Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)

Capítulo 22. De volta ao ponto de partida? Uma decisão importante!

O gosto do chá de erva que Sukki havia me preparado descia como se eu estivesse comendo um pinho inteiro, rasgava minha garganta em vários pedaços. E o gosto, então, era intragável. Eu não consegui fingir estar gostando daquilo.

– Acho melhor você se acostumar com o gosto – Sukki falou, ao meu lado. – Não temos como esquentar. Então, o chá de folha de makuru vai demorar a fazer efeito. E quanto mais você bebe, mais demorado será para melhorar.

– É horrível – eu respondi, fazendo careta após dar um gole. Podia ter certeza que iria colocar para fora.

– Não é tão ruim quanto ter que comer a própria fora de makuru. – Sukki sorriu, me encorajando. – Mas isso pode te ajudar a descansar um pouco. É um sonífero muito bom.

Eu continuei a beber. O gosto ruim daquele chá me lembrando de que essa não era a única sensação horrível que fazia parte da minha madrugada. Eu estava inquieto, pensando o que poderia estar acontecendo com Stefan e Lyfia. Minha amiga havia partido mais ou menos há meia hora e ainda não havia voltado. Definitivamente estava lutando... Mas Stefan? Ele estava lá a mais tempo do que minha amiga, e a distração do ataque das aranhas nos atrasaram bastante.

Talvez o chá não fosse forte o bastante para me ajudar... Ou eu não queria esquecer nada e dormir como se tudo estivesse bem. Contudo, eu tinha que relaxar um pouco. Ficar sentado o tempo todo até minha bunda ter câimbra não era de grande ajuda. Não era de ajuda nenhuma.

Quando parei de pensar nisso, Zaki, o filho do governante das sombras, apareceu, carregando em seu ombro o braço de Stefan. Que por sua vez estava completamente desacordado. Havia sangue e arranhões por todo seu rosto e corpo quase desnudo. Seu pé estava para o outro lado, indicando estar quebrado. Zaki fez uma onda de sombra carregar o corpo de Stefan no ar. Alex e Aka se levantaram ambos olhavam com curiosidade para o corpo de Stefan – que não estava mais disfarçado. Allium se aproximou de Zaki, seus olhos estavam preocupados. Sukki tratou logo de apanhar mantimentos médicos.

– Onde está Lyfia? – Quis saber Allium.

– Conseguiu paralisar o ser que estava fazendo isso. Era uma mulher-aranha – Zaki olhou para mim imediatamente. – Os seus guerreiros foram estripados. Nenhum deles está vivo. Stefan estava sendo torturado quando chegamos lá.

Meu coração apertou. A lembrança daquela mulher que havia perseguido Stefan em sua vila-natal quando eu estava em busca de respostas. Ela era poderosa, eu conseguia sentir sua energia sobressair acima dos outros três guerreiros que andavam com ela... Eu não posso imaginar como deve ter sido um dos guerreiros do meu castelo... Minha responsabilidade era cuidar de suas vidas. E se isso tivesse acontecido com Stefan, eu não me perdoaria.

Eu queria levantar, mas não conseguia usar muito da minha energia para alimentar aquela aranha gigante me causou uma exaustão imensa, e eu só me mantinha acordado devido a preocupação. Eu estava impossibilitado de levantar e encarar o ferido rosto do meu amado.

– Traga-o aqui, por favor – pedi, percebendo que era a única coisa que poderia fazer.

A sombra que Zaki movimentou com a dobra de seus braços veio e trouxe Stefan para o meu lado. Eu coloquei minha mão em cima de seu peito, podendo sentir os batimentos de seu coração. Eu encarei para Zaki, pensando em Lyfia imediatamente.

– Volte – falei. – Não deixe que aquela coisa machuque minha amiga.

Zaki concordou com a cabeça. Em seguida, foi sugado pela sombra e viajou no chão, se colocando, entrando e saindo das outras sombras das arvores. Eu encarei Sukki.