STOCOLMO

CAPÍTULO22

V&V

Eu nunca pensei sobre a morte, mas ver uma arma bem diante dos meus olhos fez com que eu me sentisse frágil como eu nunca havia me sentido antes. Eric parecia uma pessoa diferente agora, ele se parece com alguém perigoso e ameaçador, ele se parece com o Bill, e isso me assusta.

O tempo parece desacelerar e os segundos se tornam intermináveis. Quando Eric sai do carro, vejo ele colocar a arma em sua cintura, para em seguida cobri-la com a blusa. Ele anda na direção do carro sem demonstrar de forma nenhuma seus sentimentos, enquanto eu, estou a beira de um colapso.

Minha boca fica seca e meu coração parece poder parar a qualquer momento quando vejo os homens abrirem espaço para que uma das portas traseiras do carro seja aberta, um novo rosto surge, não consigo enxergar direito por causa da distância e da forma como Eric se coloca imediatamente à frente dele.

Mesmo que eu não consiga ouvir, sei que a conversa não é amigável. Os ombros de Eric se mantém tensos enquanto ele usa toda sua postura para comunicar silenciosamente que ele é alguém com quem alguém iria querer problemas.

Já estava tarde e o tráfego era quase nenhum. Os poucos carros que passavam por nós, buzinavam enquanto lançavam xingamentos e aceleravam para desviar de nossa pequena cena. Isso estava demorando demais, Eric se vira para olhar para mim e depois eu o vejo balançar sua cabeça de forma positiva. Quando ele se move para a esquerda eu posso ver as longas pernas esguias que surgem para fora do carro.

A mulher se levanta de seu lugar, tão alta que quase chegava a alcançar a altura de Eric. Os saltos altos vieram em minha direção e antes que ela estivesse perto eu já conseguia imaginar o som de seus passos.
A medida que ela vem em minha direção sendo seguida por Eric, a fenda em seu vestido longo corta o tecido até quase alcançar a altura de suas coxas e o cabelo preto brilhante extremamente liso, vai até a cintura quase se misturando com o preto do vestido.

Em suas mãos descansa uma caixa de cor branca, com um laço no topo.

Quando ela chega até mim, para ao lado de minha porta e bate em meu vidro com uma de suas unhas pontudas. Respiro fundo antes de pressionar o pequeno botão lateral para descer o material transparente que nos separa.

Quando olho em seus olhos ela sorri.

—Olívia... — a mulher diz gentilmente, mas não havia nada de gentil em seu olhar, na verdade ela parece irritada como se houvessem centenas de outros lugares em que ela preferia estar, como se tudo aquilo fosse um jogo.

Eric está do outro lado do carro, parado de pé enquanto permanece em silêncio.

—Desculpe toda essa cena, as vezes eu tendo a ser um pouco dramática — ela continua a sorrir —Eu queria conhecer você, já que, muito rudemente, não fui convidada para sua festa de noivado...

—Sinto muito, a festa foi só pra amigos... — devolvo, sem conseguir controlar minha aversão a aquela cobra.

A mulher morde seu lábio inferior para em seguida lambê-lo.

—Entendo, mas de qualquer forma... — ela levanta suas mãos e empurra a caixa pela janela, jogando o presente em meu colo —Eu e meu irmão queríamos dar nossas felicitações, parabéns pelo noivado Olívia. É bom ver que o Eric finalmente está abrindo o coração depois do que aconteceu com a Eleanor — ela zomba. Seu sotaque forte aparecendo em meio ao escárnio.

—Já chega. Nós agradecemos o presente — Eric diz visivelmente alterado.

—Espero que façam uma boa viagem, manda um beijo meu para o Billy, estou morrendo de saudades — ela termina, desta vez se dirigindo apenas a Eric e me lança mais um olhar antes de sair rebolando de volta para o carro em que veio.