Capítulo 28. O corvo, a borboleta e a cobra

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Era noite, a lua e as estrelas dançavam suas luzes em cima, num céu belo. Azul escuro. O silêncio era a melodia mais doce que se poderia ouvir, às vezes a brisa batia na grama verde e escura, as fazia se mexer e se juntarem a banda sinfônica daquele momento artístico. Perto do chão estava uma linda e ornada borboleta de luz prateada, como a lua, ela chamava atenção por sua delicadeza cintilante. Deixando para trás, uma brilhante poeira cósmica.

Ela voava no meio de dois outros majestosos e misteriosos animais. Todos trocavam olhares com faíscas duvidosas.

Na grama verde escura, estava uma serpente branco-cinza, ela estava rastejando lentamente ao redor da dançante borboleta, com seus olhos retos e sorrateiros no pobre e indefeso animal. A luz da lua cheia batia em sua pele e refletia a luz para outros cantos, as escamas escorregadias pareciam úmidas e lubrificadas. Acima dos dois animais estava sobrevoando um majestoso e enorme corvo negro. Suas penas negras e pesadas estavam refletindo a luz prateada e transformando-a em um pequeno arco-íris. Seus negros e completos olhos estavam intensos no pequeno animal ao meio. E, às vezes atingiam a serpente.

A borboleta estava indefesa e vulnerável no meio de dois grandes predadores. Mas não era apenas isso, ela estava tornando uma outra coisa... Seu corpo de inseto parecia, de repente, mais humano. Havia pelos prateados nele. E rapidamente eu me identifiquei com o pequeno luminoso animal alado. Os olhos negros do corvo estavam vermelhos acesos, e havia uma fenda em cada um deles. O corvo dos meus sonhos... Amaldiçoado e sombrio. A cabeça da cobra se tornara mais animalesca e grande, suas narinas cresceram e seus dentes se tornaram mais ameaçadores e grandes. Todos eles. Parecia um dragão oriental, se rastejando no chão como uma cobra e soprando fogo por suas narinas. Era uma reunião sinistra. De três animais distintos... A imagem deles foi se distanciando, dando espaço para a visão se amplificar e mostrar um conjunto de pedras floridas, pedras do tamanho de um ser humano, esculpida como três mulheres orando no centro. Onde os animais estavam.

Elas tinham uma aparência triste, como se algo muito importante estivesse sendo tirado delas.

– Seu tempo está acabando... Escolhas devem ser feitas... De um lado você ficará, mas qual? – Uma voz sussurrou severa, ecoando em minha cabeça.

Eu estava presente no sonho. Mas aquilo não era um sonho, parecia mais com um... aviso. Um aviso como os outros sonhos que apareciam.

Ao acordar, ergui meu corpo cansado e suado. Minha respiração estava pesada e assustada. Meus olhos visitavam ao redor, perturbados. Estava tão suado que meus cabelos prateados grudavam em minhas bochechas e pescoço.

Minha caixa torácica subia e descia intensamente. Minha mente estava perturbada. Minha cabeça latejava cansada, eu sentia uma dor de cabeça intensa. Uma dor de cabeça que antes parecia distante. Mas agora, ela parecia mais presente do que nunca.

Eu encontrei um pequeno pote do anestesiador cicatrizante que Sukki preparou pra Lyfia ao meu lado, eu olhei para minhas pernas e as encontrei aberta, com alguns traços de sangue endurecido. Imediatamente me lembrei imediatamente do brutal sexo selvagem que tive com Stefan em sua forma demoníaca. A dor ainda podia ser sentida por minha entrada. Os arranhões em minhas costas e braços ainda ardiam, mas aquela dor se tornará aceitável. Meu corpo ainda estava exausto e eu sentia que poderia dormir novamente, mas o aviso me perturbava.

Eu estava deitado em uma cama improvisada no chão duro e morto da floresta das sombras. Eu olhei para o lado e ali estava o corpo forte e curado de Stefan. Eu continuei subindo o meu campo de visão e passei pelo seu flácido membro, com pouco pelos e logo vi seu abdômen definindo e seu peitoral firme. Sua clavícula e logo o seu pescoço deu uma prévia de seu lindo e severo rosto. Os olhos de Stefan estavam abertos, negros em minha direção, me observando.

Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora