Capítulo 22

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Estamos perdidos, Ei sabia. Mesmo assim, ela seguiu seu mestre sem dizer uma palavra. Pelo menos ele desistiu da ideia idiota de seguir em linha reta...

Depois que eles chegaram numa parte que era íngreme demais para continuar, Tadayoshi resmungou e decidiu procurar uma trilha de verdade. Demorou um tempo, mas eles finalmente encontraram, para o alívio silencioso de Ei. Mas aquilo não deixou a jornada deles muito mais fácil. Apesar das árvores, a neve cobria quase tudo, escondendo pedras e raízes no chão.

Ei tinha tropeçado três vezes em raízes escondidas. Na quarta vez, ela finalmente caiu de cara. Seu mestre parou, olhou e continuou andando enquanto ria, sua voz ecoando nos ouvidos da garota. A raiva tomou conta, mas logo desapareceu enquanto ela sentia o alívio a inundando. Pelo menos ele tá rindo, e não agindo como louco como da última vez...

Meio dia tinha vindo e indo, eles finalmente chegaram no riacho. Mas não tinha sinal de uma vila ou pessoas por perto.

— Isso é estranho... deveria ter uma vila perto do rio — Tadayoshi murmurou, mais para si do que para sua discípula.

A garota não estava escutando de qualquer forma. Depois que ela confirmou que não tinha pessoas, ela correu para o riacho. Ignorando o frio, ela colocou a boca na água e bebeu até estar satisfeita. Então encheu as duas garrafas, que ela bebera durante a manhã.

Não tem nem rastros de animais por aqui, Ei notou depois que ela se juntou ao seu mestre. A única pista que encontraram era os resquícios de uma trilha mal distinguível entre as árvores. Parece que ninguém usa há anos... Duvido que foi feito pelas mesmas pessoas que estamos procurando...

— Tadayoshi, a gente deveria...

— Ir. Boa ideia — ele disse, e então se foi.

Ei suspirou e foi atrás de seu mestre.

A trilha era tão estreita que era difícil para duas pessoas andarem lado a lado sem baterem os ombros. Com sua bolsa, Ei não conseguia andar ao lado de seu mestre, e precisou seguir as costas dele.

Apesar de ser velha e quase invisível, seguir uma trilha deveria ser melhor do que tentar achar o caminho de forma aleatória. Mas essa parte da montanha se provou ser ainda mais complicada.

O caminho era estranho, tortuoso e algumas vezes acabava de repente, apenas para aparecer de novo longe de onde estavam. As árvores eram tão próximas Ei não conseguia ver o que tinha além da trilha. Mas os espaços sombrios entre os troncos a fazia se sentir inquieta.

Não consigo ver nada... Ela respirou fundo para acalmar seu coração. Mesmo sem sentir nada, parece que algo pode sair a qualquer momento, ela pensou, parando a vontade de tremer. A discípula andou mais perto das costas do seu mestre.

Não importava o quanto andavam, o cenário não mudava. Quem quer que tenha feito esse caminho bosta queria manter forasteiros afastados, Ei pensou, segurando a vontade de gritar de frustração. Não... não manter afastados... foi feito para levar as pessoas para algum lugar... algum lugar sombrio.

A copa das árvores eram tão próximas que bloqueavam a luz, criando uma noite dentro do dia, mesmo com o sol ainda acima de suas cabeças. Os troncos os protegiam dos ventos. Mesmo assim, Ei não conseguia parar de sentir algo frio e pesado no ar. E isso a sufocava a cada passo.

Parece que a gente tá cercado pela morte, ela pensou, puxando o casaco para mais perto. Se a gente se perder aqui... Ela estremeceu com a ideia e andou tão perto de seu mestre que ela não conseguia ver quase nada além das costas dele agora.

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