Pura Luxúria (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 1

XV - Obituário

Levantei da cama e fui arrumar alguma coisa para comer. Notei a pilha de envelopes na mesa da cozinha. Eu sabia que se não olhasse, iria tudo para o lixo em breve e poderíamos perder alguma coisa importante.

Eu olhei cada um. Tinha convites, cartas de fornecedores do clube, até uma cobrança, mas foi um envelope branco com o carimbo da correspondência interna do clube que chamou minha atenção.

Rasguei o lado do envelope e um recorte de jornal caiu na mesa. Um lado tinha um texto sobre esportes, mas não fazia nenhum sentido, por ter sido cortado, então virei o jornal e me deparei com um anuncio de obituário.

Eu reparei na foto em preto e branco, era um homem mais velho. Com óculos e um bigode. Totalmente desconhecido, pelo que eu conseguia me lembrar. Mas o que realmente tinha chamado minha atenção fora o nome escrito no topo. Holden Vaughn.

Eu comecei a ler: "Holden Vaughn, 39, falecido em 12 de abril em sua casa em São Diego." O texto continuava, dizendo em que o homem trabalhava, de qual igreja fazia parte e informações do seu enterro.

Não precisava ler mais nada. Eu sabia muito bem o que aquilo significava. Holden estava usando um nome falso e alguém decidiu que deveria me alertar. Não consegui me segurar, sai apressada da minha sala.

Eu precisava acha-lo e estava determinada a confrontar Holden. Imaginei que ele estivesse no clube naquela manhã, por puro sexto sentido. Então peguei um táxi até lá. Eu passei pelo campo sem falar com ninguém, deixando pelo caminho alguns rostos chocados com a minha ignorância..

Encontrei com ele nos estábulos, terminando de guardar o cavalo. Ver Holden outra vez, depois de duas semanas, fez coisas engraçadas com o meu estômago. Ele estava lindo, como sempre, pele bronzeada, cabelo castanho brilhante. E o rosto... ah, que rostinho perfeito. Parecia que alguém tinha me dado um soco forte o suficiente para me deixar sem ar enquanto as famosas borboletas voavam desesperadas.

— Podemos conversar? — Pedi. Ele me escutou perfeitamente, mas preferiu ignorar. — Eu acabei de receber um envelope muito esclarecedor — falei. — Um recorte de jornal do obituário do senhor Holden Vaughn.

Ele me encarou em silêncio por alguns minutos, com a mandíbula travada e uma expressão intimidadora. Quando estava prestes a responder, um funcionário do clube entrou no estábulo.

— Senhorita MacLaine, seu pai pediu que nós não autorizassemos sua entrada no clube... — Eu olhei o pobre funcionário com tanta raiva que ele virou as costas e foi embora, praticamente correndo.

— Você também é cheio de segredos! — Avancei nele, socando seu peito. — Como eu sei que você não estava me usando para chegar até o meu pai? Eu nem sei quem você é! Te pedi desculpa por ter mentido. Liguei, mandei mensagens. Você me ignorou quando eu precisei de você e eu relevei tudo por culpa, achei que tinha destruído nossa chance de dar certo. Mas você também é um mentiroso!

— Katherine. — Ele apertou meus pulsos, muito forte. E colocou seu rosto tão perto do meu que pela primeira vez desde que o conheci, eu senti medo dele. — É melhor você sair daqui, antes que se machuque. Diga a seu pai que eu estou indo atrás dele.

Eu saí correndo de lá. Peguei outro táxi e pedi que o motorista dirigisse sem rumo enquanto eu enxugava minhas lagrimas.

Holden tinha me enganado. Mais uma pessoa que mentiu para mim, me usou. E por algum motivo, essa traição foi a que mais me machucou. De Christopher MacLaine eu podia entender receber nada além de mentiras. Mas Holden, ou qualquer que seja seu nome, parecia verdadeiro ao me tocar, eu sentia. Coloquei ele em um lugar especial na minha vida, só para ter a minha confiança quebrada como com todo mundo. Ele ainda tivera coragem de me ameaçar... fisicamente.