Vamos nos permitir

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Mila jogou algo em mim. Não para me machucar, já que era bem pequeno. Peguei em menos de um segundo e percebi que aquilo era um cartão de memória. Mas pra quê ela estaria me dando isso? A única resposta é: algum vídeo, ou alguma foto. 

Merda! Eu sabia que aquele salão de festas poderia ter câmera, mas nunca pensei que poderia chegar nas mãos da pessoa que mais odiaria.

- Anda, coloca em alguma coisa e assiste a merda do vídeo! - Caíque ainda não tinha a soltado. Me levantei do sofá, porém não ia fazer nada do que ela estava falando.

- Do que ela tá falando, Bia? - Caíque me olhava estranho, chegando a doer um pouco. 

- Essa daí e o Paulo esconderam uma coisa muito importante de nós. - Começou Mila, me encarando. 

Guardei o cartão no meu bolso, percebendo que Verônica estava atrás de mim vendo tudo.

- Quer que eu retire ela daqui? - A voz de Verônica parecia assustada. Não respondi.

- Sabia que os dois me traíram na minha festa de aniversário do ano passado? - Aquilo me atingiu. 

Não preciso nem falar de como Camila estava, mas Caíque no estante que ouviu as suas palavras, a soltou. Ela não veio pra cima de mim, acho que deve estar pensando que a vergonha deve ter sido melhor do que um espancamento contra a minha pessoa.

- O quê? - Sussurrou Caíque. Olhei pra Mila, tentando sentir ódio. Só que era eu a errada da história. Errei por não ter me segurado naquela noite, errei por beber demais, errei por estar feliz demais. 

- Camila, eu...

- Cala essa tua boa! - Ela apontou o dedo pra mim, e senti a mão de Verônica pousar no meu ombro, me perguntando se eu queria que Camila saísse dali. Me desvencilhei dela, dando um passo a frente e encarando minha amiga nos olhos. 

- Eu estava fora de mim! Me desculpa, eu não sei o que deu na hora.

Aquela velha desculpa, mas o que mais eu poderia falar? Vi Caíque olha pra mim mais uma vez antes de se sentar na poltrona. Ele parecia decepcionado. 

- Poupe suas palavras, Beatriz! Eu não quero ver você implorando o meu perdão. - Ela se aproximou. - Eu quero você longe de mim. - E se aproximou mais, com os nossos corpos quase colados. - Bem longe. Você não perde por esperar. 

Senti medo da minha própria amiga, ou ex, pela primeira vez. Vi nos seus olhos rancor, mágoa, ódio. 

- Eu só vim pra dar esse recado. Ah, e Caíque, - Ela não se virou pra falar com ele, continuou me encarando. - acho que você não gostaria muito de assistir o vídeo. 

E então, ela se foi. A primeira imagem que vi foi Caíque sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos. Ouvi a porta fechar, e tentei me mover. Com sucesso, fui até ele. 

- Me desculpa por esse transtorno. - Cocei a nuca.

- É verdade? Vocês tinham um caso, ou ainda tem, e não contaram nada pra nós? Nem pra mim, Bia?

Quando levantou a cabeça, vi mais decepcionamento. Fechei meus olhos e respirei fundo, não sabia por onde começar. 

- Me desculpa, tá bom? Eu não podia falar isso pra ninguém. Fiquei com medo de vocês pensarem o pior de mim.

Tentei colocar minha mão no seu ombro, mas ele se levantou depressa antes disso. 

- Eu tô pensando o pior de você agora, isso sim!

- Não me diga que tá pensando no que a Camila disse?!

Esperei um não como resposta, mas não ouvi nada. Fiquei magoada quando ele olhou pro chão e depois pra mim. 

GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora