Prólogo

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Uma roda. Um tabuleiro. Quatro velas. Cinco pessoas.

Respiro fundo, tentando achar uma posição confortável para mim. O tabuleiro não era tão grande, então tínhamos que dar um jeito de todos cabermos em volta.

- Bia, você não está com medo? - Indaga Mila, parecendo assustada.

Eu estava quase tendo um treco logo ali, mas eu queria parecer forte para eles. Não sei bem o porquê.

- Não muito. Isso é so um jogo, não é?

Meu olhar vai para Caíque, que estava na minha frente. Ainda consigo ver seus olhos na escuridão. Foi ele que teve a ideia da gente fazer isso.

Eu, Mila, Caíque, Paulo e Emanoel. Somos amigos desde o começo do ano, e agora que estamos em setembro, nossa amizade só foi aumentando.

E tenho uma impressão que só vai aumentar ainda mais depois desse jogo.

- Que nada! Fantasmas não existem, galera. - Escuto Emanoel começar. - Só estou aqui pra ver a cara de vocês quando isso não funcionar.

- Não zombe deles, cara. - Caíque da uma cotovelada em Emanoel, que começa a ficar irritado.

- Dá pra parar vocês dois? - É a primeira frase da noite que Paulo fala. Ele não estava com medo, mas estava em alerta. - Vamos terminar logo com isso, quero ir embora cedo.

Mila desbloqueou o seu celular, fazendo com que o seu rosto fique o único foco da sala.

- Já são onze da noite. - Avisa.

E então, Caíque pega o ponteiro e pede para todos nós colocamos o dedo indicador.

- Anda logo, Emanoel! Isso é pra hoje.

Escuto ele bufar e não demorou para colocar o seu dedo no ponteiro.

Nossa, eu nunca pensaria que jogar Ouija fosse me dar um arrepio na espinha como agora.

- Se lembram das regras, não é? Não pode perguntar sobre a morte do...

- Já sabemos, não precisa repetir. - Disse Paulo, com ignorância.

Às vezes, penso que eles tem um pé atrás um com o outro.

Caíque próprio se escolheu para fazer as perguntas. Todos concordamos na mesma hora, ele era realmente o único animado daqui.

- Corações sinceros e unidos estamos. - Ele da uma pequena pausa. - Espíritos próximos os invocamos.

Fecho os olhos por alguns segundos, esperando pelo pior.

Mas nada aconteceu.

Abri meus olhos, e o ponteiro continuou no mesmo lugar que estava antes. No centro do tabuleiro.

- Eu disse que isso era besteira. Como sempre, o Emanoel aqui estava certo.

Sua risada foi escrota ao ponto de ser irritante. Emanoel era bem chato algumas vezes, e ainda não sei porque ele andava com a gente, já que falava que tinha coisas mais interessantes para fazer.

E isso me irritava. Bastante.

- Sério que nada aconteceu?

Acho que eu estava tão ocupada vendo Emanoel se gabando, que nem vi que o ponteiro se mexeu.

Espera, ele se mexeu?

Y E S

Ele volta para o centro, e meu coração acelera. Eu tinha visto certo?

- Faz uma pergunta. - Escapou da minha boca.

Caíque limpa a garganta antes de continuar.

- Qual o seu nome?

GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora