Capítulo 22

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-Acorda minha vida... - Marcos pediu beijando seu rosto diversas vezes. Elise abriu os olhos e o viu sorrindo alegremente sem notar que também sorria.
-Você deve estar atrasado. - comentou passando a mão por seus cabelos desgrenhados.
-Porque diz isso? - perguntou tomando sua mão e a beijando.
-Quando eu acordo você nunca está ao meu lado. - respondeu queixosa e ele beijou-lhe a testa.
-Saio quando ainda esta dormindo porque não aguentaria tê-la em minha cama acordada sem poder te tocar. - contou passando a mão por seu corpo e inclinando-se para um beijo. -Me promete uma coisa?
-O quê? - inquiriu manhosa.
-Independente de qualquer coisa que aconteça lá fora nós não dormiremos brigados. Não permitiremos que nada atrapalhe o que estamos construindo. Porque estamos construindo algo meu amor. - concluiu acariciando seu rosto.
-Eu... - ela queria fazer as perguntas que tanto a atormentavam.
-Eu vou fazer o que tiver ao meu alcance para te fazer feliz. - afirmou. -Sei que não confia cem por cento em mim, mas juntos resolveremos isso... Só te peço uma chance.
-Esta bem. - concordou encostando a cabeça em seu peito. Era tão bom estar ali. Ambos trocaram um beijo quente até uma batida na porta os interromper. Elise afundou o rosto no peito de Marcos envergonhada.
-Aí... Desculpa. Eu pensei que a condessa estivesse sozinha. - Coral justificou encabulada.
-Sirva o nosso café da manhã na varanda principal Coral. - Marcos pediu meio rindo.
-Sim senhor. - concordou saindo. Marcos gargalhou abraçando Elise que ria de vergonha.
-Que situação. - murmurou ainda sem olhar pra ele.
-Perfeitamente normal marido e mulher estarem juntos na cama. - ele disse beijando seu rosto. O sentimento que sentia era algo novo e inesperado. Todas as mulheres que teve e as que julgou amar ao longo dos anos não tiveram sua presença permanente após o ato e ele não se sentia interessado em não sair do lado delas como estava querendo fazer com Elise. Precisava trabalhar. Ele sabia disso, mas não conseguia simplesmente ir. Quando a beijou ontem foi apenas para aquietar o fogo que queimava em seu peito sempre que a olhava, mas a rendição total dela não aquietou nada só alastrou e incendiou tudo em sua volta.
-Precisamos levantar. - ela decretou tentando se afastar.
-Vamos tomar banho juntos. - ele disse impedindo-a de levantar. -Já fez isso com alguém antes?
-Não. - respondeu timidamente. -Você vai descobrir que tem muitas coisas que eu não fiz com um homem ainda.
-Ficarei feliz em ser o primeiro. - afirmou olhando-a nos olhos com orgulho. -E último.
-Esta bem. - respondeu com um sorriso apenas porque não sabia o que dizer sobre isso. Marcos a beijou avidamente e a ergueu nos braços se dirigindo para o banheiro lá ele ensaboou o corpo dela com veneração. Elise mesmo meio envergonhada retribuiu o favor e contornou todo o corpo dele com as mãos ouvindo extasiada quando ele gemia baixinho com o sei toque. Ambos se enxaguaram abraçados em beijos pecaminosos e mãos ávidas. Marcos estava no céu afinal tinha de todas as maneiras possíveis a mulher da sua vida e Elise se sentia imensamente feliz e amada, mas num canto da sua mente que ela procurava ignorar ainda existia o temor.
-Se eu pudesse não sairia desse quarto. - Marcos falou dando passagem para ela no corredor.
-Isso seria ótimo mesmo. - concordou aconchegando-se em seu abraço. Ambos foram para a varanda onde uma linda mesa já estava posta. Ao longe Elise podia vê quatro seguranças entre eles Catrina e Gaya. Suspirou achando meio triste por pensar que teria mais um momento a sós com ele. Com a ajuda de Marcos ela se sentou virada para o jardim e ele de frente para ela.
-Ficou triste. - concluiu estudando-a.
-Não, só estava pensando... - respondeu com um meio sorriso. -Achei que Gaya e Catrina tinham ido embora.
-Elas são suas... Pode manda-las embora se quiser. - respondeu se servindo. Elise fez o mesmo e olhou na direção das meninas.
-Não... Eu gostaria de mantê-las. - disse mastigando.
-Você terá tudo o que quiser...
-Portanto que não o contrarie. - ela acrescentou lembrando-se da ordem dele de manter Amarilis.
-Do que está falando? - inquiriu.
-Deixe pra lá. - falou irritada e ele largou a xícara e a encarou.
-Conclua. - pediu encarando-a. Elise tomou um gole do café com receio dos seus constantes enjoou, suspirou, colocou a xícara no lugar e o olhou seriamente.
-Você diz que eu terei tudo o que eu quiser, mas se o que eu quiser for contra os seus planos? - inquiriu.
-Sempre poderemos negociar. - respondeu com um sorriso apaziguador. -As minhas decisões são por imposição política... Nem tudo eu posso fazer apenas porque me deu vontade.
-Sei... - desdenhou.
-Ouça. - pediu segurando sua mão. -Farei o possível para que o nosso casamento funcione. Porque a amo! Mas precisarei contar com sua ajuda também.
-Em que posso ajudar?
-Confiando em mim. - respondeu e ela retirou a mão.
-Eu não sei...
-Que cena adorável. - Veridiana ironizou entrando na varanda. Elise ficou rigida e Marcos recostou-se na cadeira irritado. -O casal de apaixonados desfrutando de um café romântico.
-Fica claro quem está sobrando. - Elise respondeu azeda.
-O que quer Veridiana? - Marcos perguntou sereno.
-Preciso que você me leve até a casa do meu pai... Tenho que pegar algumas coisas minhas. - falou se sentando na cadeira vazia.
-Porque você precisa pegar mais coisas suas se só está de visita? - Elise inquiriu insegura sr iria gostar da resposta. Veridiana lhe deu um largo sorriso.
-Acontece que não estou de visita querida. - anunciou. Elise olhou para Marcos que a encarava preocupado.
-Veridiana viverá aqui até que se case ou até que seu pai retorne. - Marcos respondeu a interrogação em seu olhar.
-Ou seja... Ou seremos amigas ou inimigas por no máximo dez anos porque não pretendo me casar. - Veridiana provocou. Elise se levantou sentindo o enjoou que tentou evitar mais cedo.
-Jamais serei sua amiga. - brando saindo apressada. Marcos a viu correr de volta para dentro com tristeza, mas não foi atrás dela. Veridiana sorria diabolicamente.
-Esposa temperamental. - provocou.
-Vamos... - ele ordenou se erguendo. Infelizmente precisava manter Veridiana por perto. Com o exílio do seu pai ela ficou sozinha no mundo e era obrigação dele por ela ser uma legítima Salezian mantê-la protegida pelo menos até se casar. Ele devia ter explicado esse detalhe a Elise. Esteve tão envolvido na sua bolha de amor que não pensou em mais nada. Respirando fundo ele guiou Veridiana até Nebulosa e ficou do lado de fora enquanto ela recolhia suas coisas. Como seria conviver com tantas mulheres sob sua proteção na mesma casa. Ele só amava uma, mas sentia que não seria fácil. Veridiana não se insinuou como ele previu e não fez questão de conversar com ele o que era bom já que ele não estava para conversas. Quando retornaram a mansão já era meio dia. Elise não estava na mesa com o resto de sua família e após assistir as demonstrações de amor entre Ian e Carolina ele preferiu se trancar no escritório. Conversaria com Elise a noite e explicaria porque não podia abandonar Veridiana a própria sorte. Elise se sentou na beira da piscina e respirou fundo. Não conseguia engolir Veridiana com suas provocações sarcásticas e aquele sorriso falso. Pelo menos ela deixava claro que não gostava dela e não fingia ser uma santa como Amarilis. Essas mulheres a estavam deixando doente.
-Aqui esta você. - Adele falou aparecendo atrás da espreguiçadeira.
-Amorzinho, o que faz aqui?
-Vi você na varanda com o Marcos aí você saiu correndo. - respondeu se sentando com certa dificuldade na espreguiçadeira ao lado.
-Eu precisava fazer umas coisas. - mentiu.
-Você não gosta da bruxa loira não é? - perguntou estreitando os olhinhos e fazendo Elise sorrir.
-Você é muito esperta.
-Ela me olha feio. - se queixou.
-Ela já falou alguma coisa pra você? - inquiriu com raiva antes mesmo de ouvir.
-Não, só fica me olhando com cara feia mesmo. Pelo menos ela não é igual a Amarilis. - continuou interrompendo-se quando viu que falou demais.
-O que tem a Amarilis? - Elise perguntou forçando a parecer calma.
-Nada...
-Adele... Me conte agora. - exigiu.
-Ela me chamava de feia... Não gostava de mim. Dizia que eu era órfã. - contou triste. -Que não via a hora de nos duas ir embora... Eu procurava não ficar perto dela.
-Porque não me contou nada disso? - perguntou se levantando.
-Ela disse que Marcos não acreditaria em mim e que não adiantaria contar pra você.
-Escuta o que eu vou te dizer. - Elise pediu se abaixando e controlando a voz para não soar tão irritada. -Eu sempre acreditarei primeiro em você isso significa que pode me contar qualquer coisa entendeu?
-Sim. - disse envergonhada e Elise se levantou e caminhou apressada para dentro.
Adele há acompanhou um pouco mais atrás, mas ela nem se importou. Amarilis poderia ter lhe envenenado e ela deixou passar, poderia continuar se insinuando para Marcos e ela nada faria, mas de maneira alguma ela deveria ter se metido com a sua irmã. Isso ela não perdoaria. Quando ela abriu abruptamente a porta da cozinha Dora e Vera à olharam com espanto.
-Onde está Amarilis? - perguntou correndo os olhos pelo espaço.
-Foi na horta senhora... - Vera respondeu.
-Onde é o quarto dela? - perguntou já seguindo para a porta que havia na cozinha que dava acesso ao corredor dos quartos dos empregados.
-A terceira porta a direita. - Dora respondeu seguindo-a. Elise abriu a porta com força. O quarto de Amarilis se resumia a uma cama de solteiro e um armário. Sem pensar ela arrastou uma enorme sacola que estava pendurada e começou a encher com as roupas da outra.
-Senhora, é melhor se acalmar. - Dora alertou falando algo baixinho para Ana que saiu do seu próprio quarto alarmada.
-O que você pensa que está fazendo? - Amarilis inquiriu entrando rapidamente no quarto.
-O que eu já devia ter feito...
-Não perca o seu tempo porque eu não vou embora daqui. Marcos me quer... - Elise não saberia dizer o que a motivou, mas ouviu o estalo alto da sua mão no rosto dela silenciando-a.
-Cale sua boca. - ordenou raivosa.
-Sua desgraçada. - Amarilis cuspiu.
-Eu aceito qualquer coisa... Relevo até mesmo a coisa mais baixa que você puder fazer, mas jamais se meta com a minha irmã. - verbalizou.
-Ah... A sua irmã. Então aquela pirralha já foi fazer fofocas? - questionou olhando para o canto onde Adele assistia a tudo assustada.
-Eu estou avisando... - Elise repetiu.
-Eu não disse nada demais. Só que ela é uma órfã, mal amada. - disse sorrindo. Elise deu outro tapa e viu Amarilis cambalear antes de se jogar em cima dela e lhe puxar os cabelos. Ambas tinham acabado de cair na cama aos tapas quando Elise foi tirada de cima de Amarilis pela cintura.
-Já chega. - Marcos gritou fazendo todos pararem. Veridiana apareceu logo atrás com um olhar curioso e Mia também surgiu trazida pela gritaria.
-Me solte. - Elise pediu e ele soltou sua cintura, mas se manteve por perto.
-Posso saber o que estava acontecendo? - perguntou grave.
-Eu estava trabalhando quando ela entrou aqui e começou a retirar minhas roupas do armário. - Amarilis se queixou. -Depois ela me agrediu.
-Isso é verdade? - Marcos perguntou a Elise.
-Sim... - disse erguendo o queixo. -Eu quero que ela vá embora. Ela ameaçou a minha irmã.
-Amarilis...
-É mentira. A menina que entendeu errado e foi fazer intrigas para a irmã. - justificou. -Ela entrou aqui me batendo Marcos.
-Você vai sair daqui sua cobra peçonhenta.
-Amarilis arrume essa bagunça. - Marcos ordenou passando a mão pelo cabelo.
-Quer dizer que vou ficar? - perguntou doce.
-Vai. - Marcos respondeu sem olhar para Elise. Ela o encarou boquiaberta e decepcionada. A vontade que tinha era de ir embora da li para sempre e antes que deixasse as primeiras lágrimas descer saiu correndo corredor a fora tombando em Mia e Veridiana pelo caminho.
-Elise... - Adele chamou atrás dela, mas ela não conseguiu ouvir. Ao invés de entrar no corredor que dava acesso a mansão ela usou o caminho que levava para a horta e passou por um barranco íngreme onde as hortaliças podiam ser vistas logo abaixo. Elise sentiu a tontura talvez pela correria, mas estava se sentindo tão machucada que não conseguiu parar de correr. Ela queria ir pra longe e se jogar na água como da vez que fugiu de Sebastian. Quando o mundo ao seu redor ficou preto ela parou a tempo de ouvir sua irmã gritar seu nome e seu corpo tombar. Marcos encarava Amarilis com um ódio mortal sabendo que havia estragado tudo o que tinha conseguido com Elise quando viu Adele gritar e saiu correndo. Assim que alcançou a porta viu Elise caída próximo a plantação apenas um centímetro das estacas de madeira colocadas para manter os animais longe da horta. Seu coração gelou ao pensar que ela poderia ter caído em cima de uma delas e desceu apressado para pega-la. Adele estava abaixada ao seu lado e abrir espaço para Marcos ergue-la.
-Mia. - gritou subindo com Elise nos braços. -Ela está desmaiada.
-Leve-a para o quarto. - Mia falou entrando primeiro na casa. Todos estavam na porta inclusive Dora, Vera e Amarilis, mas Marcos não deu atenção a ninguém além da mulher em seus braços. Ele a depositou na cama com cuidado se sentindo culpado por ela ter saído correndo daquele jeito. Adele entrou timidamente no quarto e se sentando na cama segurou a mão esquerda da irmã.
-Ela vai ficar bem? - inquiriu sem tirar os olhos de Elise.
-Vai... Vai sim. - afirmou segurando a outra mão de Elise quando ela começou a se mexer.
-Aí... - gemeu sentindo uma dor horrível no tornozelo. Demorou a perceber que estava em seu próprio quarto.
-Você voltou. - Adele disse abraçando-a.
-Eu... Estou bem. - afirmou afagando a cabeça da menina. Marcos permaneceu segurando a outra mão dela, mas não disse nada.
-Saiam todos. - Mia pediu entrando.
-Eu quero ficar. - Adele reclamou.
-Eu vou ficar. - Marcos afirmou.
-Elise, você está sentindo alguma coisa? Foi uma queda feia. - Mia perguntou se aproximando.
-Eu... Acho que torci o pé. - falou mexendo levemente o tornozelo já inchado. -Senti uma tontura de repente e tudo ficou escuro.
-Isso tem acontecido muito? - Mia inquiriu.
-Às vezes... Me sinto enjoada também, mas acho que é o estresse. - respondeu olhando brevemente para Marcos. Mia abriu os olhos e fechou a boca nervosa.
-Marcos... Hum, você poderia levar a Adele para comer um pedaço de bolo?
-Por quê? - ele perguntou e Adele apertou mais a cintura de Elise.
-Vá meu amor... Quando Mia acabar passaremos o dia juntas. - Elise prometeu e Adele assentiu. Marcos levantou a contragosto e pegou a mão da menina saindo em seguida.
-Agora eu vou examina-la. - Mia falou erguendo a blusa de Elise e apalpando sua barriga em silêncio.
-Você não devia estar examinando o meu pé? - Elise perguntou depois de um tempo.
-Já já. Elise seus enjoou são logo pela manhã?
-A maioria. - concordou. -Mas às vezes vem com qualquer cheiro forte.
-Hum... Você tem tido desejos?
-Não... Estou comendo muito, mas desejo não. Por quê?
-Vou coletar um pouco do seu sangue e mandar para o laboratório da clínica. - respondeu abrindo seu kit.
-Algum problema? Eu só caí e torci o pé - explicou nervosa. Mia colheu seu sangue e a olhou de forma estranha. Olhou e enfaixou seu pé e se voltou pra ela com um suspiro alto.
-E seu período? Faz quanto tempo que ele não vem? - perguntou cruzando os braços.
-Ele... - Elise não sabia ao certo. Não sentiu falta dele então não sabia precisar uma data. Mas fazia um tempo. Pensou olhando confusa para a cunhada. -Você está pensando...
-Que você pode estar grávida... Na verdade tenho quase noventa por cento de certeza. - afirmou se sentando. Elise não sabia o que dizer e não disse nada apenas continuou olhando para a ruiva na esperança dela dizer que estava brincando. -Pelo que você me informou você já estava grávida quando se casou... Marcos ficará muito...
-Você não pode contar a ele. - protestou enfática.
-Ele é o pai não é?
-Se eu estiver grávida... Sim, claro que ele é o pai. - concordou. -Mas... Eu mesma quero contar.
-Ah... Bom tudo bem. Você está no seu direito. - concordou.
-Mia... Quando teremos certeza? - inquiriu e Mia começou a recolher suas coisas.
-Amanhã eu trago o resultado. Vou da máxima urgência. - afirmou abrindo a porta. Adele e Marcos estavam parados esperando.
-Como ela está? - Marcos perguntou.
-Ela torceu levemente o pé. Alguns dias descansando e logo estará melhor. - Mia respondeu.
-Agora eu posso ficar aqui? - Adele perguntou se jogando ao lado de Elise.
-Claro... Vem. - chamou e a menina se jogou ao seu lado. Marcos permaneceu na porta olhando-a com tristeza. Elise o encarou, mas não conseguia ler sua expressão. Marcos procurava qualquer sinal de raiva nela, mas só encontrava a boa e velha magoa. Se sentindo culpado ele foi até ela e lhe deu um beijo na testa saindo do quarto em seguida. Elise fechou os olhos controlando a vontade súbita de chorar.

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