Capítulo 21

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Estamos a salvo? Mesmo depois do ninja e do menino samurai terem ido embora, Ei ainda apertava a espada com força. Sua respiração não tinha retornado ao normal. Eles realmente se foram? Ela sentiu o frio atacando contra sua pele descoberta, mas ignorou a dor.

Só quando Tadayoshi tocou a mão dela ela abaixou a espada lentamente.

— Eles... Kenshin não vai voltar. Não importa o quanto ele ordene, Masa não vai deixar. Não com um ferimento daqueles — disse o espadachim, encarando o local onde os inimigos deles desapareceram.

Ei notou os olhos de seu mestre estavam sem foco por um momento. Então esse era o filho de Yasuhiro-sama, ela pensou, olhando para o mesmo local que o espadachim. Então ela percebeu que a mão dele, ainda em cima da dela, estavam vermelhas e pegajosas.

— Me deixe tratar esse ferimento — ela disse numa voz baixa, finalmente embainhado sua espada.

Tadayoshi mal murmurou sim. Ainda encarando o local onde Kenshin desaparecera, ele deixou sua discípula o arrastar até a casa que passaram a noite.

Ela molhou um pano na água da garrava de bambu e entregou para ele limpar o sangue no braço. Então ela usou o resto da [agua para encher a vasilha extra que tinham. Mesmo que significasse carregar mais peso, ela fez questão de ter duas.

Se dependesse dele, a gente usaria a mesma vasilha pra cozinhar e misturar os remédios, ela pensou distraidamente enquanto Tadayoshi acendia o fogo. Enquanto esperava para a água aquecer, Ei amassou as ervas. Mestre e Kenshin... eles cresceram como irmãos... e mesmo assim, aquele menino samurai estava olhando para ele com tanto ódio...

Ela sentiu um aperto estranho no estômago. Mestre nunca negou que matou Yasuhiro-sama, mas ele sempre diz que não fez por querer... ninguém além do mestre sabe o que aconteceu naquela noite, mas todos o culpam... Não importa o que faça, ele sempre será conhecido como o homem sem lealdade, o homem que matou o herói, Yasuhiro-sama.

Ei acreditava em seu mestre. Eles estavam juntos por mais de um ano agora e ela tinha aprendido muito sobre ele. Ela sabia que o espadachim, mesmo sem hesitar em matar, não sentia qualquer prazer nisso. E apesar de falar mal dele aqui e ali por alguma coisa, ela sabia o quanto Tadayoshi o amava o mestre.

Mesmo assim, a maior parte de seu passado continuava um mistério. O mestre dela prometera contar a verdade um dia, quando ela estivesse preparada. Acho que ainda não estou, ela pensou, abraçando os joelhos para aquecer. Depois de um tempo, ela parou de perguntar. Não que sua curiosidade tivesse diminuído; apenas que a confiança em seu mestre cresceu ainda mais.

Enquanto ela se perdia em seus pensamentos, Tadayoshi puxou uma das shurikens de suas roupas e virou para se distrair. Quando ele apanhou isso? Ei se perguntou, encarando a arma. Não tinha a ponta apenas afiada. Tinha pequenas fendas ao longo da lâmina para arrancar carne quando retirada. Pelo menos não parece envenenada.

Quando a vasilha estava exalando vapor, Ei apagou o fogo e pegou um pano limpo. Depois de mergulhar na água quente, ela limpou o ferimento. Então, sob a careta de Tadayoshi, a garota pegou um pouco das ervas amassadas com o dedo e cobriu o lugar onde a shuriken atingira.

— Precisa mesmo de ataduras pra um arranhão desses? — Tadayoshi perguntou, sem esconder seu nojo pela pasta em seu braço

— Não. Mas já que você é como uma criança que fica coçando a casca, eu preciso — ela respondeu e continuo a enfaixar o braço dele.

Depois de tudo feito, Ei usou a água quente para limpar a vasilha. Então ela guardou todos os matérias na bolsa. Vou ter que limpar os panos depois, ela pensou, lembrando o quão fedorento tudo ficava quando ela esquecia.

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