Capítulo 25

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Elise acordou suando após mais um pesadelo. Desde que saiu de Antares que seus pesadelos recomeçaram, ela se recusa a aceitar que é a falta dos braços e Marcos. Levantou passando levemente a mão pelo seu ventre. Não tinha um minuto que ela não pensava em contar a ele. Estava levando o rosto quando ouviu um barulho no andar de baixo e seu coração subitamente disparou. Ela sabia que Marcos havia duplicado seus seguranças, não reclamou, nem se chateou, achou graça por ele não pensar que ela notaria a quantidade de pessoas rondando sua casa.

Saiu do quarto em passos vacilantes e caminhou pelo corredor, havia feixes de luz no andar de baixo. Não tinha dado dois passos para trás quando cobriram sua boca. Seu corpo aqueceu e seu coração disparou, mas ela não sentia medo, não o medo irracional que sentia quando estava com Sebastian.

-Shii... Não fala nada. - ele sussurrou e ela virou aturdida. Marcos estava suando, pálido e olhava para todos os lados. Ele por um breve momento pensou ter chegado atrasado, pensou tê-la perdido, mas se esforçou a seguir o plano. Quando a viu saindo do quarto o alívio foi como um soco no estômago.

-Como você... - ele tampou-lhe a boca novamente.

-Não estamos seguros aqui... - balbuciou e a viu arregalar os olhos.

-Adele. - ela pronunciou temerosa e ambos caminharam ao quarto do fundo enquanto as luzes seguiam mais próximas. Elise reprimiu um grito quando entrou no quarto da irmã e o encontrou vazio. Não podia perdê-la pela segunda vez.

-Adele... - Marcos chamou baixo.

-Del... - Elise tentou e a porta do guarda roupa se abriu. Adele estava escondido ali. Marcos a pegou agradecido.

-Tem homens maus aqui. - a menina disse.

-Eu sei. Vamos...

-Para onde? - Elise inquiriu.

-Para um lugar seguro. - ele afirmou, mas na verdade não sabia. Conseguiu entrar na mansão de Elise pela janela de um dos quartos de hóspedes, mas não tinha certeza de conseguir sair pelo mesmo lugar. Caminharam pelo corredor recuando quando três homens de burca surgiram. Elise o puxou para um dos quartos e fechou a porta.

-Como vamos sair daqui? - perguntou colocando a mão no ventre. Marcos seguiu o gesto prestando atenção pela primeira vez em sua barriga. Ela se cobriu melhor com o roupão e disfarçou. -O que eles querem?

-Matar você. - contou insensível e a viu ficar pálida. -Vou tirá-las daqui em segurança.

-Estou com medo. - Adele se queixou.

-Não podemos ficar aqui parados. - Elise disse.

-Fique aqui com ela. - Marcos pediu colocando Adele em seus braços.

-A onde você vai?

-Garantir a nossa saída. - afirmou saindo. Ela segurou sua irmã com força e se sentou num canto mais escuro rezando. Marcos deu duas voltas na casa, por dentro e por fora sem ser visto. Contou pelo menos sete homens de burca, fora os dois que conseguiu matar antes de entrar. Eles circulavam com muita calma pela casa, mas estava claro que procuravam por alguém. Viu todos os homens que foram contratados para manter a segurança e sua esposa mortos no jardim e lamentou por suas vidas. Quando os homens se reuniram novamente no alto da escada definindo para onde cada um iria, ele se dirigiu apressado para onde deixou sua mulher ficando desesperado quando encontrou o quarto aperto e vazio. Elise conseguiu descer as escadas com Adele em seu colo sem chamar a atenção dos homens de burca. Não sabia exatamente quantos eram, mas notou que eles não estavam com presa. Dois se deitaram em sofá e um estava com uma de suas vasilhas de biscoitos. Escondeu-se num dos banheiros do andar de baixo quando os viu marchar em fila indiana para o andar de cima. Havia seis homens quase imperceptíveis pela escuridão da noite e suas roupas negras. Tomada de uma coragem que só aparecia nas horas difíceis ela saiu do seu esconderijo em direção a saída quando colidiu com alguém. Não dava para vê seu rosto na escuridão e ele rapidamente a segurou pelo pescoço. Adele se mantinha agarrada em seus braços. Não podia morrer carregando duas vidas. Pensava enquanto o homem apertava ainda mais seu pescoço. Sentia que iria perder a consciência quando o homem a soltou e desabou no chão. Adele gritou com o susto e Marcos as puxou para a porta enquanto ouviam passos apressados em sua direção. Eles correram pelo jardim em direção aos carros com os homens de burca logo atrás. Quando Marcos sentiu Elise cansar tomou Adele de seu colo e adiantou com ela colocando-a no primeiro carro que encontraram. Elise entrou logo em seguida e ele acelerou. Duas das facas que os homens lançaram acertaram a frente do carro. Marcos dirigiu por duas horas para se sentir seguro. Parou numa pousada ao norte de Santarém e contratou alguns seguranças para serem mandados ao local. O quarto que ficaram era modesto, mas aconchegante. Ele depositou a menina exausta na cama e ficou olhando-a. Elise permanecia parada na porta sentindo as dores no corpo se anunciar. Marcos finalmente a olhou. Olhou-a como se não a tivesse visto ainda, analisou cada expressão e desceu os olhos pelo seu corpo concentrando a atenção em seu ventre. Desconcertada ela ajeitou a roupa e foi ate a irmã.

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