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- Ah- Lindsay gritou- Avise o Jeremy que o melhor amigo dele é maravilhoso! Eu acho que me apaixonei. Foi de longe o melhor encontro que já tive- ela falava com a secretária eletrônica, sem nem respirar- Acho que vamos sair amanhã de novo, então nem pense em me ligar, vou estar ocupada. Agora preciso desligar para avisar Kim. Tchau, Am. Amo você.
Respirei fundo. Ia ter que falar com Lindsay depois. Agora estava me arrumando, porque Jeremy ia passar aqui em meu apartamento para sairmos e ele não queira me dizer para onde ia me levar.
  Havia dito para ele que queria que ele fizesse um encontro pra mim. O melhor de todos. Mas não tinha ideia de onde íamos.
  Coloquei um vestido preto longo, com alças finas, colado até a cintura e aberto em uma perna. Sorri para o espelho, um pouco de decote não matava ninguém.
  Eu havia colocado meu colar de ouro da Tifanny's que meu pai havia me dado quando completei 18 anos. Agora, oito anos depois, ele ainda estava em perfeito estado.
  Escutei a campainha tocando e me apressei para fechar minhas sandálias douradas Jimmy Choo e corri para abrir a porta.
  - O-oi- perdi minha voz quando vi Jeremy parado com um terno preto e blusa social preta embaixo. All black. Meu Deus. Seus olhos verdes me encaravam profundamente, mesmo olhar surpreso.
  - Oi- ele disse num susurro- Pronta?
  Assenti com a cabeça, não ousava dizer uma palavra. Eu seria denunciada pela minha própria voz.
  Entramos no elevador. O calor me dominava, tirei rapidamente as imagens de nós dois tão perto um do outro, sem distância alguma nos separando. Ou... Eu arranhando as costas dele.
  Ruborizei na hora e torci para ele não ter percebido.
  - Você está muito linda hoje- Jeremy quebrou o silêncio.
  - Só hoje?- o fitei- Você também não está nada mal.
  - Sempre- ele sorriu para mim- Mas foi a única vez que conseguiu me prender.
  - E porque, doutor?- ousei me aproximar, colocando as mãos em volta de seu pescoço e me aproximei um pouco. Sua respiração quente em meu ombro.
  - Você não precisou de milhares de acessórios ou quilos de maquiagem, você só...- ele apontou de cima a baixo para meu corpo.
  - Quando as mulheres saem com você, elas tentam de tudo para chamar sua atenção?- me afastei um pouco para encara-lo.
  - Sim- Jeremy suspirou.
  O elevador parou no estacionamento e nos preparamos para sair.
  - E você pensou que eu fosse fazer o mesmo?- fingi estar ofendida- Não me arrumo para homens, doutor- pisquei para ele, que me lançou um sorriso antes de irmos para o seu carro.
  - Você não vai me dizer mesmo para onde vai me levar?- perguntei quando já havíamos saído do prédio. Ele negou com a cabeça, sem tirar os olhos da estrada.
  - Você já vai descobrir.
  Respirei fundo, sabendo que ele não ia me contar. Só me restava esperar até chegarmos.

  Foi só quando paramos em frente à um porto que entendi para onde Jeremy me levava. Íamos jantar em um iate.
  Já se passava das sete e meia e o sol já havia se posto e conforme o céu escurecia, as luzes dos barcos iam sendo ligadas. Algumas pessoas apenas andavam pela plataforma do Porto, já outras caminhavam para entrar em seus iates, ou em um barco imenso, que era um restaurante flutuante, onde as pessoas tinham suas refeições enquanto navegavam pela cidade. E era para lá que pensei que íamos, mas me enganei quando Jeremy passou reto.
  - Não íamos entrar ali?- perguntei enquanto caminhávamos.
  - Não- ele segurou minha mão e me levou até o fim do deck, onde um homem de terno nos aguardava perto de um iate imenso.
  Fiquei boquiaberta.
  - Olá, Patrick- Jeremy cumprimentou o homem com cabelos prestos é bem arrumado, aparentava ter mais de quarenta anos- Essa é Amberly Sterling.
  - Olá, muito prazer- sorri, estendendo a mão para Patrick.
  - Enchanté- ele beijou a palma de minha mão e fez menção para entrarmos- Quando quiser, senhor- Patrick se dirigiu à Jeremy e se retirou.
- Eu não acredito que você alugou um iate- eu estava totalmente impressionada. Havia bancos e mais bancos de couro cor de creme em uma área mais baixa, uma sala de descanso, e um bar ao centro com a bancada de mármore com vários tipos de bebidas importadas e ao fundo, bem no final do iate, havia uma jacuzzi. Patrick havia começado a pilotar e eu só olhava a tudo, maravilhada, enquanto Jeremy olhava para minha cara com divertimento em seu rosto e no momento em que o encarei, já entendi- É seu?
Ele só deu um sorriso em resposta. Sim, era dele. O que mais teria esse homem?
- Vamos descer- Jeremy segurou minha cintura, me conduzindo para a escada. Arregalei um pouco os olhos. Não que eu nunca havia ido à iates antes, alguns amigos tinham e viviam fazendo festas quando eu morava em Branson, antes de me mudar para a Califórnia, mas nenhum era tão amplo, tão luxuoso quanto esse em que eu me encontrava nesse momento. Havia uma mesa imensa branca de mármore no centro, velas e um vaso maravilhoso de rosas vermelhas. Uau. Ele sabia mesmo como impressionar.
- Então, doutor- falei depois de nos sentarmos nas cadeiras almofadadas claras- O que mais você possui? Um helicóptero? Ou talvez uma ilha particular em Dubai?
Ele coçou o queixo, com a barba por fazer e pareceu pensar.
- Ainda não havia pensado na ilha- ele estava brincando comigo, certo? Jeremy se levantou e se dirigiu ao bar, pegando o vinho Cossart Gordon-Bual 1987. Veio até mim e serviu as duas taças de cristal.
- Claro que está entre suas metas- ele sorriu e deu de ombros, se sentando à minha frente- Você quem fez?- apontei para a mesa totalmente bem posta com jogos americanos creme e dourado e pelas flores e velas.
- Confesso que tive uma pequena ajuda- arqueei uma sobrancelha para que ele se explicasse- Ok, foi Leila, ela quem está preparando nosso jantar.
Dei risada. Já era de se imaginar que ele não havia feito nada, até porque acho que nem teria tempo para isso. Mas ainda assim eu estava encantada com cada detalhe.
  - Se serve de consolo, eu que dei todas as ideias.
  Dei um sorriso para ele.
- Então você não coloca as mãos na massa, doutor?- provoquei. Eu balançava levemente a taça em minha mão. Jeremy estava sentado de frente para mim. A luz estava fraca, não permitindo que eu visse o ambiente por completo.
- Só quando me convém.
- Então quer dizer que isso aqui não convém a você?- rebati.
Seus olhos verdes me fitaram por completo.
- Com certeza... Mas dessa vez não foi necessário que eu agisse- dei um leve sorriso para ele- Leila faz tudo perfeitamente bem, não teria saído dessa maneira se eu ajudasse. Na verdade, ela nem quis que eu a ajudasse.
- Você não se mete onde não é chamado, doutor?
Ele balançou a cabeça.
- Só quando me permitem.
- Que cavalheiro- ironizei.
- Você não tem ideia.
Nos encaramos por mais tempo do que eu queria. Ele tomava vinho com uma das mãos e a outra estava apoiada delicadamente sobre a mesa.
E nesse instante, uma mulher, que deveria ser Leila entrou com uma bandeja.
- Risoto de parmesão com mignon- Leila sorriu. Ela aparentava ter mais de quarenta anos, seus cabelos ruivos estavam presos em um coque e ela usava uniformes de chefe de cozinha, seu rosto não me era estranho, olhos escuros e feições delicadas. Se não me engano, ela trabalhava em um dos restaurantes mais famosos de San Diego.
Ok. Jeremy a havia contratado também.
- Prove esse molho, está uma delícia- ela piscou para mim. O cheiro estava de dar água na boca.
- Obrigado, Leila- antes de ela de retirar e serviu um dos pratos para mim e para Jeremy, em seguida.
O encarei, curiosa.
- O que foi?- ele me olhou, aparentando estar preocupado- Não está bom?
- Sim, está uma delícia- realmente tinha que admitir que Leila era uma excelente cozinheira- Mas você não tinha me dito que sabia cozinhar?
Ele sorriu torto, colocando mais vinho para nós dois.
- Falta de tempo, baby. Deixa qualquer um louco.
Eu tinha que entender que ser médico não devia ser assim tão simples e devia exigir muito dele.
- E porque risoto?- me apoiei sobre a mesa.
- Eu gosto. E já a vi pedindo algo do restaurante em que Leila trabalha- ele viu minha cara de desentendimento e resolveu se explicar- No elevador. Você já entrou com uma sacola do restaurante uma vez. Então, a pedi para fazer algo simples, mas que todo mundo amava.
Por essa eu não esperava. Ele havia reparado na comida em que eu carregava, eu nem me lembrava direito desse dia. Eu estava chegando com o pedido do restaurante e ele voltando do hospital, porque estava com uma pasta e o jaleco em suas mãos.
  Jeremy apertou um controle e o som ligou. Era reggaeton.
- Não sabia que você também se interessava pela cultura latina, doutor.
- O que? Logo aqui em San Diego? Você só pode estar brincando- seus olhos me fitaram- Amo a cultura latina, inclusive as músicas.
- Como reggaeton?- dei risada, tentando imaginar os seus belos músculos se movendo conforme uma música em espanhol.
- Sou o melhor- ele piscou para mim.
- Ah, isso eu pago para ver.
- Você está me desafiando novamente, baby?
- Sou movida à isso. E adoro apostar- e dessa vez, foi eu quem piscou. E ele sorriu para mim, entendendo o que eu dizia nas entrelinhas.

Estávamos no deck superior, o vento gelado nos dominava e o mar se movia lentamente. Jeremy e eu havíamos acabado com duas garrafas de vinho precisava ficar atenta a qualquer coisa que eu fizesse. Vi Jeremy indo até uma poltrona, no canto do iate, e tirando seu terno. Reparei demais nos músculos de suas costas através de sua blusa social preta. Ele arregaçou as mangas e caminhou até mim, depois de ter colocado a música Déjate Llevar para tocar.
Eu conhecia essa musica, mas não fazia ideia de como dança-la. Jeremy caminhou até mim e eu prendi minha respiração, tentando me controlar. Ele estava tão sensual e descontraído ao mesmo tempo e eu não tinha ideia do que fazer. Eu já estava bêbada. Ele estava duplicado em minha visão.
Esperei Jeremy chegar até mim, sem mover um músculo.
- Vamos lá- Jeremy disse tranquilamente e segurou minha cintura- É só me guiar.
E então, quase no refrão da música, começamos a dançar. Corpo a corpo. Eu olhava fixamente em seus olhos, sendo guiada por ele com todos os seus movimentos perfeitamente bem feitos. Parecia até que Jeremy havia feito alguma aula profissional de reggaeton. Teria algo que ele não soubesse fazer? Eu duvidava. Eu nunca havia dançado música latina com alguém antes, mas ao seu lado parecia até que eu sabia o que estava fazendo. E eu estava feliz. Aproveitando como nunca havia aproveitado com homem nenhum.
Duas músicas mais se passaram e eu precisei parar um pouco para me recuperar. Até que encarei a jacuzzi e me vi indo em direção à ela. As suas luzes vermelhas estavam tão chamativas. Claro que não poderia entrar com meu vestido, então fiquei de costas e tirei-o. Não havia percebido que Jeremy ainda estava lá parado, intacto, sem acreditar que eu estava terminando de tirar minha calcinha. Eu estava completamente nua e entrando da jacuzzi.
- O que você está...- mordi meu lábio e dei um risinho. Ele estava boquiaberto, me vendo pelada pela primeira vez. Subi os degraus e antes de entrar na jacuzzi aquecida, virei-me para encarar Jeremy.
- Você não vai querer perder essa, não é?- o vi dar um riso abafado e começar a andar lentamente- Na-não, doutor. Nada disso. Sem roupas aqui- o que eu estava dizendo? Amberly, você precisa se controlar!
Ele parou de repente, surpreso com minha reação, mas quase tão bêbado quanto eu, que simplesmente deu um sorriso travesso e começou a desabotoar sua camisa.
  Eu o observei vindo até mim, só de cueca box Calvin Klein, arregalei um pouco os olhos e me virei para encarar a noite escura, esperando ele se juntar a mim.
  - Sabe, doutor- eu falei quando ele já estava ao meu lado- Essa aposta foi a melhor coisa que fizemos- minha cabeça rodava e eu não conseguia controlar as palavras que saiam de manhã boca.
  Ele sorriu torto.
  - E porque?
  Dei de ombros.
  - Bom, se não fosse por isso, qual seria a chance de estarmos juntos aqui? Ou qual seria a chance de estar acontecendo tudo isso entre a gente? Apesar de ser apenas um jogo- não sei se ficava triste ou aliviada com essa ultima frase, que mexeu um pouco comigo, mas devia ser só o efeito da bebida- Você não é tão ruim quanto eu pensava.
  Jeremy me encarou, através das luzes led vermelhas da jacuzzi, por mais tempo do que eu desejava e o que mais me irritava é que eu não sabia o que estava passando em sua cabeça.
  - Tem razão, essa aposta foi a melhor coisa que já fizemos- e então, ficamos nos encarando de novo, lado a lado, até que me aproximei para beija-lo. Jeremy segurou minha cintura e me colocou mais perto dele, quando eu fui ver, já estava em seu colo. Ele dava beijos em meu pescoço até chegar ao meu peito e dar uma leve mordida, mordi meu lábio, arrepiada.
  - O que você ainda está fazendo com isso?- coloquei a mão em sua cueca.
  - Tão apressada, baby- ele sorriu e eu mordi seu lábio, enquanto ele dava um jeito de tirar sua box Calvin Klein e jogava para fora da banheira.
  Nessa hora, a única coisa que eu queria era tê-lo por completo, sem me importar se alguém fosse nos ouvir ou ver o que estávamos fazendo. Eu queria ele para mim nesse momento.

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