CAPÍTULO23

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O LEÃO E A OVELHA

Todos ainda estávamos ali, parados no meio da sala de estar. E o silêncio que se espalhou entre nós era desconfortável, tenso e quase palpável. Eu nunca havia visto aquele olhar estampado na face de Bill antes, a raiva que transparecia nele era pura e borbulhante.

Eu me contorci por dentro, com medo. Mais medo do que jamais senti, era como se ele pudesse me matar se continuasse a me olhar por mais alguns segundos. E então ele riu, mascarando seus sentimentos com uma gargalhada alta, firme e falsa.

—Sua mulher? — Bill pergunta, desviando sua atenção de mim para foca-la em Eric.

Eu quero protegê-lo, levantar minha voz e falar por ele. Quero retribuir o que ele fez por mim. Eric me reivindicou e eu quero fazer o mesmo, mas sei que não tenho voz aqui e que se eu tentar posso piorar ainda mais a situação.

—Você me ouviu Bill, não vou repetir.

Eric dá um passo à frente e eles olham nos olhos. Bill sacode seu braço que ainda está suspenso no ar sendo segurado firmemente por seu irmão mais novo e se desvencilha, indo a passos lentos em na direção oposta. Nós o seguimos em silêncio quase que subconscientemente, eu observei do meu lugar atrás de Eric quando Bill se aproximou do bar e começou a preparar um drink.

—Ótimo e o que você quer fazer então... irmãozinho? Brincar de casinha ao invés de resolver nossos problemas? — o sarcasmo na voz de Bill me faz fechar meus olhos, me lembro do quão pouco eu sei sobre eles. Eu observei em silêncio enquanto ele se sentou em um dos sofás, olhando para Eric com uma expressão cínica.

O clima estava pesado e eu sabia que se uma briga estourasse entre os dois, eu podia acabar viúva antes mesmo do meu casamento.

—Eric... — chamei, tocando suavemente o braço do homem que tinha acabado de me defender. Ainda parecia um pouco surreal, já que eu não esperava que Eric tomasse esse tipo de atitude. Não contra o irmão dele.

Os olhos azuis brilhantes de Eric estavam dilatados e quando toquei sua mão, pude sentir o suor frio e o leve tremor nelas. Bill inclinou sua cabeça para observar melhor a cena, ele não deixaria essa passar assim tão fácil.

—Oh, Olívia... — o tom de Bill é cheio de falsa compaixão e preocupação, ele da um longo gole antes de voltar a falar —Não vai me dizer que você também tá apaixonada? — perguntou enquanto se levantava —Quer dizer, o Eric eu entendendo, meu irmão sempre foi mole pra essas coisas... pra muitas coisas na verdade.

—Não fala com ela! — Eric comanda com um tom baixo e calmo, o que vai totalmente contra sua linguagem corporal.

E pra minha surpresa Miranda cruzou o caminho e ficou entre os dois.

—Isso não vai levar a lugar nenhum, nós precisamos nos sentar e conversar... — ela diz. Bill a lança um olhar ameaçador que a faz recuar.

—Eu concordo — ele responde se levantando para andar ao redor da mesa de centro —Você está certa minha adorável esposa, nós precisamos nos sentar e conversar e resolver esse assunto em família — Bill se vira para Eric, um grande sorriso em seus lábios —Por isso vocês não vão participar, porque pets não são realmente da família.

Eu sinto os músculos de Eric ficarem tensos debaixo de meus dedos, ele se afasta de mim, caminhando para o centro da sala, caminhando para perto de Bill.

Meu sangue gela e eu tento me preparar mentalmente para o pior, olho ao redor contando as saídas e observando os objetos que poderia usar para me defender.

—Nada disso é real Olívia — a voz de Bill me distrai da minha tarefa anterior, fazendo com que minha atenção se volte para ele —Toda essa urgência, você, o Eric, eu... — ele pausa —Essa casa, essa vida. Nada aqui é real pra você!

Bill da outro gole, se divertindo com a situação.

—Você pode se casar com o meu irmão, pode fuder com ele. Mas no final tudo não passa de um sonho... você vai embora. Você vai ser esquecida. Você está aqui pra ser usada e nada mais.

As palavras de Bill reviram meu estômago, fazem lagrimas emergirem de meus olhos e me cortam fundo. Porque o que ele estava dizendo era o mais perto da verdade que havia e o que eu sinto a seguir quase me mata, é como uma pequena faísca que se acende para se transformar num incêndio dentro de mim. Eu fico sem ar, quando percebo que embora tudo ao meu redor seja falso, o que eu sinto por Eric é real.

E através da minha visão turva e embaçada pelas lágrimas eu vejo quando Eric se lança sobre seu irmão mais velho, acertando um soco em seu rosto e os dois caem sobre o sofá e depois no chão.

Me sinto atordoada e o barulho do vidro da mesa de centro se partindo enche meus ouvidos. Enxugo as lágrimas com as costas das mãos e corro, porque sinto a estranha necessidade de proteger Eric crescer em meu estômago.

—Eric para! — eu grito em pânico.

Os socos são lançados no ar apenas para ganhar mais força e velocidade antes de atingir o alvo, eu vejo sangue. Miranda corre em direção a porta de entrada e chama os seguranças que estavam no pátio. Dois homens grandes vão em direção a eles, tentando separar a confusão de pernas e braços que haviam se tornado.

Quando o homem vestido com um terno escuro toca o ombro de Eric ele se vira e ataca, derrubando o segurança sobre os estilhaços da mesa, a mesma coisa acontece com a próxima pessoa que se aproxima, Eric o segura pelos ombros e o soca no estômago, o homem cai de joelhos e em seguida é atingido por um chute no peito.

Ele derruba cada um dos homens que se aproximam dele. E sem pensar eu corro para pará-lo. Porquê o homem coberto de sangue e olhar sombrio não podia ser ele, eu tinha que pará-lo porquê a explosão de violência e corpos no chão estava me assustando.

Ele tinha que parar, preciso que pare. Os sons de ossos de partindo e gemidos de dor e golpes enchem meus ouvidos. Eu grita o nome dele mas é como se Eric não pudesse me ouvir. Quando estou perto o suficiente agarro seu braço, o puxando para mim, na falha tentativa de acalma-lo. Quando Eric se vira, ele se movimenta em alta velocidade, atingindo meu rosto com seu braço tão forte que me lança na direção oposta. Em seguida é tudo silêncio.

A dor faz minha visão ficar turva, meu corpo todo treme. Quando olho para Eric a expressão furiosa e horrenda já não está mais estampada em seu rosto bonito, ele me olha confuso e em seguida vejo remorço em seus olhos.

—Olívia... — ele chama quando se abaixa e estende sua mão para me tocar, eu recuo, com medo de que ele me machuque.

Eric então olha para suas mãos e ao seu redor, parecendo finalmente se dar conta do que havia acontecido.

—Clássico! O leão e a ovelha — Bill gargalha abraçando seu próprio tronco e cospe sangue enquanto se levanta —Decepcionada Olívia? Parece que ele não é assim tão diferente de mim afinal.

Eu me afasto lentamente, juntando meus pedaços e corro em direção das escadas, preciso sair daqui. Meu coração falha quando ouço os passos de Eric subindo atrás de mim.

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O capítulo de hoje foi bem curtinho, me perdoem meus amores!
Ando muito sem tempo, mas prometo
que caps maiores virão!

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