"As palavras enganavam. FICAR e FUGIR começavam do mesmo jeito, mas era difícil acreditar que dariam no mesmo lugar"
(A Poesia dos Desafetos, página 86)
Se Téo ficasse na cama, teria a pior noite da sua vida. Seu cérebro estava funcionando a mil por hora, ponderando passado, presente e, talvez, algum futuro, e seu corpo simplesmente não queria estar ali debaixo de um cobertor. Seu corpo queria Vic, mas não de uma forma sexual... Ok, talvez de uma forma sexual também, embora esse não fosse o mais importante. Téo se sentia preparado para amar Vic. Não sexualmente falando! Que droga.
Com uma habilidade ninja que ele nem sabia que tinha, saiu de casa no meio da madrugada sem acordar ninguém. Nem mesmo a investigadora pilhada Lívia Hanson. Colocou um casaco para aplacar o frio da noite e rumou para a casa de Victória. O casaco e o celular foram as únicas precauções que tomou ao sair de casa, ele estava alucinado, sem pensar em outra coisa. Não podia esperar.
Como Estamos?
Olhou a mensagem na tela pela milionésima vez e ainda não sabia como responder. Téo não tinha ideia de como estavam, mas já havia descoberto como queria estar.
Não tinha nenhuma alma viva nas ruas e, aparentemente, nenhuma alma morta também, mas nunca dava para saber com certeza. Virou na esquina de Vic, um pouco ofegante, e contemplou as luzes apagadas de todas as casas. Quando chegou ao portão, a primeira reação de Téo foi inevitável: Olhar para o outro lado da rua e constatar que, uau, Dona Célia não estava lá. Então, ela dormia. Quem diria?
Encarou o portão de Vic e percebeu que não fazia ideia de como lidaria a partir dali. Téo era apenas passionalidade e vontade de viver com um pezinho na insanidade. Não tinha feito planos. Não estava seguindo regras. O plano era ver Victória e compreender o dado por completo. Ele não podia simplesmente apertar a campainha e acordar todo mundo. Deu passos para trás até chegar ao meio da rua e ter uma visão melhor da janela do quarto de Vic, virada para o seu lado. Téo poderia tacar uma pedra, como faziam nos filmes, mas, com a sua sorte, ele acabaria quebrando a janela e, provavelmente, acertaria a cabeça de Vic, anulando suas chances com ela. Voltou para perto do portão e encostou no muro para pensar. Cara, o que ele estava fazendo aqui?
Enquanto Téo analisava se Vic o perdoaria caso ele causasse um traumatismo craniano nela, algo inesperado aconteceu: uma coisa acertou a cabeça dele. Uma coisa dura. Vinda do céu. O peso da coisa o desequilibrou, e Téo quase caiu, mas conseguiu firmar seus pés. Cambaleou um pouco e encarou a coisa no chão. Era uma bolsa, uma mochila preta. Téo olhou para o céu e não viu sinal de aviões, helicópteros, naves espaciais, nada disso.
- Mas que... - Tentou dizer ao pegar a mochila do chão.
- É minha.
A mochila foi tirada bruscamente das suas mãos, e ele nem tentou resistir. Até ver que quem puxava na outra ponta era Victória. Segurou.
- Vic? - Apesar do monossílabo, sua fala foi arrastada. Ele não poderia estar mais surpreso.
- Solta minha mochila - Ela ordenou, mal encarando Téo, concentrada no objeto.
- De onde você veio?
- Pulei o muro - Ela disse como se fosse a coisa mais natural do mundo - Solta a minha mochila.
Ele não estava em condições de forçar Vic a nada, então soltou.
- O que está...
Victória não deu tempo a Téo para terminar a frase. Simplesmente virou as costas e saiu dando passadas largas pela rua, se distanciando de sua casa. Vic usava um jeans escuro e uma blusa fina de mangas compridas, preta. Parecia uma ladra ninja espiã.
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Não Somos Um
Ficción GeneralTéo está em busca da Garota Perfeita, uma garota que ele idealizou e com a qual tem certeza de que será feliz. Após a busca não encontrar resultados e Téo conhecer Victória, uma garota completamente fora dos padrões dele, eles resolvem se ajudar: Vi...