Capítulo 37. Ponte para Hebeais

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Ao chegarmos no limite da floresta das sombras, o dobrador enviado por Zaki, partiu imediatamente, dizendo estar atrasado para a iniciação de Zaki como governador da floresta das sombras. Lyfia parecia estranha... Ou talvez meu coração estivesse um pouco nervoso, e acabei por observar minha amiga de uma outra forma. A conversa com Zaki foi um pouco perturbadora. Segundo ele, os ancestrais disseram que algo está para acontecer com Lyfia durante a Lua Spectral... Será que os ancestrais poderiam errar?

Estava rezando silenciosamente que sim.

Quando todos estávamos parados à beira de um precipício, notamos a queda d'água que saia da Floresta das Sombras. O mesmo que nascia em Jardim Grande. Na outra margem havia árvores bonitas, grandes e verdes. Floridas. Diferente da flora da nossa margem, a do outro lado parecia muito mais atraente e menos perigosa que o lar dos dobradores de sombras. O aroma até chegava do nosso lado de maneira mais... morta.

Eu me peguei pensando: Será que as aparências enganam? O que me aguardava do outro lado era desconhecido.

– Allium, você já viu uma Floral? – Perguntei, querendo saber como elas eram.

Ele negou com a cabeça.

– Meu pai fala que o contato com as Florais foi quebrado quando a Floresta das Sombras nasceu.

Eu olhei para o outro lado da margem novamente, pensando em pegar o rio para que eu pudesse atravessar. Mas a voz de Sukki me chamou atenção.

– Mas, como vamos atravessar?

– Não deveria existir uma ponte aqui ou algo assim? – Alex perguntou. Aka gemeu. – Myrta me contava histórias de Florais e a floresta Herbeais quando eu era pequeno. Havia uma ponte de flores de primavera.

– Como eu disse, o contato foi quebrado com o nascimento da floresta das sombras – falou Allium.

– Precisamos achar um jeito de passar – Lyfia falou.

– Talvez eu possa levar o corpo de vocês para o outro lado. – Propus. – Em seguida, eu me levo para lá. Um a um.

– Podemos tentar – Lyfia concordou. Seus olhos estavam um pouco perdidos.

Ela se colocou na frente. Se preparando para ser levitada.

Eu me virei em sua direção, me posicionando e arrumando concentração. Com o Lucidos ativado, eu comecei a sentir meus olhos queimarem e minha essência se misturar com a magia no ar. Diferente da atmosfera interna da Floresta das Sombras, aqui era um pouco mais fácil manipular a vitalia ao redor. O corpo da minha amiga levantou-se do chão e com delicadeza e comecei a passar seu corpo por cima do rio que corria. Quando estava quase atravessando, algo forte me parou. E em seguida, o corpo da minha amiga foi arremessado de volta para onde estávamos.

Sukki serviu de almofada para o corpo de Lyfia.

– O que aconteceu? – Perguntou Allium, ajudando sua prima a se levantar.

Com meu Lucidos, eu tentei procurar algum traço de magia que seja capaz de repelir o corpo da minha amiga. Focando bastante no ponto onde ela estava, eu pude ver algo estranho. Em um ponto no centro havia uma rachadura. Que expelia uma espécie de constante energia mágica, que, por fim, refletiu o corpo da minha amiga, funcionando como um escudo.

– Algo a empurrou de volta.

Juntando a palma das minhas mãos, em seguida as separando, liberei uma quantidade de energia em minha mão. Eu consegui reuni-las em um só ponto e criar uma pequena estrela, que aos poucos foi se tornando uma borboleta de luz, que, por sua vez, saiu voando a meu comando, na direção daquele corte. Com um pouco mais de concentração, surgiu mais dez delas, vindo de sua original. Cada uma voou para pontos diferentes.

Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora