Haviam se passado cinco dias desde eu tinha saído com Jeremy e não o tinha visto mais desde então. Não que eu estivesse esperando que ele me procurasse ou coisas do tipo. Quer dizer, eu havia dado um fora nele, mas uma parte de mim, mesmo que fosse pequena, queria que ele me mandasse mensagem nem que fosse para questionar o porque de eu ter negado ele.
Liguei a televisão e estava passando Grey's Anatomy. De novo essa série de médicos. Respirei fundo e me aconcheguei no sofá da sala e resolvi assistir ao episódio que passava. Minutos se passaram até que alguém tocou a campainha. Levei um susto, já se passava da meia noite e eu não esperava por ninguém.
Me levantei e fui até a porta. Quando abri, me deparei com Jeremy, com o braço apoiado na soleira da porta e um leve sorriso no rosto. Fiquei totalmente supresa com essa cena e tão nervosa que não sabia nem o que falar, só fiquei encarando seus olhos até me recompor. Pq ele estaria vindo ao meu apartamento essa hora da noite?
- O que você quer?- segurei forte a porta. Não ousava mexer um músculo. Eu não conseguia mais pensar, havia perdido essa habilidade quando abri a porta e me deparei com ele, o meu coração estava tão acelerado que parecia que eu estava prestes a entrar em colapso. O que estava acontecendo comigo?
Ele havia resolvido aparecer? Depois da meia noite?
- Posso entrar?- respirei fundo e sem dizer uma palavra, liberei a passagem e fui até o sofá- Eu fiquei preso no hospital por esses dias, não consegui te procurar.
Ele podia estar mentindo, claro. Mas aí me lembrei que não o via mais nem no elevador e nem na cafeteria que sempre íamos perto de nosso prédio. Ele também podia estar falando sério. Afinal, porque viria me dar satisfação se ele não se importasse? Ou porque ele inventaria uma mentira se ele não me devia nenhum tipo de satisfação?
Respirei fundo.
- E porque você está explicando isso para mim?
Jeremy estava sentado no braço do sofá preto.
- Não sei- ele balançou os ombros- Só achei que devesse.
Eu dei um leve sorriso, voltando a me acalmar.
- Você não devia estar descansando?
- Consegui o dia de folga amanhã- e prestou atenção na seria que passava na televisão. O clima entre nós estava tão calmo, tão aconchegante que não tinha como não me sentir confortável com a sua presença- Vejo que você tem muito interesse por médicos.
- Você nem faz ideia- revirei os olhos.
Ele deu um sorriso e seus olhos brilharam. Nós voltamos por uma parte onde vários médicos corriam desesperados para uma sala cirúrgica, com uma pessoa totalmente desacordada na maca.
- É sempre assim?- me virei para ele.
Ele assentiu com a cabeça.
- Às vezes é pior. Mexer com vidas não é assim tão fácil quanto parece.
Dei um sorriso. Ele parecia tão descontraído, tão seguro de si que nem parecia que quando colocava um jaleco se importava mais com a vida de outras pessoas do que com a própria.
- O que foi?- ele levantou a sobrancelha, percebendo a expressão boba em meu rosto.
- Quando foi que você decidiu ser médico?
- Eu sempre me interessei por anatomia, logo, era nisso que eu queria me aprofundar e com meu pai sendo médico, tudo ficou mais fácil, porque eu já conhecia a rotina.
- Dedicando anos inteiramente à estudar?- me aproximei mais dele, que ainda estava sentado no braço do sofá- Sem bares, baladas e garotas?
Ele estreitou os olhos.
- Sim... Às vezes eu conseguia um pouco de folga e dava para fazer todo o resto.
Fiquei em silêncio por um tempo.
- Você sempre foi assim?
Jeremy franziu a sobrancelha, não entendendo minha pergunta.
- Assim como?
- Mulherengo.
Ele deu risada, se inclinando levemente para trás.
- Porque você acha que sou um mulherengo?
- Qual é, Jeremy. Eu já te vi entrando no elevador varias vezes com mulheres diferentes- o fitei. Ele nem se sentia envergonhado- Você tem ideia de quantas mulheres já levou pra cama?
Ele respirou fundo, pensativo, e logo balançou a cabeça.
- Não.
Eu não conseguia entender. Ele era sádico? Tinha fobia de relacionamentos? Traumas do passado?
- Sabe o nome delas pelo menos?- franzi a testa.
- O que? Amberly, eu mal lembro o que fiz semana passada. Devo lembrar o nome de algumas, mas nada que eu tenha que recordar- revirei os olhos. Tão insensível- E você?
- Eu o que?
- Com quantos já foi pra cama?
- Três- resolvi ir direto ao ponto. Ele me olhou como se dissesse "está vendo? Você não é tão ruim assim"- Todos foram meus namorados- o encarei, nervosa.
- Então você já namorou três vezes?- ele me lançou um olhar surpreso. Era ele quem transava com mais de dez mulheres por mês e era eu quem estava me sentindo uma vadia- Eu nunca namorei, me conte como é.
Ele estava zombando de mim? Havia divertimento em seu rosto.
- Nunca namorou por opção sua. Certeza que algumas mulheres dariam tudo para ter um relacionamento com você.
- Ah, dariam?- ele se inclinou para mim. Corei com a minha última frase, meu corpo queimava. As palavras saíram antes que eu pudesse controlá-las.
- As outras- o empurrei para ele se afastar- Você nunca nem se interessou por alguém a ponto de ligar no dia seguinte, marcar outro encontro ou coisas do tipo?
Ele deu de ombros.
- Não, não peço o telefone de ninguém.
- E por que não?- e ele ainda me perguntava porque eu achava que ele era um mulherengo.
- Eu não quero que elas criem uma falsa expectativa de que algo possa acontecer entre nós- bom, vendo por esse lado, pelo menos ele não iludia ninguém.
Olhei fundo em seus olhos.
- Porque você veio aqui?
Ele me encarou por alguns segundos que pareceram uma eternidade antes de me responder.
- Queria te ver- e então, ele se inclinou para mais perto, Grey's Anatomy passando na televisão era só um detalhe, eu nem prestava atenção no que estava acontecendo na série- Eu não sei porque, Amberly, você não sai da minha cabeça. E isso está me deixando louco. Passei esses dias todos preso no hospital e me lembrando do seu sorriso.
Meu corpo todo esquentou, abri minha boca pensando no que dizer, mas eu só conseguia encara-lo, sem uma resposta plausível ao que eu havia acabado de escutar.
Meu coração voltou a martelar no meu peito. Jeremy olhava fundo em meus olhos e havia falado de uma forma tão natural que não sentiu nenhum peso em suas palavras.
- Bom, eu vou deixar você descansar. Até amanhã, baby- ele se levantou e deu um beijo em minha testa, fazendo meu corpo ficar quente com o toque de seus lábios em minha pele, logo em seguida.
- Até amanhã, doutor- foi tudo o que consegui dizer. E fiquei parada olhando a televisão e não prestando atenção em nada, com suas palavras ecoando em minha cabeça.
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Eu acho que amo você
RomantiekAmberly é totalmente determinada e focada em conseguir o que quer. Jeremy não é muito diferente e, se tratando de mulheres, ele sempre consegue quem ele quer. Amberly não quer ser só mais uma. E Jeremy, um doutor mulherengo e sem vontade nenhuma de...