Capítulo 40. Pelos bons tempos Parte II: A batalha das Eras!

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"... Antes que alguém morra" A voz enigmática de Damon continuava a perambular em minha cabeça. "... Antes que alguém morra" Ela repetiu.

Não, dessa vez eu não estava sonhando. Eu gostaria de estar, na verdade...

No momento em que abri meus olhos, me encontrei em uma horrível realidade. Estava passando por algo que eu nunca quis... Uma decepção desse nível era como a morte de todo e qualquer sentimento bom dentro de mim. Era tarde demais para descartar a possibilidade de estar em um pesadelo?

Aquilo tudo que eu estava vendo não parecia real, não podia ser real. Eu estava ensanguentado. Aos prantos. Sentindo uma dor enorme que devorava minhas entranhas, bagunçava as minhas memórias, cozinhava meu coração e me fazia chorar desesperadamente... Eu me apeguei ao único resquício de vida que me restava, estava desesperado. E quem não estaria? Como disse, eu estava ensanguentado... Mas não estava coberto pelo meu sangue, e sim pelo de Allium.

Ele estava caído, em meus braços, no colo... O seu corpo, inerte, sem cor... Minha visão estava embaçadas, mas eu ainda conseguia ver um sutil sorriso em seu rosto. Allium era charmoso... Mesmo em tons pálidos de um defunto.

Meu coração apertou. Meus olhos não queriam mais ver aquilo... Imagine, tendo um dom ocular que lhe permite ver muito mais do que o comum, que lhe dá a capacidade de ver a força mágica. Meu Lúcidos não estava sendo controlado por mim, obra da força mística da Lua. Estava a observar o corpo de um amigo, alguém especial, que havia se sacrificado por mim. Para me salvar. Eu estava vendo os poucos sinais de vitalia em seu corpo desaparecer junto com a cor de sua pele.Havia um buraco que atravessava um espaço entre seu peito esquerdo e direito, me permitindo ver o que estava do outro lado: uma poça de sangue que se formava logo abaixo da cratera em seu corpo, que continuava a sangrar naquele chão destroçado. Eu conseguia ver muito mais do que isso, eu estava vendo os cortes brutais em suas vísceras, suas veias e artérias... Todo sinal de vida estava se esvaindo dali.

O som do batimento do seu coração ainda podia ser ouvido por mim.

A minha frente, Stefan observava, com respingos de sangue espalhados por sua vestimenta e rosto demoníaco, não demonstrando sentimento ou até mesmo incomodo. Em sua mão, eletrificada, estava o órgão de Allium, melado de sangue, arrancado de seu dono, ainda batia. Tudo aconteceu tão rápido.

Meu coração queria pular para fora da boca... A imagem era nojenta, não posso negar. Mas, era ainda mais triste. Como pude querer salvar alguém como ele? Como pude deixar algo assim acontecer?

Talvez se eu não tivesse pedido a Allium pra fazer algo assim... Talvez, se eu tivesse trazido a todos isso poderia ter um resultado diferente. Deveria ter vindo sozinho?

Stefan bateu suas asas, a poeira dos destroços voou em minha direção, caindo ciscos em meus olhos.

Algo que caiu a minha frente, exatamente ao lado do morto Allium.

Um coração arrancado, sem vida. Mas ainda batia, eletrocutado com a vitalia vingativa de Stefan... Era um movimento involuntário, que havia perdido seu propósito de bater no instante que fora arrancado de seu dono por Stefan usando sua mão coberta por raios e relâmpagos, com o propósito de me matar. E teria obtido sucesso, contudo, Allium conseguiu, no último instante, se libertar das cobras que o acorrentavam, e sem tempo para usar alguma magia da terra, ele fez o que pôde para me salvar... Mesmo que eu não o quisesse feito... Mesmo que eu não tivesse pedido.

Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora