"Ele estava ocupado para todo mundo, embora ocupar-se com algumas pessoas fosse ser livre"
(A Poesia dos Desafetos, página 107)
- Vic?
- Sua amiga está bem?
- Meu Deus, que horas são?
- Eu perguntei primeiro.
Téo não tinha ideia de que horas realmente eram, mas era hora de estar dormindo, certamente. Deitado na cama em seu quarto, ele não conseguia ouvir nenhum outro ruído, nem dentro de casa e nem do lado de fora. A ligação estava tão limpa que era como se Victória estivesse no mesmo cômodo que ele.
- E não reclame. Num namoro de verdade, estaríamos tendo uma DR repetitiva em que gritaríamos e xingaríamos sem nunca pensar em ceder ou sequer ouvir os argumentos do outro. Seríamos vencidos pelo cansaço e tudo pareceria bem até que o assunto ressuscitaria dos mortos numa outra DR num futuro próximo - Vic fez uma pausa e respirou - Fim da análise sociológica.
- Você já sofreu muito nessa Terra, né? - Era uma alfinetada sutil. Tinha ficado claro que Vic tivera outros namorados sérios antes de Téo, pessoas do naipe de Draco Malfoy. Ela era muito mais entendida nesse ramo do que ele.
- Você sabe como é, deve ter irritado muito suas ex-namoradas sendo especialista em não ouvir.
Não era verdade. Quer dizer, ele nem tinha ex-namoradas, no plural. Apenas Kelly, e ele não lembrava de discussões exaustivas com ela.
- Sei... - Mentiu. E, se ela pedisse um número, Téo inventaria umas três ou quatro garotas.
- Depois de treze namoros fracassados, eu acabei aprendendo a lição.
Treze? Mas... Gente. Treze? Como?
- Téo? Ainda está aí?
O número treze ainda ecoava dentro dele, mas havia outra coisa acontecendo.
- Um segundo. Acho que tenho outra chamada, o que é ridiculamente estranho.
- Jura que não sou a única querendo animar sua madrugada?
Pôs Vic na espera, curioso com a outra ligação.
- Alô?
- Paguei muito mico? Eu não me aguentei. Mil desculpas! Ela comentou alguma coisa? Será que ela me achou ridícula? Ela foi tão legal comigo! Mas você não pode dar esse tipo de susto na gente! Como assim, do nada, você já entra num namoro no primeiro encontro? Ela deve ser tão maravilhosa!
- Mel, respira.
- Ok - Téo ouviu o ruído da longa inspiração do outro lado da linha.
- Victória adorou vocês, ela me disse com essas mesmas palavras. Adorou. Ainda estamos nos conhecendo - Ele precisava mudar de assunto antes que ela fizesse mais perguntas que ele não queria responder - Mas o que deu em você e Arthur depois do show?
Lembrou de Arthur totalmente desinteressado depois da apresentação, meio perdido. No caminho de volta para casa, eles mal haviam se falado. Nem andaram de mãos dadas, coisa que faziam sempre.
- Foi para isso que te liguei. Não consigo dormir. Discutimos.
- Uma DR repetitiva em que gritaram e xingaram?
- Ainda não. Mas vamos ter se conversarmos pessoalmente de novo.
Téo deveria ter se tornado uma pessoa muito badalada, pois recebeu uma notificação de outra ligação entrando na fila de espera. Só começar a namorar que todos te querem.
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Não Somos Um
Fiction généraleTéo está em busca da Garota Perfeita, uma garota que ele idealizou e com a qual tem certeza de que será feliz. Após a busca não encontrar resultados e Téo conhecer Victória, uma garota completamente fora dos padrões dele, eles resolvem se ajudar: Vi...