CAPÍTULO9

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UM DRINK OU DOIS

O jantar passa lentamente diante de meus olhos, e é como um borrão. Eu ouço a conversa ao fundo mas não compreendo o que está sento dito, vejo as pessoas ao meu redor, porém, não exergo seus rostos... não realmente.

Mas é entre o prato principal e a sobremesa, que sou arrancada de minha bolha.

—Você conta? Ou eu conto? — Eric me questiona com um sorriso em seus lábios, um sorriso que não chega nem perto de alcançar seus olhos.

Desvio o olhar, me forço a sorrir, faço o meu melhor para parecer doce enquanto prendo uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Olho para ele através de meus cílios, Eric está sentado bem a minha frente.

—Vá enfrente — dou sua deixa, ele mentem seus olhos nos meus.

E mais uma vez ele sorri, atraindo facilmente toda a atenção do ambiente para si mesmo — graças a Deus, penso. Estou segura, pelo menos por enquanto.

—Bom, um dia eu resolvi sair para caminhar, dar uma volta no centro da cidade, espairecer — Eric começa, bebendo lentamente de seu copo durante uma pausa, me pergunto se é a sétima ou oitava dose que ele toma. Seus olhos estão começando a parecer desfocados —Eu andei sem rumo, até que vi uma pequena lanchonete — o sorriso a seguir é quase real, ele levanta seu copo e da um gole olhando em minha direção —Uma dessas lanchonetes familiares, com letreiro neon, mesas de madeira escura e chão de ladrilhos... me fez lembrar de quando era moleque — outro gole, e mais um em seguida —Eu entrei e me sentei na mesa perto da janela, e quando olhei pro lado eu vi um anjo — ele diz e as pessoas ao redor cochicham felicitações.

Eric enche seu copo com outra dose.

—E foi isso? — alguém pergunta, não me importo em olhar para ver de onde veio a questão, afinal, todos ali eram desconhecidos.

—Pra mim foi, mas pra ela... — Eric faz uma careta que arranca risadinhas por toda a mesa —Ela me vez voltar... foram quantas vezes? Seis ou sete? — ele me pergunta.

—Umas dez — digo entre sorrisos, ouvimos mais risadas.

—Extraordinário, a bela Olívia acordou para servir mesas um dia e se deparou com um bilhete dourado — todos ficam em silêncio quando a piada maldosa é lançada.

Levanto minha cabeça e mantenho o olhar da mulher, sorrio. Ela me olha desafiadora, esperando para ver até onde eu iria.

—Não, na verdade, eu sou o bilhete dourado — digo tranquila, com confiança.

Eric estende seu braço sobre a mesa e abre sua mão, faço o mesmo e então coloco minha mão sobre a sua.

O clima parece um pouco menos pesado, me concentro no calor da mão dele, Eric desfaz nosso contato enquanto os pratos são retirados.

Quando o jantar termina volto a me sentir deslocada, Bill mantém Miranda sob seu alcance e isso faz com que ela não possa vir até mim. Foco em me manter ao lado de Eric, sorrindo ocasionalmente enquanto tento passar despercebida.

Deixo minha taça sobre a mesa e caminho em direção a cozinha, meu estômago se revira e de repente me sinto tonta. Me seguro no balcão assim que passo pela porta.

STOCOLMOOnde histórias criam vida. Descubra agora