COISAS RUINS
—Mas e você? — Roman me pergunta.
—Eu?
—Sim, você... — olho para ele que me lança um lindo sorriso e então volto minha atenção para a estrada. Balanço minha cabeça negativamente —Então você não é de falar muito — insiste.
— Não há o que falar — dou de ombros.
—Uma linda jovem, com um belo corte na testa e sozinha na estrada com um carro que provavelmente não é dela — Roman diz enquanto mexe no porta luvas do carro e encontra uma revista pornô. Roman arqueia uma de suas sobrancelhas enquanto espera uma resposta minha, mas eu escolho não dizer nada —Tudo bem, já que você não quer me dar nenhuma pista, serei obrigado a preencher as lacunas sozinho — ele continua em um tom divertido —Uma briga feia com o namorado e agora você está indo em direção ao por do sol com o carro dele — rio da suposição errônea e então desabafar me parece uma boa ideia.
—Na verdade eu tive uma briga feia, mas não foi com meu namorado, e sim eu roubei o carro dele — digo e dou de ombros.
—Quer dizer que você é perigosa? — concordo com a cabeça —Preciso tomar cuidado? — ele questiona.
Nós ficamos em silêncio enquanto avançamos na estrada, o ambiente no carro é seguro e reconfortante. Depois de alguns minutos Roman volta a falar, se mostrando incapaz de ficar quieto.
—Mas e seus pais? — Roman insiste na conversa que não quero manter, olho para ele com um olhar pouco amigável —É que seus olhos devem ter vindo de um deles...
A menção a meus olhos me faz pensar se eles eram realmente tão incomuns assim, olho para o retrovisor para observar meu reflexo e junto a ele meus olhos: um castanho e outro verde.
—Minha mãe — digo —Eles vieram da minha mãe, ela tinha olhos exatamente iguais aos meus.
—Você devia ligar pra ela — Roman sugere —E seu pai? Ele deve estar preocupado — nego com a cabeça.
—Não sabia que você era um entrevistador — solto sarcasticamente de forma ríspida —Minha mãe ta morta, não sei exatamente onde meu pai está e falar com minha irmã não é uma opção agora... — despejo as palavras com ignorância sobre ele.
Roman permanece sério —Sua família não é das melhores. Então... Você não tem ninguém? Quero dizer, ninguém pra quem voltar? — ele volta a me perguntar.
Sinto um certo incomodo em minha nuca e então levo minha mão para acariciar o local.
—Sim, eu tenho — todo o mau humor é esquecido e então um sorriso bobo surge em meus lábios a medida que lembro de minha irmã —Libie.
—Libie? — Roman repete. Balanço minha cabeça positivamente.
—Minha irmãzinha — digo vagamente.
—Nome incomum — ele diz lentamente enquanto pega seu celular para checar suas mensagens e responde-las rapidamente —Eu não quis dizer incomum do tipo feio, apenas diferente — Roman acrescenta.
Eu sorrio quando ouço sua explicação desajeitada e observo seus movimentos ritmados. Roman parecia um cara despreocupado e divertido, desses tipos que sempre estão rodeados de amigos no bar contando histórias. Minha mente vaga durante nosso tempo dentro do carro nessa última hora e nossa conversa, de repente me dou conta de que não sei muito sobre ele... Na verdade eu não sabia nada além de seu nome e a direção em que ele estava indo.
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STOCOLMO
RomanceApós a morte precoce de sua mãe e o abandono de seu pai, Olivia se vê perdida em meio ao caos. Uma decisão tomada muda toda a sua vida, e então ela se vê presa ao cruel e terrível Eric, que não medirá esforços para conseguir o que tanto quer... A d...