Será que eu já posso enlouquecer?

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P. O. V. Bia

- Você tá bem? - Pergunto para Camila assim que ela se inclinou para vomitar no vaso sanitário.

- O que você acha? - Responde com um pouco de ironia. - Ai, desculpa. Eu tô estressada. - Ela limpa com sua mão a sua boca, correndo para a pia.

- Hm. Fez o quê ontem pra tá nesse estado? Boa coisa não foi.

Me encosto na parede e passo as minhas mãos pelo cabelo, a observando enquanto ela lavava a sua boca.

- Acho que eu comi alguma coisa estragada ontem no jantar.

Saímos não muito rápido para a aula. Eu estava bem desanimada, devo admitir.

- Vocês já arranjaram um jeito de contar para os pais do Emanoel que ele sumiu? Por mim, é melhor nós contarmos, eles já devem ter muitas preocupações. - Ela fala no meio daquele corredor vazio.

- Eu tava pensando nisso hoje de manhã, e tô disposta a fazer isso. Mas nós não vamos parar de procurar por ele.

E também não vamos contar necessariamente toda a verdade do dia em que sumiu. Vamos omitir informações. Vejo duas figuras andarem na nossa direção quando volto a olhar o corredor.

Era o diretor e um garoto.

- O que vocês ainda estão fazendo aqui? Vocês tem aulas, garotas. - A voz dura do diretor não faz me estremecer dessa vez.

- Eu passei mal e ela só foi me ajudar. - Defende Mila, cruzando os braços. Ela estava tão cansada quanto eu.

- Tudo bem, mas já se passaram meia hora de aula e vocês estão aqui desfilando no corredor. Isso eu não posso aceitar. É melhor vocês irem correndo para pegar a segunda aula.

Só que não me mexo, fico parada olhando a sua cabeleira preta. A segunda aula só começar de oito horas, e ainda são sete e meia. O professor não deixar entrar mesmo.

- Claro, diretor. - Digo entre dentes, forçando um sorriso. Eu e Mila passamos por ele e seguimos a nossa rota.

- Esperem! - Me viro. - Já que vocês estão atrasadas, não se importariam de mostra a escola para o nosso mais novo aluno, não é?

Levanto uma sobrancelha. Eu só queria agora uma cadeira e uma mesa para que eu pudesse deitar a minha cabeça e sossegar em paz.

- Claro que não! - Mila sendo simpática como sempre.

- Ótimo! - O diretor e o novato sorriem ao mesmo tempo. - Lucas, essas são a Camila e a Beatriz. E, garotas, esse é o Lucas. Ele é o aluno do intercâmbio que recebemos esse ano.

O diretor de despede dá gente e dou uma olhada para o Lucas. Bonito, atraente e um pouco mais alto que o normal.

- Você joga basquete? - Lógico que Camila não perdeu tempo. O garoto nega. - Você é tão alto, pensava que era esportista.

Demorou um pouco para o Lucas responder, e enquanto isso nos dirigimos para a quadra.

- Faço natação.

O seu sotaque era engraçado, o que me fez fazer uma pergunta.

- Você é de onde?

- Argentina.

Eu e Mila trocamos uns olhares. Um garoto argentino. Certeza que ia ser o novo interesse romântico nas meninas.

- Ah, é? E o que você tá achando do Brasil?

- Aqui no Brasil a galera é unida, os caras oferecem maconha de graça.

Foi impossível não cair na gargalhada. Acho que até o enjoou dá Camila passou, porque agora só falta ela se jogar em cima do garoto.

GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora