Capítulo 21. Acromantulárias Carnívoras.

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– AAH! – Lyfia gritou novamente, caindo de costas no solo morto da floresta das sombras. Alex e eu levantamos imediatamente, em conjunto. Encaramo-nos por alguns segundos e seguimos caminho em direção a minha amiga, que se contorcia no chão como se estivesse tendo uma convulsão.

Aka foi a primeira a chegar lá. Ela cheirava todo corpo de minha amiga, ela rosnava como uma mãe protetora, encarando a filha que sentia muita dor. Lyfia parecia desesperada. Meu corpo simplesmente não conseguia fazer nada, meus olhos estavam parados e prestando atenção em apenas uma coisa: a dor de minha amiga. Parecia muito mais real para ela do que para nós.

Aos poucos, não éramos os únicos assistindo. Sukki largou seus livros e veio para cima de Lyfia, procurando por alguma ferida em seu corpo que poderia ter causado algum tipo de alucinação. Allium veio logo em seguida, vestindo suas ceroulas e tapando seu pênis flácido que balançava enquanto corria. A agua havia deixado seus cachos um pouco mais controlados. Suas orelhas apareciam melhor.

– Como ela está? – Sua voz demonstrava uma estranha preocupação. Nunca tinha visto Allium se comportar dessa maneira. – Alguma coisa fez isso?

Sukki levantou sua cabeça, seus olhos verde esmeralda encarando os castanhos de Allium com preocupação e medo.

Antes que ela pudesse responder, Lyfia despertou da alucinação, abrindo seus olhos, arregalados e espantados. Ela se levantou de imediato, com o apoio de seu primo.

Aranhas... Eu as vi... – Lyfia dizia, sua voz um pouco tonta e doentia. – Eu vi... Eram enormes. As aranhas... Elas estão chegando.

– Aranhas? – Alex questionou.

Impossível – Sukki constatou. – Não existe vida animal na floresta das sombras.

Lyfia ignorou os outros dois, se voltando diretamente para seu primo. Eles estavam se encarando por um bom tempo, e então, ela continuou sua fala, percebendo que Allium não discordaria dela.

– Eram enormes... Peludas e marrons, com tons avermelhados... Tinham a altura da Aka. Nojentos...

Essas discrições não me eram estranhas. Algo em suas palavras me soava familiar. Eu me lembrei imediatamente. Eu as vi algumas vezes no caminho para cá, e a cada passo, a quantidade delas aumentava.

Lyfia não estava alucinando.

Aka, a loba, estava longe de nós, rosnando para o nada. Seu corpo estava inclinado para baixo e seus dentes grandes e brancos estavam a amostra, deixando passar uma grossa saliva translucida que tocava o chão. Nunca a vi tão furiosa.

Os olhos castanhos de Allium cresceram imediatamente, ele encarou a todos nós com pavor e emergência. Ele logo puxou o braço de Lyfia.

– Tem certeza? – Perguntou, encarando os olhos de Lyfia com bastante atenção.

– Sim... – Lyfia respondeu, ficando ainda mais assustada.

– Você não pode... – Alex se aproximou de Allium, segurando seu braço com força e fazendo-o encarar seus olhos amarelos.

Acromantulárias Carnivoras.

– Isso é impossível – Sukki se colocou no meio dos rapazes. – Essa espécie está extinta desde a queda de Karzak. Foram mortas em batalha na primeira guerra do mundo mágico.

– Não, não são. – Eu interrompi. Lyfia abriu um curto sorriso de vitória. – Eu vi umas três no caminho para cá.

Os olhos de todos estavam em mim, Sukki estava mais incrédula, se comparada aos outros. Suas mãos pequenas foram parar em sua boca, que ia exalar algum gemido de horror.

Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora