Eu acho que amo você

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Agradeci quando acordei às cinco e meia e o tempo não estava nublado. Assim podia fazer exercícios a vontade sem ficar totalmente molhada por conta da chuva. Coloquei meus fones de ouvido, entrei no elevador, pronta para correr na praia e, assim que as portas abriram, o doutor já estava encostado na parede, mexendo em seu celular. Ele franziu a testa e levantou o olhar, seus olhos cor de mel eram penetrantes.
  Meu corpo todo gelou quando nossos olhos se cruzaram e eu respirei fundo, tentando desviar a atenção para os botões do elevador. Térreo, era para lá que eu ia.
- Olá- resolvi mudar um pouco, o "bom dia" estava ficando muito monótono.
- Oi- ele sorriu, mostrando seus dentes perfeitamente brancos. Ele ficou me encarando por mais tempo do que eu desejava, mas eu fingi estar muito ocupada observando minhas unhas para poder notar e tentando me concentrar em na música Animals de Maroon 5 que tocava no meu fone. 
Quando o elevador parou no térreo, sai o mais rápido o possível, dando um aceno de tchau para ele e indo em direção à saída do prédio. Parecia até que eu tinha medo dele. Como que eu não conseguia ficar no mesmo ambiente que ele sem ficar nervosa? Revirei os olhos, é claro que não. Só não queria dar moral para um cara que eu já havia visto com várias mulheres diferentes.
Fui para a praia, o sol já havia nascido e não havia quase nenhuma nuvem no céu. A brisa da praia e as ondas do mar me deixaram tranquila.
Eu amava correr na praia, porque a sensação de paz eu não encontrava em nenhum outro lugar.
Acho que fiquei correndo mais de uma hora até me dar conta que eu precisava me arrumar para ir trabalhar. Lindsay já devia estar me esperando.

- Boa tarde- cheguei sorrindo, com uma sacola com comida do Hodad's Downtown. Eu sabia que ela iria estar com fome e como eu não queria comer sozinha, resolvi levar para nós batatas e hambúrgueres.
Entramos na cozinha da loja depois que coloquei uma placa na porta de Fechado Para Almoço.
- Acho que já podemos começar a antecipar as bebidas de noite, né?- ela pegou uma garrafa de whisky.
Arregalei os olhos.
- Você não vai querer trabalhar bêbada, certo?- peguei a garrafa de sua mão e a guardei, logo abri a geladeira e tirei de lá uma garrafa de Baileys, era doce e mais fraca que whisky, mas se quiséssemos tomar algo mais forte, podíamos esperar a noite chegar. Já que havíamos marcado de ir para uma balada.
- Sua mãe ligou- ela falou enquanto comíamos- Ela pediu para você retornar.
Fazia um mês que eu não via meus pais e apesar de eu estar com saudade, não podia deixar meu trabalho para ir vê-los. Minha mãe Evie não havia aceitado a ideia de eu me mudar para a Califórnia, mas ela sabia o quanto eu amava aqui e entendeu a minha decisão. Já meu pai aceitou tranquilamente, mas foi mais pelo fato de que ele queria que, depois de formada, eu voltasse para lá para continuar dirigindo sua empresa de carros de luxo, o que não deu muito certo, porque eu passei tanto tempo da minha infância entrando e saindo de lojas de carro o tempo todo e sabendo como as coisas funcionavam lá dentro, a pressão, a correria, competição entre os funcionários por querer se destacarem, que eu não queria fazer parte disso. Meu pai ficou um pouco chateado no começo, porque ele queria me ter do lado dele comandando e só depois de muitas conversas longas pelo telefone, ele aceitou me ajudar a abrir minha loja de roupas para poder continuar morando na Califórnia.
- Eu ligo para ela mais tarde- falei- Você vai passar em casa?
- Não, gracinha- ela deu um gole em sua bebida- Você que vai dirigir.
- O que?- falei perplexa- Da última vez eu que dirigi e ainda tive que deixar o seu namorado bêbado em casa.
Ela olhou sério pra mim.
- Ian não é meu namorado. É só um conhecido.
- Não considero um cara com quem fico me agarrando só um conhecido.
Ela deu um leve sorriso, mas querendo manter a postura séria fixou os olhos em mim.
- Mas também não é meu namorado. Nos divertimos juntos, só isso.
- E eu que tive que levar ele. Em casa. E bêbado.
- Agradeço pela sua ajuda- ela se levantou e começou a lavar seu prato- Pense pelo lado positivo- esperei ela continuar- Hoje ele não vai.
Levantei e coloquei meu prato para ela lavar junto com os talheres e meu copo.
- Eu levo vocês hoje, mas você que lava a louça- sai da cozinha, escutando ela resmungar um ok e falar que eu era uma péssima amiga.