Chamerd: Um enigma nas sombras (Encantado 2)

Capítulo 34. O Corvo

Todos estávamos de volta ao acampamento. Só que dessa vez, a companhia do pensativo e calmo Stefan fora substituído pelo jovem e paciente Ashir, um conselheiro albino de Kendrak, extremamente poderoso. Capaz de controlar as magias dos cinco elementos. Ele nos escoltou de volta ao local, verificando a segurança, precavendo ataques surpresa dos inimigos.

Depois de muito tempo gasto na batalha contra os Answags, muitas surpresas e reviravoltas. Depois de ser enviado ao inferno e voltar. Eu finalmente parei de lutar.

Estávamos cansados. Alex estava exausto. Completamente detonado, mas se recuperava rápido. Sukki e Lyfia estavam apoiando Allium, que gastou mais energia do que o previsto manipulando as raízes. Zaki vinha ao meu lado, com Aka. O sol estava nascendo e a luz entrava por meio das árvores. Os olhos azuis avermelhados de Ashir encontraram os meus e por um momento, eu achei que o conhecesse.

– Majestade – falou ele, com bastante calma. Seus lábios eram desenhados e avermelhados. – Eu sei que deves querer descansar, foi uma noite de muita perda para o senhor. Mas precisa saber mais sobre o que aconteceu. Não tenho muito tempo.

– Não mesmo – falou Zaki, descontraído. Seus olhos estavam cerrados. Ele não gostava muito de Ashir.

Os dois trocaram olhadelas por um tempo, Ashir não demonstrou em seu rosto qualquer expressão facial que levasse a ser considerada raiva. Ele apenas voltou a me encarar, e então, respirou fundo.

– Preciso te contar agora.

Eu assenti com a cabeça, lhe dando permissão para falar.

– Podemos nos sentar primeiro? – Allium se colocou à frente. Sua voz estava extremamente cansada. Ashir tentou não rir. O caminho todo vem achando o Elfo uma figura e tanto.

Depois que Ashir conseguiu invocar pequenos lugares de pedra. Todos nós sentados em uma rodinha. Encarando uns aos outros. Ashir estava muito concentrado em mim. E então, começou a falar:

– Eu estou em uma missão do conselho – disse, com bastante calma. Todos nós ficamos concentrados. – Eu estava atrás do livro de Asuna.

Lyfia e eu trocamos olhares significantes. Ela voltou sua atenção ao conselheiro, assim como eu. Ele parecia tenso.

– Eu não tinha permissão para contar isso a ninguém. Ordens do conselho. – Disse. E antes eu pudéssemos lhe questionar, ele voltou a falar. – Mas, também estava serviço de outros interesses, como os da princesa Saory. – Ele olhou para Sukki nesse momento. – Nós desconfiamos que os queridinhos de Oricha poderiam estar com o livro de Asuna em posse, já que o surgimento de novos híbridos vem crescendo ultimamente.

– Nós descobrimos isso, também – falei, sério. – Lyfia e eu achamos o laboratório onde estavam sendo feitos. Mas não achamos o livro de Asuna por lá.

– Não achamos muita coisa... – Lyfia falou, meio distante. De repente, um brilho surgiu nos olhos verdes de minha amiga e eu senti meu estômago embrulhar...

E não acharemos. O laboratório foi destruído, transformado em nada por uma força desconhecida que quase nos matou.

Os olhos diferentes de Ashir me encararam espantados por um momento. Ele queria me perguntar, eu sei que queria. Mas ele tinha uma história para contar, e eu não iria mais interrompe-lo.

– Isso é porque... não está lá – falou ele –, não mais. Pelo menos. O livro está com o Answag mais forte. Ele só pode estar com aquele que Oricha mais temia.

Meu estômago congelou. A tristeza em meu corpo pareceu aumentar dez vezes, eu sabia o que ele queria dizer, mas não podia acreditar. Stefan? Ele estaria com o livro de Asuna esse tempo todo?