Capítulo 13 - Especialista itinerante

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"Não é nada provável, penso, que o especialista itinerante acertasse exatamente o caráter de algum aldeão, mas pode-se afirmar que ele sempre era esperto o suficiente para fornecer aos seus clientes quadros de caráter que os comparavam favoravelmente a George Washington."Mark Twain, citado em C. Neider, The Autobiography of Mark Twain



A dança de Camperine foi sucesso por alguns dias apenas. O público diminuía progressivamente, já que aquilo não era mais novidade. Chegou a se apresentar para apenas um local, que entreolhava o holandês e sua caixa azul.

A comunidade, no entanto, manteve a palavra de alimentar os três sujeitos perdidos. Eles não poderiam fazer nada além disso, muito menos para ajuda-los a voltar para casa. Entre eles, no entanto, o assunto se dissolveu durante esses dias. Não falavam mais sobre a volta, simplesmente viviam o que era possível ali, sem expectativas.

Watt estava mais conectado. A vacina funcionava, mas ele não se afastou dos companheiros, pelo contrário. Camperine e Ferrus quem se aproximavam cada vez mais do quotidiano da ilha. Trabalhavam em pequenas manobras de carga, que era o serviço de transporte de latões para um túnel. Camperine mantinha o caminho limpo para que Ferrus indicasse por onde os operários deveriam seguir.

Eram duas linhas de transporte de galões para dentro do túnel. Quando uma ficasse muito engarrafada, a outra deveria ser usada, e assim por diante. Os locais faziam aquilo durante um dia inteiro, praticamente sem intervalo. Camperine notou aos poucos que nada saía daquele grande buraco. "Como poderia ter tanto espaço?", pensou. Era uma dúvida que ele achou melhor não sanar, pois considerava-a uma vantagem, pois "quanto menos você sabe, menos problemas você tem", repetia ele como um mantra.

Ferrus era um pouco menos desprendido quanto a isso. Tentou tirar informações sorrateiramente de Watt, durante algumas conversas. Nunca conseguiu. Não tratava-se do mesmo barman desastrado que conheceram, mesmo que o sentimento de amizade tenha se mantido intacto.

Watt fazia outras coisas durante o dia. Ficava dentro do templo central, cuidando da limpeza e da manutenção. Por ficar tanto tempo ali dentro ele notou alguns detalhes que o surpreenderam. Todos acreditam que as paredes do lugar é irregular, cheias de curvas. Mas aquilo era pura ilusão de ótica. Não havia uma curva sequer, era tudo quadrado. O que dava a impressão causada eram linhas sinuosas desenhadas por todo o local.

Tudo aquilo fora arquitetado por Leoh e Craig para inserir uma espécie de religião dentro da cultura local. Eles usaram elementos com padrões de repetição, animações, projeções e efeitos sonoros que criavam um ambiente de ilusão. Deu certo, conseguiram converter completamente a comunidade.

De vez em quando, durante seu turno, Watt atentava-se naquelas linhas e composições. Porém, quando começava a pensar demais, balançava a cabeça como se aquilo fosse dela tirar aquele foco, afinal era constantemente monitorado. Acabou por seguir os conselhos de Camperine e tentar não saber tanto.

Isso, contudo, foi o que ele menos fez. Ao começar a frequentar o oráculo cada vez mais, ele soube muito mais do que queria, e sem perceber, era constantemente submetido à máquina, o que o tornava cada vez mais parte daquele grupo de pessoas. Assim como elas, não se importava com esse processo, pois suas únicas tarefas eram trabalhar e decidir quando usar aquela caixa azul com desenhos brancos que tinha de carregar.

 Assim como elas, não se importava com esse processo, pois suas únicas tarefas eram trabalhar e decidir quando usar aquela caixa azul com desenhos brancos que tinha de carregar

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