-Narra Mario-
Minha mãe saiu totalmente revoltada. Não acreditei que ela estava praticamente espancando minha irmã, e pior, outra vez. Quando escutei os gritos da mamãe, e o da Zelda lá da cozinha, tanto eu como Luigi ficamos apavorados. Luigi não teve coragem de ir até lá, pois não queria ver Zelda sendo espancada, como ele viu na última vez. Tomei coragem, e fui até lá para tentar separar mamãe da Zelda. Depois que mamãe saiu, Zelda ficou em prantos, assustada e com dores terríveis.
— Minha cabeça dói muito Mario... — disse Zelda soluçando e com lágrimas incontroláveis rolando em seu rosto.
— Como assim?
— Ela me chutou Mario, chutou minha cabeça... E dói demais. — falou ainda soluçando.
— Temos que contar pro papai! — exclamei.
— Não Mario, nós não podemos contar nada pra ele. Se ele souber e falar com a mamãe, ela vai bater na gente. — falou ela chorando.
— Mas ela não pode continuar a bater em nós. Temos que fazer alguma coisa Zelda... — e ela chorava cada vez mais.
Abracei Zelda, e fiquei alguns minutos abraçado a ela. Algumas lágrimas caíram de meus olhos. Ela estava sofrendo, e eu também.
*Narra Nilce*
Fui para meu quarto me recompor por um momento. Estava furiosa, pois aquela garota birrenta conseguiu me tirar do sério. Pena que Mario apareceu bem na hora em que eu estava dando um castigo perfeito em Zelda. Ela merecia essa surra e muito mais! Luigi bate na porta, e resolvo deixá-lo entrar.
— Mamãe... Você bateu na Zelda né? — Luigi estava chorando.
— Bati sim e daí? — falei agressivamente.
— Não pode bater assim na gente. — disse ele soluçando.
— Eu bato sim, e não me enche! — peguei em seu braço e o fitei, revoltada. — E se algum de vocês disserem alguma coisa pro pai de vocês, eu vou enchê-los de pancada, entendeu? — disse e soltei seu braço agressivamente.
Luigi assentiu com a cabeça, e continuou chorando.
— E engole esse choro! — esbravejei.
Luigi tentou parar, mas não conseguiu, e chorou ainda mais, esgotando minha paciência.
— Sai daqui moleque! E já pro banho. Você tem que ir pra escola... E chame seu irmão pra se arrumar também... — ordenei e Luigi saiu.
-Narra Luigi-
Vou para o quarto da Zelda. Estou chorando, claro. Não posso ficar feliz com isso, e nem devo. Por que nossa mãe é assim? Por que ela nos despreza? Por que ela fica tão brava conosco? São perguntas que vivem nos cercando.
Zelda está aos prantos, e Mario está abraçado a ela. Vejo a cena, e fico mais chocado ainda, ao ver a situação da nossa irmã.— Por que a mamãe é assim? — questionei indignado e soluçando.
— Isso que queremos saber Luigi. — respondeu Mario.
— Ela é assim porque eu sou a culpada de tudo! — gritou Zelda chorando.
— Não Zelda... Você não é culpada de nada. Nenhum de nós somos culpados. — falou Mario com voz enfraquecida.
— Mas ela me odeia! Me odeia! — Zelda só chorava, e soluçava sem parar.
— Mario, a mamãe pediu pra gente ir tomar banho. — falei.
— Tá bom... — respondeu. — Zelda, tente ficar calma tá? — disse Mario pegando em sua mão.
— Vou tentar. — falou ela com voz fraca.
Fui até Zelda, beijei sua bochecha, e a abracei.
— Te amo irmãzinha. — falei.
— Também te amo irmãozinho. — respondeu ela com sorriso fraco.
— Vamos Luigi! — chamou Mario.
E fomos para o nosso quarto.
— Temos que fazer alguma coisa pra mamãe não bater mais em nós. — disse Mario enquanto pegava o uniforme da escola.
— Acho melhor deixar isso pra lá Mario... Não vai adiantar em nada.
— Mas Luigi te... — Mario foi interrompido.
— É melhor a gente deixar do jeito que está Mario! — falei indo para o banheiro.
— Tá bom, tá bom. — respondeu ele inconformado.
*Narra Nilce*
Fiz o almoço, os meninos almoçaram e se arrumaram, e foram para a escola. Acho que Luigi ficou bravo e chateado comigo. Não dirigiu uma palavra a mim, e fez questão de me ignorar à todo tempo. Melhor assim! Melhor não conversar comigo, do que ficar chorando e esperneando, pedindo a mim para fazer uma coisa que não quero, que é nada mais e nada menos, que parar de espancar Zelda. Gosto de bater em meus filhos. Isso me dá alívio, e é prazeroso.
Infelizmente, tenho que ver como está a Zelda, e tentar fazer com que ela almoçe, pois até então, ela não comeu absolutamente nada. Vou até o quarto, e ela me vê.— Vim ver se você está com fome, ou ainda está com pirraça. — falei.
— Estou com fome. — disse Zelda cabisbaixa e aparentando ter medo.
— Vou trazer o almoço pra você... — disse e saí de seu quarto.
Fui para a cozinha preparar o prato da pirralha. Sinceramente ela estava com medo, pelo menos assim ela me obedece. Subi ao quarto, com a bandeja em minhas mãos. Entrei, e deixei em cima da escrivaninha, onde Zelda faz suas lições. Não disse uma palavra, e ela só agradeceu pela comida. Indo para a sala, vejo um papel em cima da mesinha de centro. Pego e desdobro. É a letra de Mario. Decido ler, pois não tem outro jeito, e também poderia ser algo importante, talvez.
Mamãe...
Zelda, Luigi, e eu, estamos muito tristes com tudo isso. Não merecemos esse desprezo e falta de amor com a gente. Não queremos mais ser tratados assim. Por favor, não bata mais na gente. Por favor...
Ass: Mario Moretto Martins— Isso não passa de uma simples brincadeira! — digo e jogo o papel no lixo.
Se eles pensam que vou parar de dar castigos a eles, estão muito, mas muito enganados, pois comigo, sempre foi desse jeito, e sempre será.
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Uma psicopata entre nós {COMPLETO}
Mystery / ThrillerNilce Martins, é uma bela mulher que constituiu uma linda família com seu marido, Leon Martins. Ela guarda um segredo obscuro, que até então, não contou a ninguém. Seus comportamentos estranhos, sua frieza, e seu desprezo desenfreado com seus filhos...