Capítulo 6

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*Narra Zelda*

Estou aqui, em meu quarto, almoçando. Queria tanto sair desse quarto, mas não posso. Esse é meu primeiro dia de suspensão. Ficarei em casa só mais dois dias. Até que a diretora foi boazinha comigo, porque na última vez, ela me deu uma suspensão de uma semana. Meu corpinho está doendo tanto. Não estou nem conseguindo comer direito, por causa da dor em minha cabeça. Mas tenho que comer, porque estou com muita fome. Algumas lágrimas caem dos meus olhos. Estou muito triste. Mario disse para mim, antes de ir para a escola, que iria deixar um recado para a mamãe, mas não sei se ela leu. Espero que ela não bata mais em nós, pois não aguento mais isso. As vezes, preferia estar em um orfanato, sozinha, completamente sozinha. Mas acho que não teria coragem o suficiente para estar em um orfanato, pois eu sofreria ao esperar alguém para me adotar. Então prefiro estar aqui mesmo, no meu quarto, na minha casa, com os meus pais e os meus irmãos, mesmo sofrendo desse jeito.

Termino de comer, e deixo a bandeja em cima da escrivaninha. Pego uma caixa de sapatos que foi decorada pelo meu pai e por mim, embaixo da cama. Me sento, e abro a caixa. Dentro dela tem várias fotos de quando eu era bebê e de quando eu tinha um ano de idade até os seis anos, juntamente com meus pais e com meus irmãos. Pego cada foto, e observo. Em seguida pego minha foto favorita, onde eu estou abraçada com meus pais, na minha festinha de cinco anos, que, aliás, foi do Mario e do Luigi também. Mas nessa foto está só eu, junto com meu pai e minha mãe. Começo a chorar, e as lágrimas caem pela foto. Lembro o dia da festa. Estavam todos felizes naquele dia. Minha mãe estava tão linda, com aquela maquiagem leve, e aquele vestido verde, que combina tanto com ela. Meu pai estava lindo com aquela jaqueta de couro preta, e com aquela boina. Meu pai gosta muito de boina. E Mario, sempre todo arrumadinho e elegante. Até hoje ele é assim. Luigi sempre foi mais "relaxado", e não gosta muito de roupas sociais. Continuo chorando, e olhando as fotos. Não é só meu corpo que dói, o meu coração dói também.
Minha mãe bate na porta, e a deixo entrar.

— Já comeu? — perguntou ela.

— Sim. — respondi soluçando.

— Então vou pegar a bandeja. — falou ela secamente.

Ela pegou a bandeja, e foi embora, sem dizer mais nada. Após ela sair, continuei a olhar as fotos.

— Já chega! Vou sair desse quarto! — exclamei zangada.

Não aguentava mais ficar trancada. Então, resolvi pegar algumas coisas, como lápis de cor, e o caderno de desenho, e ir para a sala. Chegando lá, dou de cara com minha mãe.

— O que está fazendo aqui Zelda?  — questionou mamãe brava.

— Quero ficar aqui na sala! — exclamei.

— Você está de castigo, é pra ficar no seu quarto!

— Não mamãe... Quero ficar aqui. Aliás, vou ficar em casa de
qualquer jeito... — dei de ombros.

— Tá bom... Mas você vai ficar sem assistir televisão, me ouviu bem? — esbravejou.

— Ok. — respondi.

Mamãe foi até a televisão, e tirou-o da tomada.

— Se você ligar, sabe muito bem o que vai acontecer... — disse ela séria. — Vou pra cozinha.

E ela saiu. Peguei minha caixa de lápis de cor, e comecei a desenhar e pintar alguns desenhos da escola, e alguns desenhos meus. Fico horas ali, quieta, desenhando. Pelo menos desenhando e rabiscando, esqueço de todos os problemas que me afetam tanto.

Uma psicopata entre nós {COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora