso pelo resta da vida.

Ele parou para pensar um pouco antes de responder, sorrindo:

— Quando foi que você ficou tão sábia, irmãzinha?

— O amor faz isso com as pessoas — retruquei.

— Hum, amor, então quer dizer que você e o bonitão estão indo bem? — Ele deu mais uma garfada na comida. Estava deliciosa, mas eu não conseguia comer, estava sem nenhum apetite ultimamente. Também não conseguia dormir, era acordada a noite por pesadelos.

— Bonitão? — eu tentei o meu máximo para não rir. — Estamos indo bem, sim. — Não era exatamente verdade, considerando os obstáculos que estavam entre a gente. A máfia, Christopher, a distância. Infinitos motivos de por que nós poderíamos dar errado. E um único motivo de por que daríamos certo: — Eu amo o Holden — admiti. — Encontrei o homem com quem eu quero dividir minha vida.

— Eu fico feliz. Estou gostando dessa sua nova fase, sem tanta dependência do papai, um namorado que realmente te faz bem, trabalhando no que você sempre quis. Você parece bem, parece feliz.

Arthur tinha razão. Minha vida estava longe de estar perfeita. A situação na empresa era como andar na corda bamba, a qualquer momento meu pai poderia dar um sopro muito forte, retomar o controle e me deixar no chão. Dom, na última semana estava ficando comigo em casa, mas meus pesadelos o deixavam assustado, e aí ele também não dormia e assim passavamos a noite como dois zumbis. A qualquer momento ele poderia voltar para a Itália. Mesmo assim, eu estava melhor do que antes.

Agora, por mais confusa e complicada que fosse a situação, minha vida ao menos tinha sentido. Eu já não era mais um robô anestesiado. Eu tinha amor. E planos, sonhos, metas e medos.

— Sobre o Christopher — eu comecei. Não sabendo exatamente como contar. — Eu descobri algumas coisas, que eu preciso dividir com você. Geoffrey tinha muitas coisas para revelar antes de morrer.

Ele esperou eu continuar:

— Mamãe era apaixonada pelo tio Geoffrey.

— O que? — Ele estava incrédulo e eu mal tinha começado.

— Pois é. E um pouco antes de ficar grávida de mim, ela estava tentando deixar o papai para ficar com Geoffrey.

— Espera, o que você está tentando me dizer, gatinha?

— Que eu não sou filha do mesmo pai que você. Em seus últimos minutos, Geoffrey me contou que era meu pai.

— Caralho! — Todo os rostos presentes no restaurante viraram para o meu irmão. Eu fiquei vermelha por nós dois. — Não dá para acreditar que você é tão sortuda assim.