Me arrastando para baixo

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Um braço envolvia a minha cintura quando eu, preguiçosamente, acordei. O quarto estava bem frio, devia ser por isso que eu estava toda agarrada nele. Tive a coragem de abrir os meus olhos, que doíam com a pouquíssima claridade que continha ali.

Eu estava por cima de Caíque e por sorte estava vestida. Que eu me lembre, não rolou nada além de beijos ontem. Bom, ia rolando, mas o importante é que não rolou. Onde eu tava com a cabeça? Caíque era o amigo de Paulo, e meu amigo também.

O estranho era que eu não me sentia tão culpada assim. Eu gostei bastante. Fui me levantando aos poucos para não acordá-lo. Caíque tava bem fofo dormindo, devo admitir. Tô me estranhando por não estar com dor de cabeça, nem nada. Eu bebi muito ontem, não bebi?

Percebi que uma blusa grande e preta me cobria. Ela tinha o cheiro forte de Caíque e acabei soltando um sorriso, mas me lembrei que eu posso não me lembrar de tudo.

Não, isso não aconteceu, Bia. Tenho certeza. Vi que ele ainda dormia profundamente e vesti o meu vestido que estava em cima de uma poltrona. Fui rápida, não queria que ele acordasse e me visse daquele jeito. Procurei meu celular sobre a cômoda, poltrona e até pela cama. Mas não o encontrei. Onde será que ele tá?

Mordi meu lábio com uma vontade enorme de voltar a dormir. Só que eu tinha que estar em casa e eu não tinha a mínima ideia de que horas eram. Procurei mais uma vez pelo quarto, quase soltando um "aleluia" bem alto quando o vi no chão. Como ele tinha parado ali, eu não sei.

8:38

4 chamadas não atendidas: Mila

Olhei novamente pra ver se eu tinha visto certo. Minha tia não tinha ligado pra mim até agora, estranhei isso. Mas estranhei ainda mais Camila ligar para mim.

Então era ela que me ligou ontem na hora da balada. Ah, meu Deus. Será que ela viu alguma coisa?

Retornei a chamada na mesma hora, mordendo as unhas.

- Oi, Bia. - A sua voz estava estranha. Ela estava calma comigo depois de tudo que eu "fiz", mesmo não sendo por mal?

Será que era alguma pegadinha dela?

- É... Oi. Eu vi que tinha chamada perdida sua. Resolvi retornar.

Olhei pra Caíque, que ainda continua na mesma posição desde que acordei. Sorri e me aproximei mais dele.

Aqueles lábios ainda pareciam convidativos pra mim. Dei um pequeno sorriso e em menos de um segundo colei nossos lábios, em um selinho rápido.

- Você não vai acreditar no que aconteceu. - Sua voz estava cansada. Ela parecia desapontada. Me levantei e me retirei do quarto, perguntando o que tinha acontecido.

- Na hora que eu te liguei... - Percebi que ela estava tentando não chorar. Aquilo me deixou um pouco desesperada.

- O que aconteceu? - Perguntei mais alto e desci as escadas mais rápido, vendo Anne deitada no sofá assistindo televisão.

É uma folgada mesmo!

- Já ia te acordar, bela dorminhoca. - Ela falou com um sorriso malicioso, mas pedi silêncio.

- Bia, vem pra minha casa, por favor. - E então, ela desabou. Quis desabar junto com ela, mas não aqui.

- Eu já tô indo. Calma, me espera.

Anne me olhou estranha. Foi como se ela tivesse lido meus pensamentos quando falou:

- Chamei um táxi há dois minutos atrás.

Amém!

- Me desculpa. - Mila pediu. Me espantei mais uma vez. O que era que tava acontecendo hoje?

GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora