Esperava na sala de recepção junto com meus amigos. Emanoel havia sido levado para o hospital mais próximo.
Fico batendo meu pé e roendo as unhas. Ele não estava na casa da vó, ele estava conosco o tempo todo. Diante dos nossos olhos, só faltava perceber. De repente, vemos um volto branco passando na nossa frente desesperada.
Era a mãe de Emanoel.
– Quero ver meu filho! – Ela quase gritava, e percebo que há dois seguranças atrás dela.
O rosto de tia Mara estava vermelho por causa do choro. Ele tinha percebido que foi enganada, o que me fazia ficar me perguntando o porquê de Emanoel ter inventado tudo isso. Abaixo a minha cabeça, a balançando. Eu não precisava ficar vendo isso.
- Licença.- Peço, sem nem ligar se meus amigos ouviram ou não.
Procuro aonde é a área alimentícia do hospital. Na ida, vi um monte de pacientes vestindo branco ou algum tom de azul. Me perguntei se iria ver Emanoel desse jeito, já que ele sempre gostou mais do lado obscuro. Não enfrento uma fila longa, então logo sou atendida.
- Um café, por favor.
- Dois, na verdade.
Vejo Caíque se escorar ao meu lado, com as mãos entrelaçadas em cima do balcão. O barista acena com a cabeça e se vira, começando a fazer os cafés.
- O que você tá achando disso tudo? - Pergunto, começando a brincar com os meus dedos. Ele suspira.
- Bem louco, pra falar a verdade.
O barista se vira, entregando os dois cafés. Pego o meu e procuro uma mesa vazia, e até que não é tão difícil de achar uma. Eu pretendia ficar sozinha por um momento, mas acho que Caíque é um bom amigo pra jogar conversa fora. Não me incomodo quando ele se senta de frente para mim.
- Emanoel tem que ter uma boa desculpa pra isso tudo. - Ele fala, tomando um gole do café.
Pelo que me lembro, ele não gostava de café, mas não falo nada.
- Eu tava imaginando como a mãe dele deve se sentir agora.
- Enganada.
Dou de ombros, e tomo o primeiro gole. Estava sem muito açúcar.
- Acho que ele tem um problema psicológico, só pode. - Sussurra, agora se escorando na cadeira e me olhando. Também largo o café e o imito.
- E se for outra coisa? Outra coisa relacionada ao sobrenatural? - Isso tinha se passado pela minha cabeça, por mais insano que possa ser.
Caíque balança a cabeça diversas vezes. Acho que um lado seu acredite em mim, mas o outro não quer acreditar.
- Não pense nisso, Bia.
- Nós o encontramos no telhado, pirado. - Coloco meus cotovelos sobre a mesa, tentando me aproximar sussurrando. - Ele estava muito apavorado, nunca tinha o visto daquele jeito.
Seus olhos cor de mel encaram os meus, e depois abaixam. Para a minha boca.
- Vocês estão aí! - Mila aparece por trás de mim, também com o semblante pra baixo.
- Cadê o Paulo? - Pergunto, e procuro ele atrás de mim, só que ele não estava lá.
- Ficou pra dar apoio a mãe de Emanoel, depois que o médico foi falar com ela. - A última parte sai como um sussurro.
- Falar o quê? - Meu coração acelerou nessa hora. Engulo em seco, tentando encontrar os olhos de Mila, mas eles estavam perdidos.
- Esquizofrenia. - Ela fechou os olhos quando disse.
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Goodbye
ParanormalAquela noite? Ia ficar para sempre nas nossas memórias. Gritos de crianças, batidas nas portas e nas paredes, sussurros ao pé do ouvido... Foi bem agoniante. Esperamos até o tabuleiro ir para o Adeus, mas isso só aconteceu alguma minutos depois. Qua...