Capítulo 4

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A voz mal tinha morrido quando Tadayoshi virou a cabeça. Ei já estava correndo de volta para a vila. Tadayoshi levantou, apanhou sua espada e colocou a bainha num dos furos de sua roupa perto da cintura, amarrando-a com a faixa.

Ele olhou entre as costas do menino, já alcançando as primeiras casas, e sua espada. Ele fechou os olhos e soltou um suspiro. Vou me arrepender disso, ele pensou e correu atrás de Ei.

Ficando fora de vista, Tadayoshi observou a situação. Parecia que todos tinham se juntado no centro da vila. Não tinha mais ninguém nos campos; mulheres, crianças e idosos se apertavam perto da casa de Daisuke-dono. Alguns choravam, mas a maioria observava em silêncio, seus rostos cheios de terror ou vazios. Aqueles que já desistiram, Tadayoshi pensou, procurando por Ei. O menino estava lá, empurrando seu caminho até a frente, mas Sumire-dono o segurou.

Os onze cavaleiros estavam opostos à eles. Os bandidos não usavam armaduras nem outro tipo de proteção. Se os cavalos não fossem bem tratados, e as celas tão bem feitas, eles talvez teriam passado por ladrões comuns, Tadayoshi sabia. As armas também. Como as espadas que ele analisou no dia anterior, as armas que eles carregavam agora eram simples, mas todas tinham certa qualidade. E contra as ferramentas que os camponeses tinham, essas lanças afiadas, katana e até mesmo aquele machado de madeira parecem armas de soldados.

Apenas um cavaleiro era diferente. Apesar de ficar atrás do grupo tentando disfarçar sua presença, sua capa verde escura de seda o denunciava imediatamente. Tadayoshi não conseguia ver seu rosto coberto pelo capuz, mas conseguia ver a katana em sua cintura. Um samurai, o espadachim sabia, sua mão apertando contra o cabo de sua própria espada.

O resto dos aldeões estavam entre os dois grupos, liderados por Ataduras e os outros dois que seguravam as espadas. Tadayoshi reconheceu alguns; o mensageiro estava lá. O velho que segurou a manga de Daisuke-dono também junto com algumas mulheres do campo e alguns outros. Mas aqueles que queriam lutar mal chegavam a vinte pessoas.

Você perdeu a única vantagem que tinha, Tadayoshi pensou. E isso não é tudo. Mesmo dessa distância, o espadachim conseguia dizer; raiva tinha os levado até aqui, mas agora ela os tinha deixado. Até mesmo Ataduras tremia de medo e limpava o suor das mãos nas roupas. Dizer que vai lutar é fácil, mas quando chega a hora... Uma arma não é o mesmo que coragem. Tadayoshi fechou os olhos. Escutem o desejo de Daisuke-dono e vivam, mais uma vez ele queria gritar.

— Que? Vão resistir? — um dos bandidos debochou e seus companheiros riram.

— Tem coragem, mas não vai ser como da última vez — outro disse. — Se não querem morrer, saiam da nossa vila!

— Essa vila é nossa! — Ataduras gritou. — Não vamos abandonar sem lutar! — Aqueles ao seu lado concordaram. As palavras pareciam enchê-los com coragem; a maioria parou de tremer e alguns até perderam o medo em seus rostos.

— Não! — a voz de Daisuke-dono ecoou. Ele estava entre as mulheres, crianças e idosos, mas os moradores abriram passagem para ele. — Não vamos lutar! Nós vamos... — ele fechou os olhos e mordeu os lábios, mas as lágrimas ainda caíram. — Vamos deixar essa vila. — Apesar da dor em seu rosto, sua voz era firme.

A decisão certa, Tadayoshi concordou em sua mente, acenando a cabeça sem perceber. Não é coragem lutar quando o resultado é tão óbvio. As pessoas são mais importantes que as casas. Os camponeses murmuraram concordando, até mesmo alguns daqueles que escolheram lutar.

Ataduras olhou ao redor, vendo o rostos deles e então virando para o chefe.

— Não podemos abandonar nossas casas tão facilmente, Dai-jii! Precisamos vingar nossos amigos e parentes. — o jovem gritou e virou para encarar os bandidos.

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