Capítulo 4

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-Narra Leon-

Amanheceu, e Nilce ainda estava dormindo que nem um anjo, em meu peito. A noite estava muito boa para nós, mesmo com o fato dela ter castigado Zelda. Se fiquei desapontado com isso? Claro que fiquei. Zelda não merece ser tratada assim, nem Mario e nem Luigi. Gosto muito deles, e fico agradecido por me tornar pai de crianças tão adoráveis. Sei que Nilce fez isso para educá-la, mas meu coração fica tão apertado e angustiado... Não consigo aceitar isso, mas quem sou eu para mandar em minha mulher, se eu não estou aqui a todo tempo? Talvez posso estar certo ou errado, mas por estar fora de casa praticamente o dia inteiro, não sei realmente o que se passa aqui em casa. Confesso que tento conversar com Nilce, aliás, sempre dialoguei com ela, nunca discuti ou briguei, mas quando tento conversar, principalmente a respeito de nossos filhos, seu comportamento muda radicalmente, e, infelizmente não consigo mais conversar sobre tal assunto.

Nilce acorda e permanece em meu peito. Ela me olha feliz, com seu sorriso perfeito, e eu retribuo.

— Bom dia meu bem! — falei e dei um beijo em sua testa e em seguida, em seus lábios.

— Bom dia. — respondeu ela sorrindo e com voz rouca.

— Gostou da noite de ontem? — perguntei enquanto acariciava seu rosto.
— Sim. Foi ótima. — respondeu ela.

— Bom... Preciso me arrumar porque hoje tenho muito trabalho também.

— É... E eu tenho que cuidar da Zelda o resto da tarde. — disse ela com tom de murmuração.

— Vamos fazer o que meu bem? Se ela levou suspensão, temos que entender.

— Bom... É verdade. Fazer o que né?

— Amor... Tente não ser muito severa com a Zelda. Por favor... Faça isso por mim ok? — disse completamente sério e preocupado.

— Fique tranquilo meu bem... — respondeu ela com leve sorriso.

— Tá bom. Vou tomar banho... — a beijei, peguei minha roupa e fui ao banheiro.

Estava pronto para ir ao trabalho. Antes de partir, senti vontade de ir até o quarto das crianças, começando pelo quarto da Zelda. Ela estava dormindo, que nem um anjinho. Me aproximo de sua cama, e acaricio seu rosto delicadamente. Ela se move, mas não acorda. Fico a observando, e admirando sua beleza.

— Espero que você se comporte bem minha princesa. — sussurrei acariciando seus lindos cabelos loiros. Cabelos que lembram o da Nilce.

Fiquei mais alguns minutos ali, e saí do quarto, indo para o quarto dos meninos. Entrei, e vi Mario e Luigi no mesmo estado que Zelda. Os dois dormiam profundamente. Fui até a cama de Mario, dei um beijo em sua testa, e o admirei. Depois fui até a cama de Luigi, e fiz a mesma coisa. Antes de sair para a rua, procurei Nilce, para despedir-me. Ela estava na cozinha, preparando o café da manhã.

— Já estou indo meu bem! — exclamei dando um beijo no topo de sua cabeça. — Tchau!

— Tchau! — respondeu ela sorrindo. — Não vai tomar café?

— Eu tomo no caminho... Não se preocupe.

— Ok. — respondeu ela sorrindo. — Bom trabalho!

— Obrigado meu bem. — respondi saindo da cozinha.

E assim, fui para o meu trabalho.

*Narra Nilce*

Leon foi para o trabalho, e eu fiquei terminando de preparar o café. Depois de vinte minutos, acordo as crianças. Mario e Luigi vem correndo tomar o café, mas Zelda demora a vir.

— A Zelda está no quarto ainda? — perguntei pegando o açucareiro.

— Acho que sim. Ela disse que já vai vir... — respondeu Mario.

— Conheço muito bem essa garota... Ela não quer vir. — falei dando grande suspiro. — Bom... Vou esperar mais um pouco. Se ela não vier eu vejo o que está acontecendo.

E se passaram quase meia hora, e nada de Zelda descer.

*Narra Zelda*

Não queria sair do meu quarto. Minha mãe me avisou que o café já estava pronto, mas não estava nem um pouco a fim de tomar café. Desde a noite passada não comi absolutamente nada, e agora não tinha vontade de comer. De repente, começo a lembrar do fato que aconteceu, e começo a chorar. Fico em minha cama, com meus braços abraçados ao joelho, extremamente encolhida, cabisbaixa, chorando, e com medo. Medo de que minha mãe me maltrate mais uma vez. A dor que eu sinto, não consigo explicar. É uma dor terrível. É terrível demais, para uma simples criança. Eu tento melhorar, mas não consigo. Parece que minha mãe não tem paciência de conversar comigo. Sei lá... Não entendo, simplesmente não entendo.

Enquanto derramo lágrimas de puro sofrimento e angústia, alguém bate à porta.

— Zelda, sou eu! — é minha mãe querendo saber se estou viva ainda.

— Pode entrar... — respondi com voz fraca e soluçando.

Ela entra, e aproxima-se de mim.

— Não vai tomar café? — perguntou mamãe.

— Estou sem fome. — respondi cabisbaixa.

— Se não comer vai virar um esqueleto. — respondeu. — E não adianta ficar choramingando... Vamos agora tomar café!

— Não... — falei tristonha.

— Você vai sim Zelda! — disse ela em voz alta e irritada.

— Não quero! — insisti.

— Zelda... Ou você vai tomar café, ou vai levar uma surra... Você que escolhe. — falou ela com semblante bravo.

— Mas eu não estou com fome. — falei chorando.

— Tá bom... Então tome isso! — e ela começou a dar vários socos em meus braços e em minhas pernas.

Também não deixou para trás os puxões em meu cabelo, me jogando ao chão, e me chutando várias vezes.

— Para mamãe! Por favor mamãe! — gritava com muito choro, e me encolhendo cada vez mais. — Mamãe! — e ela me chutava ainda mais.

— Isso é... Pra você aprender a me obedecer! — gritou ela, dando alguns chutes em minha cabeça.

— Tá doendo mãe... — e de repente, alguém abre a porta, pedindo para mamãe parar. É Mario.

— Mãe! Mãe! Para mãe! — exclamou Mario desesperado e tentando puxar o braço da mamãe para afastar-se de mim.

Ele finalmente consegue o que quer. Minha mãe não está me chutando mais. Levanto-me, e vou para a cama, extremamente aos prantos e com muita dor.

— Por que fez isso com ela mãe? — perguntou Mario muito assustado.
— NÃO TE INTERESSA! — gritou ela furiosa e saindo do quarto.

Uma psicopata entre nós {COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora