-Mas o que você faz aqui? - Marcos perguntou paralisado. Elise mal olhou para a mulher, pois sua concentração estava no homem estático em sua frente. Marcos olhava a tal de Antônia como se visse um fantasma, mas com um brilho nos olhos que fez correr calafrios pelo corpo de Elise. A mulher atravessou a sala dando um beijo e um abraço em todos ali parados menos em Elise e Carolina.
-Era só o que faltava para completar a festa. - Veridiana ironizou entrando na sala e cruzando os braços. Antônia olhou pra ela e para Marcos antes de sorrir.
-Marcos, querido... Não me diga que você acabou se casando com essa mulher.
-Porque veio Antônia?
-Eu estive muitos anos em Veneza, mas retornei ao país e como passei por Santos aí resolvi passar para dizer um "Oi". - respondeu sem olha-lo.
-Então está de saída? - Mia perguntou se sentando no braço do sofá perto de Elise.
-Pretendo passar uns dias. - afirmou voltando a atenção para Marcos. -Será que podemos conversar a sós? Pelos velhos tempos...
-Sabe onde fica o escritório. - Marcos murmurou caminhando apressado na frente e ela sorriu seguindo-o.
-Eu não queria estar em sua pele. - Veridiana disse a Elise.
-Porque?
-Antônia é um ser humano desprezível. - afirmou. -Mesmo assim foi a primeira mulher que Marcos se apaixonou e eu acredito que a única.
-Porque está me contando isso? - Elise inquiriu irritada.
-Porque mesmo não gostando de você... Ninguém merece ter que conviver com Antônia. - respondeu.
-Mas ela só veio fazer uma visita. - respondeu debilmente e Veridiana sorriu.
-Você acredita nisso?
-Já chega Veridiana. - Mia interviu.
É melhor eu ir para o meu quarto. - Elise disse levantando-se devagar por causa do pé.
-Posso ir com você? - Adele inquiriu.
-Claro... - concordou mancando pelo corredor. Elise sabia muito pouco sobre a vida amorosa de Marcos, mas sabia que havia muitas mulheres cobiçando o posto de condessa. Ela era uma condessa agora. Pensou entrando no quarto e se jogando na cama. Uma condessa que podia estar grávida do primeiro filho. Isso era tão irreal.
-Você está bem? - Adele perguntou.
-Estou... Só estou pensando. - disse fechando os olhos. Marcos esperou que Antônia entrasse antes de fechar a porta, mas não esperava ser agarrado assim que se virasse. Antônia o beijou de surpresa e ele queria acreditar que estava correspondendo devido ao susto. Rapidamente o rosto se Elise veio em sua mente e ele afastou sua ex.
-O que pensa que está fazendo? - questionou irritado e se afastando para o outro lado da sala.
-Eu também senti saudades. - ela respondeu caminhando pela sala. -Lembra... Já fizemos muita coisa aqui nessa sala é impossível não recordar.
-Não seja ridícula. - pediu ácido. -O que veio fazer aqui?
-Ora... - murmurou ficando triste de repente. -Eu estou sendo caçada... Minha morte foi encomendada.
-Esta de brincadeira? - questionou sentindo mal por se preocupar com ela.
-Não... Eu conheci um cara em Veneza e nos envolvemos, mas eu não o amava... Não como amo você. - Marcos bufou com a declaração e ela fez uma careta. -Enfim... Eu me recusei a ficar com ele e fugi aí ele mandou seus capangas me caçarem.
-O que você roubou? - perguntou direto e ela sorriu depois do susto.
-Algumas jóias de família, mas isso não vem ao caso. - respondeu rápido.
-É o que eu tenho a ver com isso?
-Nos tivemos uma história... - respondeu indo até ele é se esfregando. -E sei que sente minha falta. Pude comprovar quando me beijou.
-Você me beijou. - retrucou segurando seus pulsos e a afastando.
-Não seja chato. - reclamou. -Eu preciso de ajuda.
-Lamento muito... - rebateu.
-Marcos... - murmurou chorosa. Marcos a olhou surpreso com o quanto ela parecia com a doce namorada do passado. Antônia foi a primeira mulher que ele se interessou. Foi a primeira mulher da sua vida. Ele enfrentou seus pais para se casar com ela e quase teria feito isso se não tivesse descoberto que ela era uma mentirosa e ladra. Mas também foi graças a ela que o conde Nicolas decretou que ele poderia sr casar com qualquer mulher, de Antares ou não, antes dos trinta anos. E ele era grato por isso. Antônia continuava chorando baixinho e ele foi até a sua mesa. Sabia que não devia ajuda-la, não tinha obrigação nenhuma, mas se sentia responsável. Pegou o telefone e discou para a copa.
-Dora... Mande preparar o quarto de hóspede. - falou vendo um sorriso iluminar o rosto de Antônia. -Sim... Peça a alguém para vim buscar as malas no meu escritório.
-Obrigada. - agradeceu se jogando nos braços dele. Marcos a afastou. Ele conseguia lembrar facilmente a sua obsessão por ela e queria mantê-la distante.
-Você ficará apenas uma semana... - avisou abrindo a porta quando para da de cara com Amarilis.
-Dora me mandou vim buscar as malas. - avisou e ele as indicou. Amarilis olhou Antônia com curiosidade enquanto pegava na alça de uma das bolsas. Quando ela chegou em Antares ele tinha semanas de rompido com Antônia então ela conhecia a história.
-Obrigada querido. - Antônia agradeceu o beijando perto dos lábios e seguindo Amarilis pelo corredor. Elise estava sentada na beira da piscina quando viu Antônia entrar com um biquíni minúsculo. Ela caminhou até a outra margem e se jogou na água nadando perfeitamente bem. Elise ficou olhando detidamente até ela parar a sua frente. -Então você é a esposa de Marcos...
-Sim. - respondeu apenas sustentando o olhar especulativo.
-Engraçado... - comentou com um riso fácil. Elise queria saber o que era engraçado, mas não se obrigaria a perguntar. Quando percebeu isso Antônia nadou pra mais perto. -Todas as mulheres do Marcos, depois de mim, foram loiras...
-Depois de você? - foi a única coisa que ela tinha registrado e Antônia sorriu de verdade pela primeira vez.
-Você não sabe quem eu sou não é? Me chamo Antônia Amarante... Fui a primeira mulher do conde. Seu primeiro amor, seu primeiro tudo. - contou orgulhosa. Elise sentiu uma leve palpitação, mas procurou disfarçar e se sentou mais ereta.
-Prazer... - disse com desprezo.
-Você não parece uma condessa, não possui a classe necessária. - continuou.
-Você tão pouco. - Elise rebateu levantando-se. -Me admira ele ter se envolvido com alguém assim...
-Língua afiada... Eu gosto disso. - falou saindo da água pela escadinha lateral. -Vou te dizer uma coisa... Marcos se casou com você por precisão, necessidade imposta pelo título, mas amor ele só sentiu por mim e creio que ainda sinta.
-Que bom pra vocês. - retrucou magoada.
-Não se importa?
-O que Marcos faz da vida dele não é da minha conta. - respondeu caminhando para dentro. Andava apressada quando colidiu com Mia.
-Hei... Pra onde vai assim? - inquiriu segurando-a no lugar.
-Desculpa. - pediu encarando a outra com ansiedade. -Estava indo falar comigo?
-Sim... Peguei seus resultados. - disse entragando-a um envelope pardo. Elise abraçou o papel emocionada. -Quer que eu fique com você?
-Você leu?
-Não.
-Tudo bem... Eu estou bem, prefiro ler sozinha.
-Eu entendo... - respondeu saindo.
-Mia... Você não vai falar nada não é?
-Não. Você quer da a surpresa e acho mais justo. - disse voltando e beijando-a no rosto. -Ele ficará muito feliz.
-Sim... - murmurou vendo a outra sair. Entrou no quarto com o papel preso em suas mãos. Simplesmente não conseguia abrir e ler. Ela nunca pensou muito em ser mãe já que praticamente criava Adele desde que nasceu, mas a possibilidade de estar grávida despertou esse desejo. E se o resultado fosse negativo? E se você positivo o que ela faria? Não poderia criar seu filho dentro de uma mentira. Com o coração aos saltos ela se sentou na cama e abriu o envelope devagar uma folha com letras digitadas anunciava seu nome completo e várias outras palavras que ela desconhecia, mas seu foco caiu sobre a palavra "positivo". Que ecoou em sua mente vezes sem fim. Ela estava grávida. Afirmou em voz alta colocando a mão em seu ventre e deixando as lágrimas cair. Não poderia continuar casada naquelas condições. Não criaria seu filho assim. Amava Marcos, mesmo não confiando nele ela sabia que o amava e isso acabava com sua determinação. Com tristeza ela secou as lágrimas decidida. Daria uma chance ao seu casamento em nome do seu filho e se não desse certo partiria. Marcos acordou de um sonho horrível onde perdia Elise repetidas vezes. Ele se mexeu devagar para não acorda-la. Quando ele veio dormir ela já estava deitada a muito tempo então ele se contentou em abraça-la apenas. Sorriu ao notar como ela parecia serena dormindo. Sua vida. Suspirou beijando seu rosto e voltando a deitar. A situação estava saindo do sei controle e ele não sabia o que iria fazer para resolver isso.
Elise mais uma vez acordou sozinha e tristemente havia entendido que eles tinham voltado ao começo. Sorriu ao lembrar que de verdade, pela primeira vez na vida não estava sozinha. Jamais estaria sozinha de novo. Após sua higiene habitual ela foi a procura de Marcos pela casa com um misto de apreensão e coragem.
-E ela não acordou bem essa manhã. - Ian dizia quando Marcos perguntou onde estava Carolina.
-Não é o caso de leva-la na clínica? - Mia inquiriu do outro lado da mesa.
-Acho que não... A criança só está prevista pra nascer no próximo mês ainda. - explicou.
-Sua esposa é muito bonita Ian... Soube que Marcos a escolheu como condessa. - Antônia comentou encarando Marcos com um sorriso. -Ela tem mais perfil para o cargo do que a insossa que você se casou.
-Elise é perfeita e linda... - ele respondeu irritado por ter aceito a provocação.
-Ela o enfeitiçou. - Veridiana disse com tédio.
-Deve ser difícil pra você não é querida? Vê Marcos escolhendo qualquer mulher menos você... - Antônia provocou.
-Você é uma vaca. - Veridiana agrediu irritada. Antônia sorriu, mas não disse nada Elise entrou na sala nessa hora e hesitando caminhou até onde Marcos estava parado e respirou fundo.
-Você... Você tem algo importante pra fazer hoje? - perguntou temerosa e ele se aproximou.
-O que você tem em mente? - inquiriu.
-Eu pensei... Pensei que poderíamos sair. Sair daqui. - murmurou se sentindo ridícula, mas ele abriu um largo sorriso e tocou seu rosto.
-Mesmo se eu tivesse algo pra fazer eu cancelaria. - afirmou fazendo ela sorrir feliz.
-Marcos, eu sou sua hóspede. É falta de educação deixar uma hóspede sozinha. - Antônia argumentou. Elise olhou pra ela em silêncio. Estava claro que a outra não gostou de sua idéia.
-Eu não sou o único dono da casa. Você terá a companhia de todo mundo, mas eu... - acrescentou abraçando Elise pela cintura. -Vou sair com a minha esposa.
-Faz bem... - Mia disse rindo. -Teve uma ótima idéia Elise.
-Amanheci com vontade de sair. - respondeu ciente de que Mia deve estar pensando que ela contaria sobre a gravidez.
-Pode ir tranquila que eu cuido da Adele. - ela afirmou. Antes de vir a sala Elise passou no quarto da menina e ela dormia tranquilamente. Marcos segurou sua mão e a guiou sobre os olhares assassinos de Veridiana e Antônia. Ambos desceram em silêncio as escadas e Marcos deixou claro para a segurança que sairia sozinho. Ele dirigia com habilidade e Elise se sentia mas a vontade no silêncio dele do que imaginava.
-Para onde estamos indo? - ela perguntou quando eles subiram uma colina no meio da floresta.
-Tem um lago mais a cima onde podemos ficar... Eu vinha muito aqui e queria que você conhecesse. - respondeu encabulado estacionando perto de uma árvore. O lugar era silencioso apenas com o cantar dos pássaros e o som ao longe de água caindo. Marcos a ajudou a sair do carro e ambos caminharam por um caminho de pedras talhadas no chão até chegarem em um grande lago com águas transparentes. Havia uma ponte que atravessava o lago e Marcos guiou Elise até ela e ambos pararam no meio.
-Isso é lindo. - ela falou encantada com os peixes nadando ao seus pés. A água era tão transparente que dava pra vê as pedras em baixo. Marcos riu de seu encantamento.
-Antares tem muitas belezas. - respondeu.
-Isso é verdade... Quase um paraíso. - murmurou mas pra si mesma.
-Vamos nos sentar naquela árvore. - ele sugeriu apontando uma árvore grossa do outro lado da ponte. Marcos tinha nas mãos uma manta dobrada e Elise não se importou com a idéia de se jogar no chão. A grama em volta era alta e fofa como se ninguém caminhasse por ali a anos. Os dois chegaram na frente da árvore e ele cobriu o chão com a manta. Elise se sentou e ele sentou-se ao seu lado olhando-a. Ela retribuiu o olhar se sentindo bem como não se sentia a dias. O clima na mansão mesmo quando eles estão bem é pesado e intimidador demais para que ela relaxe, mas ali naquele pequeno paraíso era do os dois.
-Obrigada por me trazer aqui. - agradeceu num impulso e ele pegou sua mão.
-Eu devia ter sugerido esse passeio. - ele falou. -Tirar você um pouco daquela casa.
-Esta dificil. - confessou.
-Eu sei... Esta dificil pra mim também. As coisas acontecem ali sem que eu tenha controle. - respondeu suspirando. Elise subitamente segurou a outra mão dele confortando-o. É claro que Marcos tem problemas sendo quem é, mas isso não a impede de sentir raiva quando isso atrapalha sua vida.
-E eu estou piorando. - afirmou e ele tocou seu rosto.
-Você está salvando minha sanidade. - disse rindo. -Porque mesmo quando você briga comigo eu ainda sei que você está ali e que no final vamos nos acertar.
-Isso é tão...
-Eu já disse que te amo. E sofro sempre que percebo que te magoei... Mas não sei como parar isso. - afirmou gritando um pouco. Elise o tocou no rosto.
-Eu só queria que fosse mais fácil. - ela disse.
-Eu sei... - suspirou olhando para o lago. Elise continuou olhando pra ele vendo uma fragilidade que nunca tinha visto antes. Seu coração disparou e a ansiedade tomou conta.
-Marcos eu... - murmurou calando-se. Ele a olhou interrogativo e ela respirou fundo. Tinha que contar que estava grávida. Aquele era o momento.
-Diga meu amor. - ele pediu ansioso sem saber o porque ele ansiava ouvir ela dizer.
-Eu... Amo você. - falou surpresa com sigo mesma por ter dito isso quando planejou dizer que estava grávida. Marcos absorveu o que ouviu e a tocou com a mão tremendo.
-Diga de novo. - pediu rouco e ela se mexeu desconfortável.
-Eu amo você. - repetiu sentindo mais facilidade em dizer a palavra. Ele a beijou.
-Minha vida... Eu também amo você. - falou rindo e beijando-a. -Achei que nunca ouviria isso.
-Eu não pretendia dizer... - confessou. Retribuindo o beijo. Marcos sentia uma emoção genuína e a embalava nos braços com carinho tentando demonstrar no beijo tudo o que sentia. Elise retribuía sentindo a mesma emoção. Não era sua intenção dizer aquelas palavras, mas estava feliz em dizer em voz alta o que seu coração gritava. Marcos aprofundou o beijo deitando-a na manta e ambos se tocaram avidamente. Elise sentia o suor dele se misturar ao seu e seus gemidos antes contidos ecoar pelo bosque vazio. Enquanto Marcos a tomava ela sorria satisfeita. Marcos a colocou em cima dele e embora tímida Elise guiou seus desejos arrancando suspiros ofegantes do homem que amava. Quando ambos sucumbiram ao prazer Marcos a abraçou apertado e a manteve assim.
-Foi incrível. - ele falou ainda sem solta-la. -Eu nunca fiz amor com mulher nenhuma...
-Você... - murmurou calando-se ao não conseguir juntar as palavras. Marcos a olhou fascinado. Elise não tinha idéia do quanto era linda.
-Já tive muitas mulheres, mas fazer amor eu só fiz com você... E antes eu nem notava a diferença. - respondeu deslizando o dedo pela pele suada dela. -Vamos tomar banho.
-O quê? - inquiriu boquiaberta quando ele sou de baixo dela e a pegou pela mão.
-Vamos. - pediu se jogando com ela na água. Elise afundou e voltou rindo alto. Ambos nadaram por trinta minutos entre beijos e abraços.
-Podíamos viver aqui. - ela sugeriu brincando.
-Você não gosta da nossa casa? - perguntou intrigado.
-Gosto... É que eu não sei. - respondeu envergonhada.
-Hei... Vamos conseguir resolver as coisas. - afirmou abracando-a. Quando saíram do bosque no final da tarde Elise começou a sentir a tristeza retornar. Voltar a mansão depois do dia que eles tiveram seria estranho e ela ainda se perguntava porque não contou da gravidez. Quando o carro fez a curva para o norte da mansão ela virou-se pra Marcos.
-Não entendi.
-Vamos jantar fora. - anunciou pegando sua mão e beijando. Ele também não queria retornar.
-Boa idéia. - ela concordou sorrindo. O carro parou num restaurante enorme e excessivamente lotado, mas ele entrou tranquilamente com ela e foi guiado por uma escada lateral. Todos os cumprimentavam com gestos de respeito. Elise arfou surpresa quando entraram num espaço ao ar livre onde uma mesa única estava a espera deles.
-Feliz? - Ele perguntou ajudando-a a sentar.
-Parece um sonho. - respondeu e ele beijou sua cabeça antes de se sentar em seu lugar.
-Ian é o dono daqui... Temos muitas propriedades dos Dalfom além da mansão.
-Inacreditável. - murmurou apreciando o lugar.
-É eu sei. - concordou sorrindo. Ambos comeram em silêncio. Elise contando os segundo para sua revelação e Marcos tentando controlar as emoções. Quando terminaram a refeição ficaram curtindo o silêncio. Ninguém apareceu para recolher os pratos e Marcos a guiou até a beirada do prédio a abraçando por trás. De onde estavam Elise podia ver a mansão ao longe e as várias luzes da cidade que os antepassados de Marcos construíram.
-Sua cidade é linda. - ela disse se aconchegando em seus braços.
-Será a cidade do meu filho. - ele respondeu ignorando o tremor e nervosismo dela.
-Filho?
-Sim... Teremos filhos não? - perguntou beijando-a no rosto. -Talvez não agora, mas teremos filhos.
-Sim. - sussurrou chorosa. Ela sabia que aquele era o momento, mas não conseguia pronunciar as palavras.
-Você está bem? - perguntou virando-a de frente.
-Sim...
-Que tal irmos? - inquiriu beijando levemente os lábios dela.
-Certo. - concordou deixando ser guiada. Havia perdido mais uma oportunidade, mas não se sentia preparada. Marcos desceu por um caminho mais vazio e ambos foram colocados num carro. Elise sabia que seu dia perfeito tinha acabado e começava a sentir uma tristeza profunda. Quando estava sozinha com Marcos as coisas eram tão diferentes. Ela sentia que podiam ser felizes. Em silêncio ele parou o carro no chalé e admirou sua esposa dormindo. Aquele tinha sido o melhor dia da sua vida e ele não conseguia retornar à mansão sabendo que tudo podia ir por água a baixo. O chalé pareceu sua melhor opção, pois queria viver sozinho com Elise por pelo menos mais uma noite. Ela dormia tão serenamente que ele não podia acorda-la. Em silêncio a tirou do quarto e entrou com ela nos braços para dentro do chalé. Elise despertou sonolenta assim que foi colocada na cama.
-Shiii... Dorme. - mandou beijando seu rosto e ela voltou a dormir. Após despi-la ele se uniu a ela na cama e também dormiu. Quando acordou no dia seguinte Elise não estava na cama e ele saiu correndo pelo espaço pequeno desesperado.
-Calma aí. - ela disse sorrindo sentada num balanço do lado de fora. -Porque a pressa?
-O que está fazendo aqui fora? - perguntou com a mão no coração.
-Apreciando a vista... - respondeu olhando uma árvore a distância onde pássaros brincavam. -Que lugar é esse?
-Um dos chalés da mansão. - respondeu beijando sua cabeça e se sentando ao seu lado. -Não estamos tão longe de casa.
-Eu estava tão cansada... Desculpe por ter dormido. - pediu quando ele se agachou em sua frente.
-Você estava linda. - respondeu beijando sua mão e olhando em seus olhos. -Mas temos que voltar.
-Eu sei... - disse desviando o olhar. Ele levantou e beijou seu rosto. Ambos caminharam até a mansão de mãos dadas e em silêncio. Elisa sentia toda a tensão retornar ao seu corpo. A mansão se estendia imponente a sua frente relembrando a ela que não dá pra viver um sonho. Mesmo assim ela olhava aquele lugar com carinho. Era o seu lar agora e seria feliz ali. Quase podia ver seu filho ou filha correndo por aquele terreno.
-Elise... - A dele gritou vindo correndo ao seu encontro. Marcos a ergueu nos braços arrancando-lhe gargalhadas.
-Que saudades. - Elise falou abraçando-a quando ele a largou no chão.
-Eu também senti. Fui hoje de manhã no seu quarto, mas você não estava.
-Estávamos dando um passeio. - Marcos adiantou-se.
-Hummm... Vocês estão com cara de que aprontaram. - Adele brincou sorridente. Antônia apareceu na porta fuzilando Elise com os olhos e dela respirou fundo compreendendo que o sonho tinha terminado.
-E tão os pombinhos voltaram... - falou olhando para Elise e depois se concentrou em Marcos. -Esperei você ontem a noite.
-Estive muito ocupado. - ele respondeu abraçando Elise pela cintura.
-Sei... - murmurou irritada.
-Vou ter que trabalhar agora. - ele disse virando-se para Elise e lhe beijando no rosto.
Elise permaneceu junto de Antônia vendo Marcos seguir pela escada com Adele presa em sua mão. A distância estava começando a se fazer novamente.
-Poderíamos conversar? - Antônia perguntou fazendo Elise encara-la. Ela ia dizer não, mas mudou de idéia quando olhou nos olhos da outra. Antônia era diferente de Amarilis e Veridiana, as outras eram agressivas, mas ela era observadora e calma. Quase como se tivesse certeza se que sempre ganharia no final.
-Claro... - Elise concordou abaixando-se para beijar a irmã. -Porque você não vai conseguir umas flores bem bonitas para enfeitar o meu quarto?
-Você quer ficar sozinha com ela. Porque não diz logo antes de ficar me enrolando? - Adele perguntou de cara fechada.
-Obrigada. - Elise disse apenas beijando seu rosto novamente. Ela é Antônia caminharam juntas e em silêncio. Elise não se surpreendeu ao ver-se dirigindo até o jardim da mãe de Marcos. Quando chegou lá esperou Antônia começar. Ela se virou de costas e pareceu secar uma lágrima.
-Quando eu vim pra cá... - virou-se se interrompendo. -Elise eu não tenho nada contra você. Quando eu voltei não sabia que Marcos estava casado.
-Eu percebi. - respondeu cruzando os braços.
-Eu e o Marcos nos amamos... Eu ainda o amo. Cometi alguns erros, mas vim disposta a concerta-los. Eu estou sofrendo, me dói tanto vê-lo com você. - confessou soluçando.
-Porque está me dizendo tudo isso? - inquiriu tentando não se comover.
-Talvez se você se afastasse... - sugeriu.
-Estamos casados. - disse chocada.
-Por conveniência. Ele se casaria com qualquer uma para não se casar com Veridiana. No fundo ele gosta dela, mas o sobrenome que ela carrega os afastou e eu adorei isso porque poderíamos ser felizes juntos... Ele lutou por mim Elise. Foi contra suas leis, seus pais contra todos... Ele fez isso por você?
-Não posso me afastar. - murmurou.
-Sabe porque ele mantém a Veridiana por perto? Já se perguntou isso? Eles tem um caso, mesmo antes de me conhecer eles já tinham... Marcos só não casou com ela por que é uma Salezian. Mesmo assim ele foi capaz de se apaixonar por mim. Você acha que o amor morre assim? - perguntou secando as poucas lágrimas.
-Não posso me afastar. - Elise afirmou controlando as próprias lágrimas e caminhou até a entrada do jardim virando-se para olhar a outra.
-Eu não vou desistir dele. - Antônia afirmou. Elise não tinha nada contra ela. Ao contrário de Amarilis e Veridiana que a infernizava Antônia era mais segura de si.
-Eu estou gravida. - contou surpresa por ter dito isso, mas sorriu com a mão no ventre. Antônia ficou atônito no lugar. -Também não vou desistir. - acrescentou caminhando de volta a mansão. Por Mia não estar em casa Elise preferiu passar o dia no quarto. Marcos havia deixado um bilhete na cama avisando que retornaria para o almoço então ela se prepararia para recebê-lo. Adele estava toda animada e aparecia no quarto com as flores que Elise lhe pediu. Elise muito sorridente espalhou os ramos modestos pelos cantos do quarto. Quando o relógio marcou doze horas ela resolveu sair e procurar por seu marido.
-Elise... - Carolina chamou parada no corredor.
-Carolina, como você está bonita. - falou indo até a amiga e a beijando no rosto. Carolina sorriu, mas ficou medindo Elise de cima a baixo.
-Estou bem... Porque não contou pra família toda?
-O quê?
-Que você está grávida. - afirmou deixando Elise desconcertada.
-Da pra notar? - inquiriu atônita.
-Bom, não muito, mas você está não está?
-Sim... Mas por favor não fale pra ninguém eu ainda...
-Você ainda não contou? Porque?
-Não sei. - respondeu sincera.
-Não vou falar nada... Você é a mãe e saberá quando chegar o momento certo.
-Obrigada.
-Teremos nossos filhos quase ao mesmo tempo... O meu vai vim primeiro, mas o seu vem em seguida. - brincou sorridente. -Quem sabe não serão dois garotinhos unidos.
-Com certeza. - concordou parando ao ver Veridiana entrar no escritório de Marcos.
-É só uma fase... - Carolina falou.
-Depois eu passo lá para a gente conversar. - prometeu.
-Boa sorte. - respondeu seguindo em direção contrária no corredor. Elise caminhou devagar sentindo uma ansiedade. Sabia wue Veridiana estava cercando, mas o que Antônia falou ainda martelava em sua mente. Ela parou na porta quando ouviu a voz melosa da outra.
-Porque você sempre me trata mal? - perguntou apoiando as mãos na mesa. Marcos tentava terminar o relatório para sair imediatamente em busca de Elise.
-Não a trato mal... - afirmou seu olhar para ela.
-Mas fica me provocando. - acusou.
-Não seja ridícula.
-O que você acha que eu senti quando você saiu com a sua esposinha me deixando aqui com a sua ex? Você sempre esfregando suas aventuras na minha cara. - reclamou.
-Antônia não foi uma aventura... E Elise é minha esposa. - acrescentou recolhendo os papéis. -E nós nunca tivemos nada além de um compromisso por sobrenomes.
-Isso é mentira. - rebateu. -Você se esqueceu da nossa noite?
-Eu... - Marcos ia dizer que não lembrava de nada, mas Elise abriu a porta encarando-os. Seus olhos era uma mistura de dúvida e acusação.
-Que noite? - Elise perguntou e Veridiana riu.
-Não contou a ela Marcos?
-Veridiana...
-Ela não é sua esposa? Acho que ela deve saber. - disse provocando.
-Saber o que?
-Nada. - Marcos respondeu rude e Elise virou-se para Veridiana.
-Saber o que? - repetiu.
-Sabe porque eu fiquei tão chocada quando ele anunciou que estava casado com você? - perguntou se aproximando de Elise. -Porque ele passou a primeira noite da sua volta comigo. Sim Elise, ele se casou com você, mas foi comigo que ele passou a lua de mel.
-Elise... - Marcos sentia que algo estava se quebrando. Elise o olhava com os olhos marejados, mas nenhuma lágrima caia. Ele se aproximou, mas ela recuou.
-Isso é verdade? - inquiriu rouca.
-Amor...
-É verdade? - repetiu mais alto.
-Provavelmente... Eu não me lembro. - disse envergonhado.
-Ele alega que estava bêbado, mas covenhamos essa é a desculpa de todos. - Veridiana debochou e Elise se aproximou dela trêmula. Havia um olhar de vitória nela agora e um sorriso que não saia. Elise ergueu a mão tão rápido que só se deu conta do tapa que tinha dado quando viu a outra gritar e sua mão doer.
-Vocês se merecem... - falou saindo para o corredor. Marcos a alcançou, mas ela deferiu um tapa nele também. Estava com raiva, muita raiva. Raiva por ter sido tão idiota. Se trancou no quarto encostando-se na porta. O que faria da sua vida agora? Se casou com ele para ajuda-lo, mas não podia negar que também se casou por amor. Não sabia que o amava quando fez, mas amava.
-Elise... Abre a porta. - ele pediu do outro lado. -Por favor meu amor, vamos conversar.
-Me deixe Marcos. - pediu chorosa se sentando no chão com a mão no ventre. Precisava ir embora. Não podia submeter seu filho a isso a uma vida de mentiras e traições. Marcos se sentou no chão do outro lado da porta. Elise precisava ouvi-lo. Deus, as coisas estavam tão bem com ela e agora isso. Ele tinha que da um jeito nessa situação ou perderia sua esposa. Duas horas depois, vendo que Elise não abriria a porta Marcos se dirigiu ao escritório e esvaziou de uma vez uma garrafa de bebida. A casa já estava silenciosa e ele tinha certeza que ela dormia. Com a segunda garrafa ele se sentou na poltrona e tentou entorpecer a mente. Elise se levantou do chão frio sentindo dores pelo corpo e tomou um banho para relaxar. Se sentia anestesiada e fez todo o processo em silêncio. Prendeu os cabelos num coque e saiu para o corredor. A casa parecia morta. Ela parou ao passar pelo escritório vendo que Marcos dormia sentado com várias garrafas vazias ao lado. Sentiu pena, mas não podia mais fazer nada por ele. Sentada em sua frente escreveu um bilhete e saiu.LIZ -Capítulo... Capítulo!!! Demorou mais saiu.
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Cura-me Amor...
RomanceOBRA REGISTRADA... não vacilem, plagio é CRIME. Cura-me Amor... Marcos Dalfom é um conde, único governante e herdeiro de uma ilha onde as regras e tradições tem guiado os moradores de Antares a anos. Seu dever é se casar com uma parente distante em...