Capítulo 12. Vítalia

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Apesar de ter passado a noite sonhando comigo mesmo voando em uma multidão perdida de perguntas sem respostas, literalmente, eu acordei bastante cedo do que o esperado. Sukki já tinha saído para seus estudos com Oldor, o bibliotecário, e eu acordei cheio de energia – apesar de ainda me perguntar sobre a história de Karzak; eu merecia viver mais do que ele merece?

Quando levantei da cama e me tirei debaixo daquela grossa coberta, que magicamente voltou ao seu estado natural e arrumou a cama, me espantei com o meu estado físico. Minhas asas haviam saído de seu estado 'normal', desenhadas em minhas costas, e eu as havia libertado. Acho que por isso senti incomodo por dormir em cima dela e de repente, na madrugada, eu resolvi dormir de bruços.

Aproveitando esse momento, eu me visualizei voando novamente, e foi o que aconteceu. Minhas asas bateram e eu logo estava voando pelo quarto. Bem melhor do que a minha primeira tentativa de ontem. Os misteriosos sopros serenos de uma manhã morna que adentrava pelas grandes e inexistentes janelas de Kendrak, batiam em meu rosto e eu estava no paraíso. E foi maravilhosa toda aquela sensação, até que então, fui interrompido com a imagem de Sukki, me encarando com seus encantadores olhos verdes; uma expressão mista de surpresa, espanto e encantamento cintilavam nas sombras de seu rosto.

Eu diminuí as batidas das asas e aos poucos fui me colocando no solo, o suficiente até que fui capaz de colocar meus pés no chão novamente.

– Uau... – Sukki deixou escapar lentamente.

– Eu achei que você tinha estudar.

– E eu estava indo, mas eu esqueci o livro que peguei da biblioteca ontem – Sukki logo respondeu, indo a sua capa e procurando o livro que tinha estado em sua cama.

– Você já vai entregar? Você terminou de ler? – Perguntei surpreso, aquele livro era mais grosso do que um exemplar da bíblia. Como seria possível Sukki ser uma rata de livros nesse nível?

– Sim – murmurou ela. Voltando para onde veio.

Eu a acompanhei com meus olhos, deslizando-os de um lado para outro até que ela ficou parada no que seria uma porta que levaria para um longo e lindo corredor. Mas ela parou no meio do caminho e me encarou.

– Você vai às sessões com a curandeira daqui novamente?

– Ela tem magias médicas realmente muito boas.

– Imagino – falou ela, com um sorriso no rosto. – Então, nos vemos quando voltar.

– Nos vemos quando voltar – me despedi com um sorriso no rosto.

E no instante em que ela deixou aquela porta, um peso imensurável se apossou de mim, meu coração parecia uma bigorna, que fazia meus pulmões ter dificuldade em respirar. Mentira nunca foi o meu forte, mas às vezes elas são realmente necessárias.

Depois de me concentrar em guardar minhas asas eu fui ao lavabo, onde me coloquei dentro de uma quente e confortável agua, levanto toda minha preguiça de mais cedo, e mais tarde, eu me agasalhei com as vestes que apareceram em cima da cama a qual eu vestia. Era uma bata branca detalhada com preto.

Quando a vesti, senti um peso realmente leve... Não, ele era pesado como o inferno. Mas, se não as vestisse, o que mais seria? Andaria pelado por ai?

Deixei meus aposentos em seguida, andando pelo lindo corredor ornamentado com desenhos em suas paredes limpas e cristalizadas. Meu caminho era certo, eu estava indo em direção a Loras, para mais uma sessão de treinamento, e eu tinha em mente exatamente o que eu queria. Eu iria pedir a ele para me explicar a vítalia, e como usa-la ao meu favor. Eu só pensava em como poderia ficar mais forte se fosse capaz de usa-la como arma contra meus inimigos.

Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora